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9 de maio de 2024
quinta-feira, 9 de maio de 2024
Luiz Paulo Vellozo Lucas
Luiz Paulo Vellozo Lucas
Luiz Paulo Vellozo Lucas - engenheiro de produção pela UFRJ com cursos de pós graduação em finanças (Arthur Andersen), desenvolvimento econômico(BNDES) e economia industrial (IE-UFRJ), mestrado em Engenharia e Desenvolvimento Sustentável pela UFES. Foi funcionário de carreira concursado do BNDES onde ingressou em 1980, aposentando-se em agosto de 2016. Foi prefeito de Vitória por dois mandatos consecutivos (1997-2000 e 2000-2004), deputado federal pelo Espírito Santo e foi diretor Presidente do BANDES, Banco de Desenvolvimento do Espirito Santo entre 2015 e 2016 e do IJSN-Instituto Jones dos Santos Neves entre 2019 e 2020. Luiz Paulo escreve quinzenalmente, sempre às sextas-feiras.

O automóvel e a cidade

A invenção do automóvel no inicio do século XX marca o começo da vida urbana tal como a conhecemos hoje. A circulação de pessoas , as edificações , a ocupação do território, o adensamento e a verticalização, a expansão das cidades, a formação das metrópoles e megalópoles, os subúrbios e seus condomínios e os cinturões verdes. Tudo isso tem a ver com o automóvel.

Os bondes, metrôs, barcas e depois os ônibus deram forma aos sistemas de transporte coletivo que acompanharam o crescimento das cidades e as mudanças da vida urbana. Nos últimos 30 anos cresceu em todo o mundo a percepção que a cidade moderna foi feita para os automóveis e não para as pessoas. Nos Estados Unidos este fenômeno global foi ainda mais marcante. As avenidas, tuneis e viadutos das grandes cidades permitiam sua expansão constante em direção a novos territórios. Os deslocamentos ficaram cada vez mais distantes e os engarrafamentos viraram a nova rotina.

“No parking, no business” isto é, sem estacionamento não existem negócios. Era o mote dos shoppings centers, mall`s, altlet`s e condomínios que desbravavam novas áreas fazendo crescer o tecido urbano em novos bairros e subúrbios. A malha urbana onde esta inserida a cidade de Los Angeles na Califórnia tem 150 Km de extensão. Pensadores e urbanistas como Jane Jacobs e Jan Gehl teorizaram e exercitaram o conceito de “cidade para as pessoas” onde se pode morar, trabalhar e se divertir no mesmo bairro com deslocamentos em distancias que possam ser percorridas a pé, de bicicleta ou em transporte público (walking distance).

Nas cidades mais antigas as vias e edificações não são feitas para automóveis. Os centros históricos são delimitados e o acesso para carros é restrito a moradores e comerciantes que possuam estacionamento próprio. As vias são convertidas para exclusivo uso por pedestres, postes e fiação aérea substituídos por galerias técnicas subterrâneas e os imóveis históricos restaurados. Incentivos fiscais e creditícios são oferecidos para atividades comerciais e de serviços que ancorem a economia do sítio histórico. São muitos exemplos pelo mundo mas cito aqui Santo Domingo capital da Republica Dominicana que recuperou e restaurou recentemente seu centro histórico com financiamento do BID.

Encarecer com taxas e pedágios o uso do automóvel é também um instrumento poderoso e eficiente ainda que muito impopular. Em Londres cobra-se pedágio urbano para circular com automóvel particular nas vias da cidade  e em Barcelona existem estacionamentos disponíveis mas são caríssimos. Em Milão o pedágio urbano e as taxas dos estacionamentos são temas extremamente polêmicos que dividem a cidade.

Em Vitória temos que debater separadamente as soluções para o transito interno da cidade e para o transito de passagem. Um Shopping em São Pedro vai melhorar o transito retirando parte da demanda por deslocamentos para os trabalhadores que saem para trabalhar fora. A Avenida Serafim Derenzi está esgotada há alguns anos. Temos que estudar a reestruturação do sistema viário  da região com binários de mão única e uma via moderna na orla.

Metade do transito que entra em Vitoria pelo norte via Fernando Ferrari ou Praia de Camburí , não tem a capital como destino. É  apenas transito de  passagem.  A implantação  de passagens de nível (mergulhões) pode ser viável com parcerias com o setor privado para exploração comercial de novos espaços principalmente no corredor Praia de Camburi/Praia do Canto/ Enseada do Suá.

Não é a Praça do Cauê a maior culpada do trafego intenso na descida da Terceira Ponte em Vitória. A obra fazendo a via cortar a Praça é importante de ser feita mas não vai alterar a saturação do transito de passagem. Nas 15 poligonais do Projeto Terra existem muitas obras viárias ainda mais importantes para o transito interno  da cidade como completar o anel viário do Jaburu, a abertura de uma nova via circundando o Parque de São Benedito, o acesso ao Parque da Fonte Grande pelo Centro são algumas dessas.

Melhorar o transporte publico é a coisa mais importante. Levar o aquaviário a São Pedro, criar linhas tronco alimentadoras e complementares nos bairros levando até os corredores da cidade incentivando naturalmente as pessoas a deixarem seus carros em casa nos deslocamentos do dia a dia.

O trajeto do Iate Clube ao Mercado da Vila Rubin é menor que a distancia percorrida  na esteira da academia de ginastica mas a onipresença do automóvel em nossas vidas dificulta a percepção de como podemos avançar em mobilidade sustentável.

É um caminho longo mas estamos na direção certa.

Luiz Paulo Vellozo Lucas
Luiz Paulo Vellozo Lucas
Luiz Paulo Vellozo Lucas - engenheiro de produção pela UFRJ com cursos de pós graduação em finanças (Arthur Andersen), desenvolvimento econômico(BNDES) e economia industrial (IE-UFRJ), mestrado em Engenharia e Desenvolvimento Sustentável pela UFES. Foi funcionário de carreira concursado do BNDES onde ingressou em 1980, aposentando-se em agosto de 2016. Foi prefeito de Vitória por dois mandatos consecutivos (1997-2000 e 2000-2004), deputado federal pelo Espírito Santo e foi diretor Presidente do BANDES, Banco de Desenvolvimento do Espirito Santo entre 2015 e 2016 e do IJSN-Instituto Jones dos Santos Neves entre 2019 e 2020. Luiz Paulo escreve quinzenalmente, sempre às sextas-feiras.

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