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21 de maio de 2024
terça-feira, 21 de maio de 2024

Cristãos e as eleições #5: um clamor por integridade e justiça

Integridade com Justiça: O Clamor de uma nação, por Filipe Fernandes*

Cristãos e as eleições #5: um clamor por integridade e justiçaOs princípios e valores nas Sagradas Escrituras devem ser levados em consideração por todos ao escolherem os representantes nas urnas. Um dos princípios que desempenha um ensino central durante toda a Bíblia é o princípio da Integridade com Justiça, que ressoa com um eco veterotestamentário e que chega até o presente como mandamento de entonação firme para a vida do povo de Deus no Novo Testamento.

Dessa forma, precisamos refletir que um líder político (podemos aplicar a qualquer tipo de liderança) é aquele que busca promover a equidade, proteger os vulneráveis e administrar com integridade a vida do povo. Por isso, é preciso compreender, ao se dirigir às urnas, que existe um papel essencial a ser desempenhado para que alcancemos uma sociedade mais justa e compassiva, saudável e harmoniosa. E isso passa pelo crivo de escolha de representantes que estão inseridos nas realidades e vivências da sociedade.

Encontramos na Bíblia algumas passagens que nos direcionam e nos ajudam a compreender de forma mais concreta uma visão de bem estar – uma realidade que, muitas vezes, não existe, mas que desperta nos corações a esperança.

Isaías 1.17: “Aprendam a fazer o bem; busquem a justiça, repreendam o opressor; garantam o direito dos órfãos, defendam a causa das viúvas”.

Provérbios 29.4: “O rei que exerce a justiça dá estabilidade ao país, mas o que gosta de subornos o leva à ruína”.

Dessa forma, é necessário que sejam levadas em conta as complexidades que envolvem as naturezas humana e política, com a finalidade dos governantes exercerem com moderação e humanidade seus mandatos, promovendo o bem-estar comum.

integridade e justiça
Champlin afirma que um governante ganancioso pode desestruturar totalmente uma nação e lavá-la à devastação

Portanto, para que sejam escolhidos representantes políticos é necessário perceber não somente suas plataformas políticas, mas, acima disso, os seus compromissos com a vida social, a equidade e o bem-estar de toda a sociedade.

Orientações e aconselhamentos ao eleitor

Observa-se, em contrapartida, parafraseando Russel Norman Champlin (teólogo americano), que um governante ganancioso pode desestruturar totalmente a vida de uma nação e levá-la à devastação e a desestabilização. Por ocasião, os valores e princípios bíblicos e a perspectiva teológica andam ombreados nessa caminhada, possibilitando viabilizar orientações e aconselhamentos preciosos nesse processo, incentivando os eleitores a buscarem governantes que sejam íntegros, misericordiosos e justos.

Dessa forma, vejamos como exemplo Neemias, um grande líder político e gestor, que não foi imparcial e nem se calou nos momentos quando foram necessárias ações pontuais em prol do bem comum da nação israelita, que estava sendo explorada, padecendo fome e sendo usada como plataforma para enriquecimento.

O relato bíblico no livro de Neemias inicia anunciando que este recebeu uma notícia de Hanani, um dos seus irmãos (israelitas) que o incomodou e o fez tomar uma iniciativa de buscar a face do Senhor. A oração de Neemias que segue no texto bíblico, mostra que os mandamentos de Deus haviam sido abandonados, mais uma vez, pela nação de Israel. Além disso, os pecados não foram confessados, impossibilitando uma mudança genuína no coração deles. Essa situação inicial fez com que Neemias saísse de sua zona de conforto – do palácio do rei da Pérsia – para uma cidade que estava completamente destruída e arrasada, com a finalidade de reerguê-la.

No capítulo 5, Neemias lida não com um problema externo (Sambalate e os seus acusadores), mas interno, consequências oriundas do pecado. As dificuldades não são diferentes dos nossos dias. O povo de Israel estava padecendo: Fome (Neemias 5.1-2); Endividamento (Neemias 5.3); Impostos (Neemias 5.4); Exploração (Neemias 5.5).

Entretanto, Neemias não ficou à parte do clamor do povo (Neemias 5.6), o que nos leva a uma pergunta: será que, aqueles que hoje estão em posições de representantes do povo estão cientes e participantes das necessidades do povo? Será que aqueles que estão almejando ingressar na vida política estão inseridos na realidade do povo e trazem propostas que sejam visíveis e possíveis de serem realizadas?

Como o representante político deve agir

Neemias teve compaixão e misericórdia que fez com que ele agisse com integridade e justiça. Quem estava no governo demonstrou: soberba, orgulho, ganância, usura e falta de amor ao próximo (Neemias 5.7-8); Falta de temor ao Senhor (Neemias 5.9).

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Filipe Fernandes é pastor batista e teólogo

Neemias nos mostra como um representante político deve ser e agir ao: não se conformar com a situação social (Neemias 5.6); agir com Integridade e justiça (Neemias 5.7-8); Servir ao povo e não se aproveitar dele (Neemias 5.10); munir o povo com ferramentas para saírem da situação em que estavam (Restituição) – (Neemias 5.11-12); ser temente a Deus (5.9,15).

Por isso, o exemplo de Neemias que: não se aproveitou de benefícios que não eram necessários (Neemias 5.14); agiu de forma justa, não explorando e nem tirando riquezas e bens que não lhe pertenciam, oprimindo o povo (Neemias 5.15).

Então, no momento que chegarmos às urnas para elegermos aqueles que irão nos representar como políticos, possamos levar em consideração o que nos mostra o texto de Neemias 5.15: “Mas eu não fiz assim, por causa do temor ao Senhor.”

Implicações do Evangelho na política

O Evangelho é espiritual (reconciliar o homem pecador com Deus, por meio do sacrifício de Jesus Cristo). Porém, ele muda a nossa percepção e a forma como enxergamos as realidades ao nosso redor. Portanto, a exemplo de Neemias, precisamos buscar eleger aqueles que são chamados por Deus, para serem representantes políticos. E termos em mente que questões como fome e pobreza irão existir independentemente do local e do tempo, pois é decorrente do pecado; todavia são pautas que precisam estar em meios de debates para diminuir suas ocorrências.

Agora, o que podemos fazer para minimizar a fome e a pobreza, bem como seus impactos na sociedade? Como podemos viabilizar meios pelos quais os sujeitos tenham condições de acesso a a recursos financeiros?

Os cristãos devem estar inseridos no meio político. A ideia que foi construída ao longo de tempos onde a falácia de política e religião não se mistura é diabólica. Phillip Kayser (Cristãos de volta à política) traz essa construção para a vida dos cristãos mostrando a importância de estarmos envolvidos com questões políticas e não com a politicagem.

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“Só os tolos acreditam que política e religião não se discutem. Por isso os ladrões continuam no poder e os falsos profetas continuam a pregar” (Charles Spurgeon)

Corroborando com este pensando, Paul Freston (Religião e política se misturam; igreja e estado, não. Pág. 9) menciona sobre a aliança entre as ideias que as pessoas carregam vinculados com seu posicionamento político:

“A política não deve ser meio de fortalecer uma religião em detrimento de outros, mas dizer que a religião em si nada tem a ver com a conduta política é lógica e historicamente falsa”.

Inconformismo com o cenário político

Não podemos retirar Deus da esfera política. Isso seria ir contra os princípios e valores cristãos, pois, como esqueceremos de José, Daniel, Ester, Hananias, Misael, Azarias, Neemias, José de Arimatéia… que em tempos tenebrosos foram levantados e usados por Deus para abençoar a vida de nações por conta de seu compromisso com o Deus Eterno e sua inconformidade com os cenários políticos da época – que, vale a pena mencionar, eram regidos pela idolatria e todo tipo de comportamento e ação que denigre a imagem do ser humano.

Outrossim, Charles Haddon Spurgeon, conhecido mundialmente como príncipe dos pregadores, disse: “Só os tolos acreditam que política e religião não se discutem. Por isso os ladrões continuam no poder e os falsos profetas continuam a pregar”.

Diga-se de passagem que devemos lembrar que somente é possível se ter liberdade de expressão consciente hoje, porque um dia a política e a religião caminharam numa mesma intenção. Os precursores desta liberdade de expressão consciente, os Batistas, que foram participantes do processo de emancipação e construção política dos Estados Unidos, e que alcançou o Brasil, são exemplos de que é possível ser cristão e potencializar uma nação a ser diferente através da política.

*Filipe Fernandes é Pastor Batista, Teólogo, Executivo da Associação das Igrejas Batistas de Cariacica e Santa Leopoldina

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