Sempre gostei de pensar e aprender sobre a vida nas infinitas perspectivas através das quais podemos fazer isso.
Com a sorte de ser filho de pais professores e cultivadores do hábito da leitura, desde cedo me interessei pelas notícias dos jornais impressos, literatura infanto-juvenil e por matérias como história, sociologia e antropologia.
Depois, como estudante de comunicação, conheci os múltiplos pontos de vista das teorias da comunicação, a importância da linguagem e da compreensão do ser humano a partir da cultura. Já mais adulto, interessei-me pelos fundamentos da psicanálise de Freud e retomei à literatura com um novo olhar, transformando grandes obras da literatura clássica em aprendizados existenciais para mim. E finalmente, cheguei a leitura do design como abordagem para dar profundidade a minha visão profissional.
Em todos esses momentos, seja conhecendo a história do Brasil-Colônia ou lendo um clássico de Charles Dickens, o que sempre me motivou foi a chance de expandir as barreiras da minha própria mente por meio do conhecimento e da emoção, buscando compreender e admirar alguns infinitésimos do mistério que é a vida para nós, seres humanos.
No entanto, foi somente após passar por todas essas fases que fui levado a ouvir com mais atenção uma área do conhecimento que tem, por definição, estudar as leis fundamentais do universo: a física.
Quando digo “ouvir”, realmente refiro-me ao áudio. Pois nos últimos meses tenho escutado físicos que fazem um trabalho de divulgação e “tradução” dos seus conhecimentos em Podcasts e canais de Youtube. Dentre eles, destaco o astrônomo Marcelo Gleiser e o doutor em Cosmologia Luiz Alberto Oliveira – que também foi curador do incrível Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro.
Em palestras, entrevistas, participações em programas e livros (que agora estão na minha lista de 2024), o olhar da física oferece uma visão absolutamente objetiva, didática e evolutiva da nossa espécie e do planeta do qual somos parte. Da unidade indivisível da matéria, o átomo, à cultura em que estamos imersos e em que formamos nossos indivíduos e subjetividades, tudo é física. A contribuição desses “tradutores” e autores como Stephen Hawkings, Einstein, Newton e Galileu à humanidade explicam muito mais do que as equações matemáticas que estudantes de comunicação como eu aprenderam a odiar. (Aliás, lamento só ter tido dimensão da importância da física como um empresário de meia idade, quando podia ter aprendido isso como um jovem estudante.)
Na realidade, a contribuição da física constrói raciocínios profundamente reveladores e encantadores sobre a vida também para nós, “de humanas”. Assim, tenho escutado com curiosidade e fascínio sobre o cosmos, o Big Bang e como nossa capacidade de criar o passado, o presente e o futuro nos tornou a única espécie transformadora da sua própria história. E finalmente, admiro à distância as grandes questões que nem todos os cientistas juntos conseguiram responder: de onde viemos, por que somos o que somos e para onde vamos?
Enfim, o que tenho aprendido, do alto da minha ignorância, com a física, é que a melhor forma de viver e admirar a incrível jornada que recebemos o privilégio de viver como seres humanos, neste terceiro planeta rochoso do sistema solar dentro do braço espiral de Oriente, é aumentando nossa curiosidade e procura pelo conhecimento. Porque é assim que criamos pelo menos um pouco de consciência sobre o quão maravilhoso, único e misterioso é tudo isso que chamamos de vida.