Trabalhando com comunicação, lidamos constantemente com um tipo de desafio que, à medida que os anos passam, parece ficar ainda mais frequente e complexo: mobilizar pessoas. No mundo em que nos comunicamos o tempo inteiro através das telas e, por meio delas, lidamos com múltiplas realidades; marcas e instituições têm cada vez mais dificuldade em atrair a atenção dos públicos que estão ao seu lado. Pelo menos presencialmente.
Neste texto, quero me dedicar menos às empresas e falar de instituições mais simples: as associações de moradores, as escolas que nossos filhos frequentam, os grupos de amigos que aos poucos tornaram-se apenas grupos no WhatsApp e nossos casamentos (já que o assunto são instituições, vamos a uma das mais importantes da nossa sociedade).
No mundo da hiperconexão, é muito mais interessante ver as últimas imagens de um conflito internacional do que pensar na rua do nosso bairro. Acompanhar as notícias do seu mercado ou a semana de moda de Milão merece muito mais atenção do que a reunião da escola dos filhos. E saber a última que o Neymar aprontou atrai mais do que conversar com quem está deitado ao seu lado todas as noites.
Não julgo. A pós-modernidade não fez isso de uma hora para outra. Ela se apropriou de impulsos e desejos que todos nós temos. Reafirma nossas escolhas pessoais e cria um mundo sem fronteiras para o conhecimento. Mas relembro (inclusive para mim mesmo): ao nutrir essa dinâmica, estamos abrindo mão de pensar e nos envolver com temas que, por mais que pareçam banais, são importantes.
À medida que nos afastamos do nosso bairro, da escola dos filhos ou do nosso casamento e oferecemos a maior parte da nossa atenção a uma vida virtual, os problemas reais não param de existir. E ao invés de pensar nos ecossistemas em que estamos inseridos, estamos vivendo em torno dos egossistemas. Um lugar que pode até parecer divertido, mas onde é difícil se aproximar e dialogar com quem verdadeiramente faz a diferença nas nossas vidas.
