O óbvio que Deus quer usar

15 de março de 2024

Última atualização: 18 de março de 2024

Porque é óbvio, por Lisarb Nascimento*

Que as coisas caem naturalmente em qualquer ponto da Terra dentro do campo gravitacional, sempre foi óbvio para todo ser humano que deixasse escapar, com ou sem intenção, qualquer objeto em uma condição elevada em relação a qualquer superfície. Mas, mesmo sendo óbvio, foi necessário que Isaac Newton submetesse o óbvio à observação crítica para desenvolver o entendimento de que existe um campo gravitacional. Sem isso, ainda hoje estaríamos apenas aceitando o óbvio de que as coisas caem.

Essa inquietação diante do óbvio é uma oportunidade que a maioria das pessoas ignora e, como se pode conceber (por obviedade), quem se acomoda confortavelmente no óbvio pode acabar não questionando, não aprendendo, não descobrindo e não inovando.

As consequências de ignorar os mistérios escondidos no óbvio podem ser a perda da curiosidade (a fonte de todo o progresso científico e cultural), da humildade (a virtude de reconhecer que não sabemos tudo e que podemos estar errados por ignorância ou imperícia) e da criatividade (a capacidade de imaginar novas possibilidades e soluções) – lembrando que a criatividade e a inventividade são atributos herdados de Deus pela Imago Dei.

Logo, ignorar as vocações reflexivas e criativas por consequência da observação e reflexão é como receber a dracma e enterrá-la na terra para devolvê-la ao Senhor quando ele retornar e requerer os dividendos do investimento conforme sua capacidade (paráfrase de Mateus 25:14-30).

A Bíblia requer do salvo obediência e contentamento no cumprimento dos propósitos de Deus. Para ser salvo, é requerido arrependimento dos pecados e abnegação do velho eu pela vivificação do novo eu e santificação como fruto da fé no sacrifício de Jesus e sua ressurreição. Jesus conclui em Mateus 7:20 que “pelos seus frutos os conhecereis” após expor desde o v.15 sobre as características dos verdadeiros e falsos profetas.

Paulo e Tiago reforçam esse entendimento abrangendo a todo salvo que “fomos criados em Cristo Jesus para as boas obras, que Deus preparou de antemão para que andássemos nelas” (Efésios 2:10) e que “a fé sem obras é morta”, e que “pelas obras a fé se aperfeiçoa” (Tiago 2:17-26) respectivamente.

Obviedade da submissão

Até aqui, só obviedades. Mas, então, sendo tão óbvio, por que insistimos em viver como quando éramos escravos do pecado ao invés de viver em novidade de vida? Por que não temos a curiosidade de, em obediência, experimentarmos viver submissos às orientações do Espírito Santo, pela observância da Palavra de Deus? Por que não reconhecemos humildemente a nossa depravação e corrupção natural buscando em Deus a direção para honrá-lo e exaltá-lo? E por que não buscar estreitar a relação com Deus, conhecendo-o pela Revelação e encontrando nele a forma criativa de honrá-lo?

É imperativo lembrar o complemento das palavras de Jesus a respeito de como será a resposta para os falsos profetas em Mateus 7:21-23, onde ele conclui que “nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade” para aqueles que viveram uma vida com aparência de salvação, mas sem a obediência genuína que agrada a Deus.

Então eu novamente provoco o teu exame de consciência, perguntando: eu tenho buscado estar debaixo da vontade de Deus ou sou apenas mais um religioso insípido?

Não se deixe enganar pelo óbvio, mas busque conhecer a Deus de todo o seu coração, mente, alma e força. Ele é o Criador, o Sustentador, o Salvador e o Senhor de todas as coisas. Ele nos revelou o seu amor, a sua graça, a sua justiça e a sua vontade em sua Palavra e em seu Filho. Ele nos deu o seu Espírito, a sua Igreja, a sua promessa e a sua esperança. Ele nos chamou, nos escolheu, nos regenerou, nos justificou, nos adotou, nos santifica e nos glorificará. Ele é digno de toda a nossa adoração, obediência, gratidão e serviço. Ele é o nosso Pai, o nosso Amigo, o nosso Mestre, o nosso Rei e o nosso Deus.

Renovação da mente

Não se conforme com o mundo, mas renove a tua mente pela Palavra de Deus. Não se apegue aos tesouros da terra, mas acumule os tesouros do céu. Não se preocupe com o amanhã, mas confie na providência de Deus. Não se deixe levar pelas paixões da carne, mas ande no Espírito. Não se envergonhe de testemunhar de Cristo, mas seja sal e luz. Não se desvie da verdade, mas guarde a sã doutrina. Não se isole dos irmãos, mas participe da comunhão. Não se esqueça das obras, mas demonstre a sua fé. Não se desanime nas tribulações, mas alegre-se na esperança. Não se afaste de Deus, mas aproxime-se dele com fé e arrependimento.

Ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda a injustiça. Ele é poderoso para nos guardar de tropeçar e nos apresentar irrepreensíveis diante da sua glória. Ele é bom e misericordioso para nos abençoar com toda a sorte de bênçãos espirituais. Ele é soberano e sábio para fazer todas as coisas cooperarem para o nosso bem. Ele é amor e graça para nos dar a vida eterna em seu Filho.

Ele é o nosso Deus, e nós somos o seu povo. Ele nos conhece, e nós o conhecemos. Ele nos ama, e nós o amamos. Ele é o nosso tudo, e nós somos dele. Ele é o óbvio que nos surpreende, e nós somos o óbvio que ele transforma.

Portanto, não se contente com o mínimo, mas aspire o máximo. Não se limite ao natural, mas explore o sobrenatural. Não se restrinja ao visível, mas contemple o invisível. Não se satisfaça com o conhecimento, mas busque a sabedoria. Não se conforme com a religião, mas viva o relacionamento. Não se acomode com o óbvio, mas descubra o extraordinário. Não se afaste de Deus, mas aproxime-se dele cada vez mais.

Ele é o teu Pai, e você é seu filho. Ele é o teu Senhor, e você é seu servo. Ele é o teu Tudo, e você é dele. Ele é o Óbvio que te ama, e você é o óbvio que ele quer usar.