Um importante equipamento cultural com potencial para colocar o Espírito Santo no circuito dos grandes espetáculos e apresentações artísticas, terá suas obras reiniciadas neste mês e deve ficar pronto em 2026.
O Cais das Artes, em Vitória, é um sonho dos capixabas que parece difícil de ser realizado, já que esse grande imóvel robusto, de aparência pesada, está inacabado há anos. O local, quando finalizado, será equivalente ao Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, segundo especialistas do setor cultural.
Esse espaço foi idealizado por Paulo Archias Mendes da Rocha, um capixaba, que nasceu em Vitória, no dia 25 de outubro de 1928 e faleceu em 23 de maio 2021, aos 92 anos, sem ver seu projeto concluído. Ao lado de Oscar Niemeyer, Paulo foi o segundo brasileiro a receber o Prêmio Pritzker, prêmio equivalente ao Oscar para a Arquitetura.
Geraldo Lino é arquiteto e conselheiro do Instituto de Arquitetura do Brasil (IAB), departamento Espírito Santo, e acredita que a conclusão dessa obra é muito importante para o Estado.
“Uma construção como essa é muito importante porque inclui o Estado no mapa cultural do país. Não podemos deixar de pensar em desenvolvimento sem olhar para o que o acesso à cultura e turismo gera para a população local e para o Espírito Santo”, disse.
O conselheiro acredita que essa obra, uma vez finalizada, vai mudar a rota do público que já tem o hábito de frequentar grandes exposições. “Muitas pessoas que já tem acesso a grandes espetáculos, musicais e exposições vaão ter um lugar a mais para ir, e quem não tem, por diversos motivos, vai começar a ter e isso impacta o desenvolvimento da população intelectualmente, com acesso desde pequeno a lugares como esse que mostram o que só viam nos livros”, ressaltou Geraldo Lino.
Desde 2010
Constituído por um museu e um teatro, equipados para receber eventos artísticos de grande porte, o conjunto arquitetônico projetado para o Cais das Artes tem como característica central a valorização do entorno paisagístico e histórico da cidade. A obra no local teve início em abril de 2010 e agora, com o novo contrato, tem um prazo de trinta meses para ser finalizada.
A obra está há 14 anos parada, com mais de R$ 200 milhões investidos e tem previsão de que mais de R$ 183 milhões ainda sejam injetados para finalmente ser concluída. Até 2026, ano previsto para conclusão da obra, o total que deve ser gasto no Cais das Artes passará dos R$ 315 milhões.
Lino é um dos que defendem a conclusão dessa obra o quanto antes.
“Concluir esse projeto é honrar a memória desse arquiteto nascido aqui e pouco conhecido pelos capixabas. Como o nosso estado nos proporciona estar no mar e na montanha em menos de uma hora de carro, será um atrativo a mais para os turistas que podem ir à praia pela manhã, almoçar nas montanhas e, à noite, fechar com uma apresentação cultural num espaço realmente preparado para grandes espetáculos. Pensando como arquiteto, essa estrutura poderá atrair faculdades que visitam obras como o Masp (em São Paulo), e tantos lugares que foram criados por profissionais que foram precursores ao desenvolver seu trabalho, transformando o local por onde passaram”, declarou Geraldo Lino.
