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19 de maio de 2024
domingo, 19 de maio de 2024
Moema Giuberti
Moema Giuberti
Moema Giuberti. Promotora de Justiça há 17 anos. Mestra em Direto pela PUC/SP. Poetisa nas horas vagas.

Coisas boas e ruins

Andam dizendo por aí que o sucesso é a fórmula da transpiração e um pouco de talento, mais transpiração do que talento. Fórmulas mirabolantes para alcançar a riqueza, a fama, bombardeiam nossas cabeças através de redes sociais. E é isso mesmo? Basta transpiração e um “tico” de talento? Tudo depende de nosso honroso trabalho ou existe algo a mais? O moço do carrinho de picolé, cansado de um dia inteiro de penoso trabalho na praia, que nos diga. A moça milionária, acometida de uma doença mortal, que nos diga.

Causa-me espanto, confesso, a soberba com que os coaches do Instagram pregam o sucesso! Com uma impaciência peculiar de pessoas de pouco trato ou de pequena vivência, passam os olhos em sua platéia como quem não busca a empatia, o concílio ou a paz.

Coisas boas e ruins acontecem com pessoas igualmente boas e ruins. A gente precisa parar de acreditar que tudo é meritocracia, que sempre fazemos por onde merecer as coisas boas ou ruins às quais somos acometidos. Às vezes, e não poucas, as coisas acontecem ao acaso e, sobre este acaso, precisamos aprender a arte da aceitação. Não restam dúvidas, a todo momento tomamos decisões importantes, por menores que sejam, impactantes nas nossas vidas. Por alguns momentos são decisões estruturais, quando portas se fecham ou se abrem, para nunca mais abrirem ou fecharem.

Meritocracia? O que dizer sobre doenças, grandes catástrofes, a própria morte? Elas simplesmente acontecem, e acontecem mesmo. Não fazemos por merecer o infortúnio. E, por que acontecem? Simplesmente porque estamos por aqui, vivos! A roda da fortuna gira e às vezes nos põe de cabeça para baixo.

Meus amigos, sucesso não é para todos, sucesso é para alguns, assim como o insucesso. Isso é obra do acaso, de Deus, de quem vocês quiserem, mas não depende somente do indivíduo, do seu esforço ou da sua aptidão natural. Não controlamos tudo, não somos oniscientes e onipotentes. As rédeas de nossas vidas estão conosco até um determinado momento, as partir das causalidades da vida elas estão soltas ao vento, comandadas por uma mão invisível que até hoje ninguém soube explicar ou provar. Nós não controlamos a vida ou a morte.

“Quem está de pé cuide para que não caia”, já dizia o provérbio bíblico. Precisamos cuidar da alma, aquietar a nossa afetação em achar que tudo depende do feitio das nossas mãos. É preciso estar ancorado na certeza das incertezas da vida e, com isso, viver uma vida mais humilde, concisa e modesta. Reconhecer o acaso nos livra do fardo em achar que merecemos ou precisamos da felicidade para sermos pessoas realizadas, plenas. Não basta simplesmente ter uma vida interessante, recheada de altos e baixos, cair e levantar, magoar, pedir perdão, ser magoado e perdoar? Só a felicidade é o que nos  interessa?

Moema Giuberti
Moema Giuberti
Moema Giuberti. Promotora de Justiça há 17 anos. Mestra em Direto pela PUC/SP. Poetisa nas horas vagas.

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