Dólar Em alta
5,077
9 de maio de 2024
quinta-feira, 9 de maio de 2024

Vitória
25ºC

Dólar Em alta
5,077

Covid-19: Consequências das festas de fim de ano poderão ser vistas até fevereiro

Não há dúvidas de que 2020 foi um ano difícil. Marcado por perdas, isolamento, crises e saudades, é compreensível que muitos capixabas queiram estar ao lado dos familiares, colegas e amigos nas confraternizações de fim de ano. Porém, um especialista ouvido pela reportagem afirma que as consequências desses reencontros para a pandemia da Covid-19 não valem a pena.

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia do Espírito Santo (SBI), Alexandre Rodrigues, o grupo de pessoas que se reuniram no natal pode ser responsável por transmissões do vírus até o mês de fevereiro.

“Ao longo do ano, as pessoas estavam mais preocupadas com as consequências do vírus, portanto, mais obedientes. Porém, uma parcela da população foi deixando a preocupação de lado. Seja por terem tido sintomas leves ou por influências políticas, que deram maus exemplos, desvalorizando a proteção contra a Covid-19”, afirmou.

De acordo com o presidente da SBI no Espírito Santo, atualmente, temos um maior número de pessoas expostas ao vírus. “Após um controle dos casos, a população se viu mais segura para confraternizar mais. O problema é que podem deixar de ‘presente’ para a família novos infectados”.

Segundo o especialista, esse grupo de pessoas que podem ter sido infectadas no feriado de 25 de dezembro poderá apresentar sintomas na primeira quinzena de janeiro. “O período de infecção é de até 14 dias. Desta forma, a transmissão que é progressiva — ou seja, passa de um para o outro — pode gerar um aumento de casos positivos até o início de fevereiro”.

Roleta russa da reinfecção

Alexandre Rodrigues destaca, ainda, que muitas pessoas se sentem seguras por já terem sido infectadas pelo vírus anteriormente, e assim, imunes a Covid-19. Porém, esse pensamento é arriscado. “É como uma roleta russa. Apesar das reinfecções confirmadas ainda serem raras, não há um padrão que diga quem poderá ser reinfectado ou não”.

Segundo ele, a maioria dos testes ainda são feitos pelo Laboratório Central (LACEN). Porém, muitas pessoas optam por fazer os testes em laboratórios particulares. Desta forma, poderemos observar as consequências das festas de fim de ano aumentarem, gradualmente, os testes positivos a partir do mês que vem.

O especialista destaca também que mesmo para as pessoas fora do grupo de risco, não há garantia de segurança, caso não sigam os protocolos de isolamento social. “As pessoas deveriam evitar encontros. As que de fora do grupo de risco ainda podem transmitir o vírus. E ainda que estejam fora, os registros de mortes e casos graves, consequência do vírus, abrangem todas as idades”.

Covid-19: Consequências das festas de fim de ano poderão ser vistas até fevereiro
Foto: AFP

Atualizações da Covid-19

As últimas atualizações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), divulgadas no início do mês, destacam novas informações sobre sintomas, isolamento, detecção, prevenção e vacinação da doença.

Diagnóstico: Os sintomas mais frequentes da Covid-19 são: febre, tosse, dor de garganta, dor “tipo sinusite”, náuseas, perda de apetite, perda ou alteração do olfato e/ou do paladar, cansaço, dores musculares, dor torácica e falta de ar. Alguns pacientes apresentam sintomas gastrointestinais, entre eles náuseas, “dor de estômago” ou diarreia.

No atual momento da pandemia, todo paciente com sintomas de “resfriado ou gripe” pode ter Covid-19 e deve ficar, imediatamentem em isolamento respiratório, procurando atendimento médico por consulta presencial ou por teleconsulta.

Tratamento: A SBI não recomenda tratamento farmacológico precoce para Covid-19 com qualquer medicamento (cloroquina, hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, nitazoxanida, corticoide, zinco,
vitaminas, anticoagulante, ozônio por via retal, dióxido de cloro), porque os estudos clínicos randomizados com grupo controle existentes, até o momento, não mostraram benefício e, além disso, alguns deles podem causar efeitos colaterais. Ou seja, não existe comprovação científica de que esses medicamentos sejam eficazes contra o coronavírus.

Essa orientação da SBI está alinhada com as recomendações das seguintes sociedades médicas científicas e outros organismos sanitários nacionais e internacionais,: Sociedade de Infectologia dos EUA (IDSA) e da Europa (ESCMID), Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH), Centros Norte-Americanos de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Organização Mundial da Saúde (OMS) e Agência Nacional de Vigilância do Ministério da Saúde do Brasil (ANVISA).

Na fase inicial, medicamentos sintomáticos, entre eles analgésicos e antitérmicos (paracetamol e/ou dipirona), podem ser usados para pacientes que apresentam dor e/ou febre.

Detecção da hipóxia silenciosa: É fundamental detectar o primeiro sinal de hipóxia (falta de oxigênio) através da oximetria digital, pois muitos pacientes têm hipóxia sem sentir falta de ar, que é a HIPÓXIA SILENCIOSA.

Os pacientes de risco para Covid-19 grave devem verificar a oximetria digital (exame com o aparelho oxímetro no dedo) diariamente. É um exame não-invasivo.

A pneumonia com hipóxia (oximetria digital com saturação de oxigênio menor que 95%) geralmente ocorre ao redor do 7º dia de sintomas (entre o 5° e o 9° dia), na maioria dos pacientes. Ao se detectar esta pneumonia com hipóxia, o que ocorre, em geral, quando o comprometimento pulmonar é igual ou superior a 50%, o tratamento hospitalar com oxigenioterapia, dexametasona (corticoide) e heparina (anticoagulante) profilático fará com que a maioria dos pacientes evoluam bem e sem necessidade de ventilação mecânica (respirador) na UTI.

Isolamento respiratório: Todos os pacientes com suspeita clínica forte de Covid-19 e os com doença confirmada (exame de RT-PCR de nasofaringe positivo) devem ficar 10 dias em isolamento respiratório domiciliar, isto é, devem ficar preferencialmente sozinhos no quarto, afastados de familiares e amigos.

Contatantes próximos: As pessoas que tiveram contato de alto risco com paciente com Covid-19, também chamados de contatantes próximos, que são as que tiveram proximidade com pacientes com suspeita ou doença confirmada, sem máscaras, por 15 minutos ou mais e a uma distância menor de 1,8 metro (CDC) também devem ficar em isolamento respiratório por 10 a 14 dias (período máximo de incubação). O médico deve avaliar o tipo de contato para avaliar a necessidade de testes diagnósticos e acompanhamento.

Reinfecção: A reinfecção ou 2ª infecção parece ser incomum. A maioria das pessoas que tiveram infecção assintomática ou a doença Covid-19m provavelmente, estarão imunes por, pelo menos, 3 a 5 meses. Estudos em andamento e futuros responderão por quanto tempo o paciente ficará imune com mais precisão.

Mesmo as pessoas que tiveram Covid-19 devem continuar praticando as medidas de prevenção. Não há indicação de fazer sorologia (IgG ou anticorpos totais) em pacientes que tiveram coronavírus confirmado (PCR nasal para SARS-CoV-2 detectado), a não ser em pesquisas epidemiológicas.

Prevenção: As seis “regras de ouro” da prevenção da Covid-19 devem ser praticadas todo dia, o dia todo, e diminuem MUITO o risco de alguém ser infectado. São elas:

a) Uso de máscara;
b) Distanciamento físico de 1,5 metro;
c) Higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool gel a 70%;
d) Não participar de aglomerações, entre elas reuniões, festas de confraternização em bares e restaurantes;
e) Manter ambientes ventilados / arejados;
f) Paciente com sintomas de “resfriado” ou “gripe” deve ficar imediatamente em isolamento respiratório, pois pode ser Covid-19.

Vacinação: A mensagem sobre as vacinas é de OTIMISMO. Várias delas estão em fase 3 de pesquisa clínica (a última fase para serem aprovadas) e algumas já receberam ou vão receber a autorização de uso emergencial na Europa e nos EUA nos próximos dias ou semanas. Alguns países vão iniciar a vacinação, começando pelos profissionais de saúde e residentes em lares para idosos, nesse início de dezembro/2020.

No Brasil, elas poderão ser utilizadas somente após a aprovação da ANVISA. A vacinação no Brasil também dependerá da logística, que inclui transporte das vacinas adequadamente refrigeradas, conforme cada uma delas exige, além da compra e distribuição pelo Ministério da Saúde.

Enfim, é fundamental que tenhamos vacinas eficazes e seguras no Brasil nos próximos meses.

*Com informações da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)

Você por dentro

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Escolha onde deseja receber nossas notícias em primeira mão e fique por dentro de tudo que está acontecendo!

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Mais Lidas

Notícias Relacionadas