Com a lamentável guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que já entra na sua terceira semana, os olhos de muitos cristãos em todo o mundo tendem a olhar para o conflito como um evento escatológico. Inclusive, alguns líderes defendem essa interpretação de forma veemente, declarando a famosa frase segundo a qual “Israel é o relógio de Deus” no mundo.
Em vídeo divulgado em suas redes sociais, o reverendo Augustus Nicodemus elenca motivos bíblicos pelos quais Israel não pode ser considerado o relógio escatológico de Deus no mundo, e pelos quais a guerra dos israelitas contra o Hamas não é cumprimento de uma profecia específica, mas se encaixa dentro da série de eventos de guerras que haverão de preceder a segunda vinda de Jesus Cristo, segundo declarou o próprio Senhor.
1. A Parábola da Figueira não diz respeito a Israel somente
Em conversa com Nicodemus, o reverendo Leandro Lima levantou a bola da Parábola da Figueira, usada por muitos cristãos para justificar uma atenção maior aos eventos que cercam a nação de Israel, já que a “figueira” seria uma representação simbólica da nação.
O reverendo afirmou que não acredita “de forma nenhuma” que Israel seja o “relógio de Deus” e explicou que essa parábola não diz respeito a Israel somente.
Nicodemus lembrou que o Senhor Jesus deu aos discípulos uma “agenda”, uma série de eventos que apontariam para a certeza e a proximidade de sua chegada, e fez isso no sermão escatológico (Mc 13, Mt 24 e Lc 21).
“São três versões do sermão escatológico em que Jesus responde à pergunta dos discípulos sobre os sinais que haverão da sua vinda e do fim do mundo. Jesus mencionou o surgimento de falsos profetas, mencionou guerras, mencionou fomes, pestes, perseguição contra seus discípulos, mas não fez nenhuma referência à nação de Israel”, disse o reverendo.
Augustus Nicodemus afirmou que a única referência que poderia ter a ver com os judeus no Sermão Escatológico é quando Jesus diz: “Quando, porém, vocês virem Jerusalém sitiada de exércitos, saibam que está próxima a sua devastação” (Lucas 21:20). O pastor explica que neste versículo Jesus faz referência à profecia de Daniel (9.27 – 11.31 – 12.11) acerca do “abominável da desolação” que Mateus (24.15) já teria interpretado em seu Evangelho, “afirmando que tinha relação com a invasão do exército romano”.
“Isso já aconteceu. A invasão foi no ano de 66 e a consumação, com a destruição de Jerusalém e a dispersão do povo judeu foi em 70. Fora isso não tem nenhuma referência ou orientação a que os cristãos fiquem olhando para os acontecimentos referentes aos judeus para discernirem a proximidade da vinda de Cristo ou a próxima etapa da história da redenção na consumação. Não há”.
Por isso o reverendo afirmou não crer que devamos olhar para a guerra entre Israel e o Hamas como indicador de que Deus está em uma nova etapa de sua ação no mundo ou qualquer outro tipo de evento escatológico. “Jesus poderia ter dito. Se fosse, diria no sermão escatológico. Aliás, quando ele termina o sermão ele diz que ‘eis que tudo os predisse’” (Mc 13.23).
2. Papel de Israel na redenção se encerra quando rejeita o Messias
Segundo o reverendo, a nação de Israel não tem mais um papel a representar no plano da redenção, “uma vez que esse papel se encerra quando Israel rejeita o Messias, Jesus Cristo, o entrega à cruz e o próprio Jesus prenuncia que o Reino de Deus seria tirado de entre eles e entregue a um povo que produziria seus respectivos frutos”, fazendo referência à Igreja do Senhor, formada de gente de todos os povos, o atual Israel de Deus.
Augustus Nicodemos disse não crer que a guerra entre Israel e Hamas seja cumprimento de qualquer profecia bíblica específica. “É uma guerra que se encaixa dentro das guerras que Jesus profetizou que haveriam de acontecer. E desde que Jesus falou isso não parou de ter guerra no mundo. Temos também a guerra da Ucrânia, por exemplo”.
3. As guerras (infelizmente) são inevitáveis
O reverendo Augustus Nicodemos declarou que toda a guerra deve ser lamentada. “Devemos chorar pelos mortos e feridos e por todos os que perderam seus entes queridos”, frisa.
Nicodemus declarou que “as guerras são inevitáveis”, segundo as próprias palavras de Jesus Cristo em Marcos 13 e em suas versões correspondentes dos Evangelhos sinóticos.
“’É inevitável que essas coisas aconteçam’, disse Jesus se referindo a rumores de guerras e guerras. Ele quis dizer que as guerras não deixarão de existir, porque servem para mostrar para nós que somos incapazes de resolver nossos problemas, que somos pecadores, somos corrompidos, que toda a nossa diplomacia, nossos esforços não conseguem resolver o problema fundamental por trás de todas as guerras, que é a corrupção do coração humano. Um coração depravado, egoísta, violento, odioso, preconceituoso, que não consegue perdoar, conviver e se relacionar com quem pensa diferente”.
Por fim, o reverendo arrematou: “Não vejo nenhum sentido escatológico ou teológico no que está acontecendo. Oremos pelos judeus, oremos pelos palestinos, oremos por aqueles que estão envolvidos para que Deus use tudo isso para mostrar que nós não somos nada, que somos pecadores, que não conseguimos resolver nossos problemas, e que nós precisamos da solução final de Deus, a vinda de Jesus em glória para fazer justiça, julgar os ímpios, abençoar aqueles que são seus e estabelecer o reinado de paz do Messias Jesus Cristo. Oremos pela paz de Israel e de todas as nações”.
Graça e Paz!
qual o link do vídeo citado ??
Graça e paz, Pedro!
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=k82bVcqy9YQ
Deus abençoe
data venia
Mc 13, Mt 24 e Lc 21 sermões escatológicos. Única (?) referência que poderia ter a ver com os judeus – Lc 21: 20. “Isso já aconteceu. Fora isso não tem nenhuma referência a que os cristãos fiquem olhando para os acontecimentos referentes aos judeus para discernirem a proximidade da vinda de Cristo. Não há”.
Contextualmente, os ouvintes (público) da mensagem eram judeus, logo não faria sentido nenhum se referir a outro grupo.
Guerra Israel x Hamas não é evento escatológico (strictu sensu) ou é no sentido de que Jesus anunciou que haveria guerras e rumores de guerra (as dores de parto).
Israel no plano da redenção: esse papel se encerra quando Israel rejeita o Messias, Jesus Cristo (rejeição prevista, profetizada no AT, porém Israel nunca deixou de ser Israel. Em todas as profecias, como em tudo que Deus faz, há começo, meio e fim, isto é, o povo de Israel peca, vem o juízo de Deus sobre o povo e a restauração da nação), “o entrega à cruz” pode-se resvalar num certo antissemitismo. Por quê? Os judeus O mataram ou O entregaram para ser morto.
O próprio Jesus afirmou quando traído e preso que poderia orar e ter mais de 12 legiões.
A entrega de Cristo na cruz foi voluntária.
AM ISRAEL CHAI