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Eixos da economia capixaba passam por monitoramento interligado, buscando oportunidades e ameaças

Uma leitura mais ampla da economia capixaba, as tendências do mercado, oportunidades e, também, as ameaças é o que promete Connect Fecomércio-ES – Eixo Observa, lançado nesta segunda-feira (29) pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio). O estudo, com análises quantitativa e qualitativa, iniciado em outubro do ano passado, visa balizar o mercado capixaba. Os dados desta primeira etapa são do ano de 2023 e foi colhido em parceria com a Faesa Centro Universitário, Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti-ES), Fapes e Mobilização Capixaba pela Inovação (MCI).

“Comércio, serviço e turismo representam 70% da economia e não tínhamos informações para nos mostrar caminhos para qualificar nossas tomadas de decisões. Agora temos informações a partir de estudos, porque informações sem credibilidade não tem valor e o que estamos fazendo é buscar dados e recortes, até mesmo nacionias. O estudo não está pronto, mas já temos dados mais fortes e mais ampliados. A partir de então serão feitos monitoramentos”, afirmou o presidente da Federação, Idalberto Moro.

Pela primeira vez, a Fecomércio-ES apresenta um panorama da economia capixaba, com dados e análises específicas de cinco áreas da economia do Espírito Santo: Comércio, Serviços, Turismo, Mercado de trabalho e Consumo. Os dados foram analisados com uma série histórica ampla até o fechamento de 2023.

O material foi elaborado pela equipe de pesquisadores, mestres e doutores, do Connect Fecomércio a partir do tratamento e análise dos dados disponibilizados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), pelo Ministério do Trabalho (MTE) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além de analisar o desempenho da economia capixaba nos últimos anos, o panorama também apresenta tendências e inovações de cada setor. Conheça o estudo completo.

“Analisamos o desempenho da economia capixaba nos últimos anos, apontamos tendências e inovações dos setores do comércio, serviços, turismo, mercado de trabalho e alguns aspectos do comportamento de consumo no Estado. Estamos diante da transformação digital, que faz parte de um contexto mais amplo e mostra como a tecnologia permeia toda a nossa sociedade, influenciando como consumidores e empresários se relacionam e a forma como o comércio acontece. Nesse mesmo cenário está emergindo um novo estilo de vida, mais conectado e integrado, a chamada Economia do Compartilhamento. Vemos uma transformação na maneira como vivemos, trabalhamos, nos relacionamos e consumimos”, explica Ana Carolina Júlio, pesquisadora responsável pelo Connect.

“A gente ter informações centralizadas e de uma diversidade de panoramas, fica clara a interdependência, a interconexão que existe entre os setores da economia. Isso acaba nos permitindo uma leitura mais ampla, não só tão focada em consumo, não só no comércio, mas de ver o impacto, o reflexo que um setor da economia tem no outro. A gente já sabe que isso existe, mas ter isso de forma quantitativa e qualitativa, enriquece muito mais a análise e a tomada de decisão”, avaliou o estudo o empresário Leonardo Lourenço, proprietário da Extrafruti, empresa líder na distribuição de verduras, frutas, legumes e flores no Espírito Santo.

A empresa foi uma das ouvidas durante a pesquisa e na avaliação de Flávia Raposo, diretora de Serviços Compartilhados, os setores precisam ser avaliados com interligação, pelo impacto direto que um provoca no outro. “Ajuda, contribui muito porque são dados confiáveis, baseado em pesquisas, trazendo interação das áreas que compõem a economia capixaba, isso ajuda a gente entender e fazer leitura de cenário muito mais aprofundada, entendendo a questão de multidisciplinaridade que rege hoje a vida das organizações. Não há como pensar ação no comércio, pensando só em comércio. Tem que pensar em serviço e transporte, também. Como a gente viu nesse estudo, quando aumenta o e-commerce aumenta a necessidade de transporte. Então estão completamente interligados comércio, serviço, turismo, logística e isso amplia nosso leque e a discussão sobre a importância da inovação”, completou.

O panorama da economia capixaba mostra que a reinvenção contínua e a capacidade de entender a mudança no comportamento dos consumidores são pré-requisitos para a sobrevivência e sucesso nos mais diversos setores. “O Sistema Fecomércio-ES observa o presente, de olho no futuro. Só assim é possível atender às novas necessidades de consumo. Flexibilidade, conectividade e inovação são os pilares do desenvolvimento. Essa postura proativa e o foco na melhoria do ambiente de negócios têm sido fatores determinantes para os resultados positivos na economia do Espírito Santo”, afirmou Idalberto Moro.

O estudo

Eixos da economia capixaba passam por monitoramento interligado, buscando oportunidades e ameaças
Foto: Divulgação.

Comércio
Em 2023, o comércio capixaba teve o melhor desempenho da série histórica analisada, iniciada em 2010. Ao observar o volume médio de vendas do comércio do Espírito Santo, a partir de 2018 o indicador seguiu crescendo até o recorde em 2023. O Espírito Santo superou a média nacional no crescimento do volume de vendas em 2023. O comércio de bens essenciais, como alimentos, remédio e vestuário,  cresceu 3%, enquanto a média nacional foi de 1,7%. Já o comércio ampliado, como veículos, materiais de construção e atacado, cresceu 9,3% superando a média nacional de 2,4%.

O documento mostra também que o Espírito Santo tem se diferenciado no comércio de veículos no Brasil, performando acima do nível nacional. O segmento destacado se
mostra bastante heterogêneo e diversificado, sendo composto pelo volume de vendas de veículos novos e seminovos, motocicletas, bem como autopeças. Somos uma das principais portas de entrada para carros elétricos importados no país. Além disso, a quantidade de carros elétricos vendidos em 2023 já sinaliza o crescimento do segmento como tendência forte para 2024.

De acordo com a Fecomércio-ES, os comerciantes devem, cada vez mais, entender o consumidor final e saber o que ele procura, agregar serviços ao negócio. Uma tendência observada no varejo é o “Figital”, a união de operações físicas (lojas) com digitais (internet), via WhatsApp e Instagram. Outra tendência identificada foi o “Fast Good”, que seria a oferta de alimentação prática, rápida e saudável.

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Foto: © Tânia Rêgo/Agencia Brasil

Serviços
O panorama mostra que o setor de Serviços no Espírito Santo teve crescimento pela terceira vez consecutiva, fato inédito desde o início da série histórica, em 2011. O
acumulado em 2023 foi de 7%, três vezes mais do que a média nacional, que registrou 2,3%. De acordo com a série histórica, o resultado do setor em 2023 foi o melhor dos últimos 10 anos.

Entre os grupos que se destacaram ao longo de 2023, o que mais cresceu foi: Serviços Profissionais, Administrativos e Complementares. Esse grupo é composto por atividades jurídicas, de contabilidade, de consultoria empresarial; publicidade, pesquisa de mercado e aluguéis não imobiliários. Vale ressaltar que a criação de novas empresas e profissões está gerando desafios na classificação tributária, com necessidade contínua de mão de obra qualificada. Por isso, para este ano, está prevista uma demanda crescente por serviços contábeis, destacando a importância da formação e qualificação profissional para lidar com os desafios da virtualização e digitalização.

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Foto: Tadeu Bianconi

Turismo
De acordo com o levantamento da Fecomércio-ES, o Índice de Atividades Turísticas cresceu continuamente nos últimos quatro anos. Em 2023, o Espírito Santo apresentou o melhor resultado desde 2015, sugerindo uma recuperação do setor na economia capixaba. Ainda assim, o turismo capixaba cresceu 1,2%, enquanto o turismo brasileiro cresceu 6,9% em 2023.

A série histórica dos últimos 12 anos mostra como a crise econômica no Brasil, em 2015, e a pandemia da covid-19, em 2020 e 2021, afetaram os resultados do turismo no Espírito Santo. A recuperação foi gradual, atingindo o maior patamar em 2023. O turismo de negócios representa uma parte significativa na economia do turismo brasileiro. Com um calendário anual repleto de eventos, esse setor não apenas cria empregos, mas também impulsiona diversas atividades econômicas em todo o país.

Segundo dados do Ministério do Turismo do Governo Federal (2023), 33% dos brasileiros que viajam a trabalho aproveitam a oportunidade para estender sua estadia no local de destino. Pensando nesse público, existe o projeto do Governo do Estado, em colaboração com a Fecomércio-ES, para inaugurar um novo Centro de Convenções no lugar do Pavilhão de Carapina, na Serra. A Secretaria de Estado do Turismo (Setur) afirmou que, a partir do segundo semestre deste ano, será iniciada a construção do novo centro de eventos no local, com previsão de entrega até o início de 2026.

Eixos da economia capixaba passam por monitoramento interligado, buscando oportunidades e ameaças
Hotel Senac Ilha do Boi. Crédito: Divulgação.

O Espírito Santo também está prestes a confirmar sua volta à rota dos Cruzeiros Marítimos. Os resultados das análises técnicas, conduzidas em colaboração com a Fecomércio, apontam para a viabilidade de incluir paradas de cruzeiros no litoral capixaba a partir de 2025. Para a conclusão do relatório final, outros três estudos serão realizados: batimetria, para determinar a profundidade precisa onde o navio passará; fundeio, para definir o local onde a embarcação vai ancorar e permanecerá parada; e sinalização marítima, que, embora já exista, pode precisar de ajustes.

A expectativa é que, com a conclusão favorável desses estudos, o Espírito Santo possa atrair um significativo fluxo de turistas, gerando impactos econômicos positivos para a região. A Federação aponta que existe a possibilidade de desembarque próximo à Ilha do Boi, na capital capixaba. O Hotel Senac Ilha do Boi, que pertence ao Sistema Fecomércio, serviria como um ponto de suporte para o desembarque dos cruzeiros, o que depende do resultado desses estudos em andamento.

Uma tendência observada no setor é que empresas como operadoras e agências de viagem estão utilizando cada vez mais Inteligência Artificial (IA) e big data para atrair e informar os turistas. Tecnologias como realidade aumentada e realidade virtual são empregadas para que os turistas conheçam os destinos antes de visitá-los fisicamente.

Eixos da economia capixaba passam por monitoramento interligado, buscando oportunidades e ameaçasMercado de trabalho
O panorama mostra a evolução da quantidade de empregos com carteira assinada no Espírito Santo desde 2020. Há um crescimento constante no mercado de trabalho capixaba ao longo desses quatro anos. A média anual parte de 699.975 em 2020 para 842.064 em 2023. Essa evolução indica um ambiente favorável para a criação de novas oportunidades de trabalho e bom desenvolvimento econômico. Em 2023, o ES atingiu o maior nível de empregos com carteira assinada dos últimos 4 anos. Todos os setores econômicos apresentaram mais contratações do que desligamentos.

Isso pode ser um reflexo de diversos fatores, como investimentos, políticas públicas, dinâmicas econômicas locais e nacionais, entre outros. No que diz respeito ao perfil do mercado de trabalho, os setores de comércio e serviços empregaram 71% dos trabalhadores, majoritariamente jovens entre 18 e 24 anos, com escolaridade de nível médio em 2023.

O documento traz ainda algumas tendências do mercado, como a crescente demanda por habilidades em IA, programação, análise de dados, gestão de sistemas inteligentes e inteligência de negócios (BI), além das chamadas “habilidades verdes”, relacionadas à sustentabilidade. Modelos de trabalho híbridos, que combinam trabalho remoto e presencial, estão se tornando cada vez mais comuns.

A flexibilidade no ambiente de trabalho é cada vez mais relevante. Muitos profissionais estão buscando equilibrar suas vidas pessoais e profissionais. Diversidade, inclusão social e ações afirmativas também são tendências, que poderiam ser prioridade de gestão, não apenas para qualificar as pessoas, mas também para garantir sua inserção produtiva no mercado de trabalho.

Eixos da economia capixaba passam por monitoramento interligado, buscando oportunidades e ameaçasConsumo
A Intenção de Consumo e a avaliação do Endividamento e da Inadimplência das famílias revelam aspectos importantes da capacidade de consumo dos capixabas, o nível de renda, a dimensão dos compromissos financeiros e a capacidade de pagamento. O acompanhamento desses dois indicadores é importante para verificar o equilíbrio do
orçamento familiar, com implicações sociais e econômicas.

A análise da série histórica mostra que a crise econômica iniciada em 2014 impactou negativamente a intenção de consumo, com magnitude maior para as famílias de renda mais baixa, de até 10 salários mínimos (R$ 14.120). Enquanto as famílias com renda acima de 10 salários conseguiram se recuperar rapidamente, a recuperação para as famílias de renda mais baixa só foi ocorrer a partir de 2019.

Passados esses períodos, a intenção de consumo retomou o nível de satisfação (acima de 100 pontos) em 2023 e a disposição para as compras cresceu para as duas faixas de renda. Por outro lado, em 2023, o endividamento foi o maior da série histórica, iniciada em 2010, no entanto, a inadimplência não disparou, retornando ao patamar de 2019. O cartão de crédito figura como a principal dívida das famílias, com crescimento nos últimos cinco anos. Em 2023, foi registrado o maior nível de utilização, passando a uma média anual de 85,7%.

Para 2024, o desafio é criar um ambiente econômico propício para a redução da inflação e queda dos juros, juntamente com o crescimento do mercado de trabalho. Outro ponto é avançar na educação financeira: informações do documento mostram, por exemplo, que 55% dos consumidores não fazem controle de gastos mensais com cartão de crédito. As plataformas digitais para renegociação de dívidas avançaram muito e tendem a crescer. Órgãos públicos como Procons, Caixa Econômica Federal e Banestes estabeleceram portais de negociação, por meio de sites e aplicativos. De acordo com a Fecomércio-ES, a tendência daqui para frente é que o foco mude: da negociação de dívidas para educação financeira, que de fato é o que muda a vida das pessoas.

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