Dólar Em baixa
5,088
21 de maio de 2024
terça-feira, 21 de maio de 2024

Vitória
26ºC

Dólar Em baixa
5,088

Roupas repelentes são eficazes contra a dengue, mas não dispensam outros cuidados

Enquanto o Brasil atinge um número recorde nos casos de dengue, que já causou 1.888 mortes no país só em 2024, marcas nacionais de roupas têm apostado em camisetas com repelentes de insetos para afastar o mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.

A técnica consiste em impregnar o tecido com permetrina, versão sintética de um composto encontrado nas flores de crisântemo capaz de irritar, paralisar e matar o animal ao agir sobre as células nervosas dele.

Absorvida pela roupa por meio de rolos compressores ou do banho do tecido no composto, a substância pode permanecer na peça por até 50 lavagens caseiras, a depender da marca e do cuidado com o item, mas vai perdendo a força nesse intervalo.

Essa tecnologia foi criada em 1973 e aplicada pela primeira vez em larga escala em 1979 pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA). Hoje, a maioria dos tecidos pode receber o inseticida, desde colchões, lençóis, palmilhas e jalecos até produtos de higiene pessoal, diz o coordenador do curso de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia da Universidade Positivo Leonardo Wedderhoff Herrmann.

Aliada no combate à dengue, a técnica integra as medidas de controle de vetores dos EUA desde 1990, sendo aplicada em roupas e em uniformes militares. Em 2016, também foi usada durante os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro para conter a expansão do zika vírus e proteger atletas do patógeno.

De baixa toxicidade e comum em produtos de uso tópico, como xampus anti-piolho e sarnas, a permetrina pode incomodar insetos a uma distância de até 20 centímetros do tecido, diz a líder de pesquisa e desenvolvimento de uma das marcas, Karen Prado. Ainda assim, não substitui repelentes em spray ou creme, reforça a dermatologista, Kátia Scheylla Malta Purim, doutora em Medicina pela UFPR (Universidade Federal do Paraná). Cabeça, pescoço, mãos e pés –áreas não cobertas pela roupa– estão entre as mais suscetíveis ao ataque de insetos e precisam de atenção especial.

Camada de proteção

Além disso, nenhum fabricante pode garantir que todos os mosquitos sejam repelidos pela camiseta, diz o sócio-administrador de outra marca, Marcel Cavilha Juppa. A eficácia da ação repelente nas roupas é de aproximadamente 94%, portanto, elas devem ser tratadas como uma camada extra de proteção, e não a única.

Embora roupas de efeito repelente sejam consideradas seguras e eficazes, é importante conferir o registro de cada marca junto à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que regula repelentes e inseticidas aplicados em objetos e tecidos seguindo a nota técnica 9/2019. A consulta pode ser feita no site da agência.

A permetrina não é a primeira tecnologia aplicada em tecidos para fins sanitários. Outra solução estudada recentemente são os compostos à base de nanopartículas de prata, cobre e zinco, que, além de afetarem mosquitos, também evitam aquecimento e passagem de luz ultravioleta (UV), diz Herrmann. Em São Carlos, no interior paulista, uma empresa focada em nanotecnologia, recebeu apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) para desenvolver roupas que controlam calor e odor enquanto afastam insetos com base nessa ideia.

Para além dos repelentes, a indústria têxtil também investe em tecidos antivirais. Em 2020, durante a pandemia de Covid, algumas marcas ofereceram máscaras de proteção, camisetas, calças, leggings, casacos, vestidos e até capinhas para celular que garantiam a inativação do vírus. Os tecidos prometiam ser capazes de inativar 99,9% dos vírus em dois minutos, usando micropartículas de prata.

A lógica dos produtos antivirais é a mesma das roupas repelentes e com proteção UV. Só o que muda é o composto impregnado na peça e a ação dele, diz a coordenadora do curso de ciências biológicas do Mackenzie, Camila Sacchelli.

A expectativa é que esse mercado siga crescendo e ampliando possibilidades na área da saúde, diz Herrmann. “O investimento tecnológico dos nanomateriais com certeza irá nos surpreender com uma grande variedade de produtos”, avalia.

LIVIA INÁCIO

Você por dentro

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Escolha onde deseja receber nossas notícias em primeira mão e fique por dentro de tudo que está acontecendo!

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Mais Lidas

Notícias Relacionadas