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“Engenhoca”, contrainteligência e carisma fizeram “Marujo” conseguir se esconder

Para conseguir se esconder da polícia, Fernando Moraes Pereira Pimenta, o “Marujo”, construiu, dentro da casa do pai, um tipo de bunker. Lá ele ficava quando aconteciam operações da Polícia Civil. Mas não foi só isso que o fez conseguir fugir por tanto tempo.

O superintendente de Polícia Especializada (SPE), delegado Romualdo Gianordoli, diz que o Centro de Inteligência e Análise Telemática (CIAT) monitorou “Marujo” por quatro meses, desde outubro de 2023.

Naquela época, “Marujo”, chefe do Primeiro Comando de Vitória (PCV), se escondia no Complexo da Penha, Rio de Janeiro. No entanto, precisou vir pessoalmente ao Espírito Santo gerenciar uma guerra que ele deu início contra os rivais do Terceiro Comando Puro (TCP), chefiado por Luan Gomes Faria, o “Luan Vera” ou “Kamu”, também preso.

Todas as últimas grandes operações da Polícia Civil do Espírito Santo (PCES) entre elas a “Caim” e a “Sicário” foram feitas pra prender “Marujo”. Mesmo assim ele conseguia se esconder, porque, de acordo com o delegado, usava da contrainteligência porque as informações sobre seu paradeiro eram incertas. Até mesmo no Rio Janeiro, já que a informação era de que ele estava na Favela da Maré, e não no Complexo da Penha.

“Nós não tínhamos realmente informações. As denúncias anônimas eram com pouco fundamento. Era muita contrainteligência. Um dizia que ele estava aqui, outro no Rio de Janeiro. Até que nós conseguimos focar no monitoramento. Eu disse que, após prendermos o ‘Luan Vera’, tínhamos que focar no ‘Marujo’. Mesmo sem conseguir, jogamos com tudo. Muitas vezes você tem que fazer as operações porque os crimes estão acontecendo e não pode focar em um criminoso. Então, eu disse para focarmos e foi o que fizemos. Estamos há quase quatro meses quase que exclusivamente nisso (prisão) com os analistas do Ciat”, explicou.

Nesse monitoramento, a Polícia Civil descobriu que “Marujo” quase não dormia. Quando isso acontecia, era duas ou três horas apenas, e em horários em que não acontecem operações, por volta de 8h. A grande articulação para prendê-lo foi programada para esse horário. “Ele não dormia para evitar operações da polícia. Tinha essa particularidade”, afirmou o delegado.

Outro ponto destacado pelo delegado é o carisma de “Marujo”. Gianardoli chegou a compará-lo com o narcotraficante Pablo Escobar. “Ele tinha muita guarita na comunidade dele. Ele é aquele líder parecido com Pablo Escobar, que distribuía dinheiro, remédios, vimos isso hoje”, comentou.

Além de carismático, o delegado diz que Fernando Moraes é muito articulado e inteligente. E foi assim que ele construiu uma verdadeira “engenhoca”, que servia de esconderijo, na casa do pai. É ele, o pai, quem aparece, em vídeo, quebrando esse espaço. “Dissemos ‘é seu pai. Se você fizer alguma coisa, vai matar ele'”, disse Gianordoli.

A casa tinha quatro andares e no último era onde o chefe do tráfico ficava. Funcionava assim: em um quarto ficavam dois fios soltos. Esses fios, unidos, abriam uma porta, que dava para o esconderijo.

"Engenhoca", contrainteligência e carisma fizeram "Marujo" conseguir se esconder
Cilindro de oxigênio usado por “Marujo”. Foto: Thais Rossi/ESHOJE

Lá dentro, “Marujo” ficava usando um grande cilindro de oxigênio, pra conseguir respirar. “Sempre que tinham operações ele se escondia nesse bunker”, disse o delegado, tentando explicar o que era o local.

Para além desse bunker, “Marujo” fez um tipo de túnel para conseguir fugir, caso fosse preciso. Mas dessa vez não deu tempo. Chama a atenção que, mesmo com toda essa estratégia, a casa ficava na Escadaria dos Trabalhadores, local bastante movimentado e conhecido no Bonfim.

De acordo com o delegado, ele não saia da casa. “No máximo ele ia ao São Benedito (bairro vizinho) aos sábados e domingos”, comentou. A polícia conseguiu chegar lá sem ser vista e “Marujo” ainda conseguiu se esconder no bunker, mas não correr. Nem mesmo atirar. Tudo aconteceu sem disparos dele e do lado oposto.

Mesmo assim, ainda foi preciso pensar estratégias para tirar ele do morro, já que estava em área protegida. “Tivemos que ficar com ele na casa por um tempo. A polícia foi hostilizada pelas pessoas, já que ele ajudava muito a comunidade”, disse o delegado.

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