É conflito comum no mercado da música a necessidade de os produtores de evento garantirem a rentabilidade de um show ou de um festival em detrimento de abrirem espaço para novos artistas. Se não levar público, não há como pagar o evento.
Triste realidade, pois gostaríamos de mais interesse do ouvinte pelo novo, mas justa. Não é fácil as pessoas pagarem ingresso e sair de casa.
Num evento como o Lollapalooza, todavia, a ausência do incentivo a novas possibilidades é incompreensível. No extenso line-up do festival, que acontece entre 22 e 24, neste final de semana, a única brecha foi um concurso da Rádio Rock, 89,9 FM, chamado “Temos Vagas Lollapalooza 2024”. Uma banda, e apenas uma, abrirá o festival no dia 22 de março.
No Espírito Santo, artistas como André Prando, que já tocou no Rock in Rio, e a rapper Budah, artista da Universal Music, teriam tranquilamente o perfil do festival.
É claro que eles representam duas agulhas no palheiro em termos de possibilidades para esse novo a ser apresentado. Mas o fato é que não há nenhuma ação do evento que ao menos estimule essas escolhas: um palco, um dia, um horário alternativo – o que pouco alteraria os milhões movimentados.
O palco chamado “Alternativo”, aliás, traz nomes como Marcelo D2 e Baiana System. Dois ótimos shows, claro, mas já bem conhecidos – D2 nem se fala; e o Baiana, mesmo com tantos anos de banda, parece carregar a sina de ser a eterna revelação. Eles mereciam estar no festival sem a necessidade do termo que nomeia o palco.
Em relação à falta de novos artistas, essa negligência não corresponde a um festival que, nas palavras de seu curador e diretor artístico, Marcelo Beraldo, se propõe a dialogar com pessoas “apaixonadas por música, cultura e tendência”.
Disso, aliás, o Lollapalooza 2024 tem muito pouco, mesmo entre as tendências que já despontam em escala global – a norte-americana SZA é uma delas.
Entre os headliners, estão Blink-182, que desperta empolgação pelo caráter nostálgico.
Na mesma linha, o Limp Bizkit, nu metal dos anos 2000, bem como o punk-pop do Offspring, sucesso dos anos 1990; e ainda os indies Arcade Fire e Phoenix. Isto é, nem mesmo a proposta de apresentar bandas “diferentes” e menos óbvias de outras edições teve lugar em 2024.
Entre os 46 brasileiros que se apresentam, destaque para o show dos Titãs, encontro de todos os integrantes “das antigas” que têm demonstrado rara sintonia no palco.
Matéria da Folha de S.Paulo aponta ainda que o Lollapalooza “segue enfrentando dificuldades com uma sina de cancelamentos de shows e para recuperar sua capacidade de trazer nomes inéditos ou raros”.
O Paramore, substituído pelo Kings Of Leon, é um exemplo dos cancelamentos. Segundo a reportagem da Folha , tal fato gerou uma falta de confiança sobre se o evento iria entregar os shows que prometeu, “o que pode ter influenciado a venda de ingressos”.
De qualquer forma, quem não vai ao festival e quiser curtir o line-up, o evento será transmitido pelos canais Multishow e Bis . Também é possível acompanhar tudo pela Globoplay .
A programação completa aqui