Dólar Em alta
5,113
21 de maio de 2024
terça-feira, 21 de maio de 2024

Vitória
27ºC

Dólar Em alta
5,113

Jovens trocam carteira de motorista pelos aplicativos

Com os custos com um carro próprio pesam cada vez mais no bolso dos motoristas capixabas, o sonho de tirar a carteira de motorista também tem ficado mais distante. Em alguns casos, deixando até de ser prioridade. O preço da autoescola e o gasto para manter um carro em bom funcionamento, aliados à oferta de transporte por aplicativos, têm levado jovens a pensarem duas vezes antes de se habilitarem.

É o caso do estudante de Direito Felipe Menezes, de 19 anos. A chegada do jovem de Cariacica à maioridade coincidiu com outra vinda, dessa vez indesejada: a pandemia de Covid-19. “Fiz 18 anos em março do ano passado e já estava pesquisando preços para tirar a carteira”, recorda.

A crise sanitária global o fez adiar os planos da habilitação. Entretanto, na segunda metade deste ano, Felipe iniciou um estágio e repensou seu planejamento para se locomover. Após avaliar o melhor custo-benefício, ele optou pelo transporte por aplicativo. Ida e volta entre a casa, em Cariacica, e o estágio, em Vitória, custam ao jovem, em média, R$ 30 por dia. “Como alterno a rotina entre atividades presenciais e home office, consigo equilibrar bem os gastos”, garante.

O valor a ser pago em uma autoescola também pesou na decisão. Hoje em dia, na Grande Vitória, a faixa de preço das aulas variam de R$ 1.400 a R$ 1.800. Além disso, são acrescidos valores como a taxa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) (R$ 492), exames médicos (R$ 208) e telemetria (R$ 180), o que totaliza de R$ 2.300 a R$ 2.700 para se ter a habilitação de carro e moto. “Com as minhas condições no momento, não consigo pagar essa quantia, por isso, adiei um pouco”, conta Felipe.

Carro próprio caro

Especialistas apontam que a atual conjuntura tem inviabilizado a aquisição de um carro próprio. Possuir um carro temporariamente pode sair mais barato que a compra.

“Sei que depois de ter a carteira também vou ter gastos diários com o meu carro, como a gasolina”, analisa o jovem sobre a alta no valor do combustível. E o preço não para de subir.

Na última segunda-feira (25), a Petrobras anunciou um novo aumento no valor da gasolina e do diesel nas refinarias da estatal. O aumento será de 7% e 9%, respectivamente, para as distribuidoras. “Ainda tenho planos de tirar a carteira, mas por enquanto o aplicativo tem sido a melhor opção”, resume Felipe.

Carteira de motorista aposentada

A viagem via aplicativo também é uma opção para os habilitados. Mesmo possuindo carteira de motorista, a dentista Alice Salles, de 27 anos, é usuária frequente desse serviço. Como trabalha em consultórios localizados em diferentes municípios, a jovem se desloca por quase toda a Grande Vitória.

Jovens trocam carteira de motorista pelos aplicativos

Moradora de Santa Lúcia, em Vitória, Alice atende nas cidades de Serra e Vila Velha, além da própria Capital. O valor da viagem depende da localização do consultório a atender. Até Serra, ela gasta, em média, R$ 50 ida e volta. Na Praia do Canto, R$ 14 e em Vila Velha, de R$ 25 a R$ 30. “Às vezes consigo diminuir a distância do trajeto quando pego uma carona”, lembra.

A dentista já fez o balanço e calcula que gasta uma média mensal de R$ 500 a R$ 600 em viagens, considerando apenas os destinos exclusivos para o trabalho. “Mesmo com as pessoas falando que dirigir é prática, sempre tive receio. Tirei a carteira ‘por tirar’, mas não gosto de dirigir. Para mim, os aplicativos são mais confortáveis”, justifica.

Conversando com amigos que dirigem, Alice observa que todos eles comentam sobre os gastos de se ter um carro, como o pagamento de seguro e documentação. A dentista pondera, no entanto, que o carro proporciona maior liberdade que a viagem pelo aplicativo. “Ainda mais agora com o aumento da gasolina, está sendo mais difícil pedir um carro e o tempo de espera é maior. Nesse sentido, acho que se perde um pouco a liberdade”, considera.

Contudo, para ela, a segurança ainda é uma preocupação. “Meu problema com os aplicativos é a questão da segurança. Nunca passei por nenhum problema, mas toda vez que ouço na mídia sobre assaltos e agressões, eu fico assustada e com medo”, confessa Alice, “mas ainda sigo usando os aplicativos”, conclui a jovem.

Oferta alta de serviços

O preço da gasolina, pago do próprio bolso dos motoristas, afeta diretamente no preço da viagem. Por outro lado, a demanda, cada vez maior, tem aumentado o número de profissionais ao volante. A Associação dos Motoristas de Aplicativos do Espírito Santo (Amapes) estima que 19 mil capixabas trabalhem nesses serviços.

Jovens trocam carteira de motorista pelos aplicativos

Em Vitória, a prefeitura registra quatro aplicativos circulando nas ruas da cidade e aproximadamente 8 mil motoristas cadastrados nas plataformas. O número equivale a 2% da população da capital, estimada em 369.534 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em termos práticos, é como se cada motorista dirigisse para um grupo de 46 pessoas na cidade.   

Outro município capixaba que chama a atenção pela oferta é Colatina. Na cidade, são sete aplicativos em circulação, número alto quando comparado ao da população local, cerca de 124 mil habitantes estimados pelo IBGE.

Você por dentro

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Escolha onde deseja receber nossas notícias em primeira mão e fique por dentro de tudo que está acontecendo!

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Mais Lidas

Notícias Relacionadas