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O desafio de empreender; é preciso mais que investimento financeiro

A alta taxa de desemprego e desvalorização que o Brasil vive nos últimos anos, levou inúmeros brasileiros a colocarem em prática o sonho de ser dono do próprio negócio. Entretanto, muitas dessas pessoas começaram a empreender sem o preparo necessário e viram seus sonhos ruírem em pouco tempo.

Dados do Sebrae apontam que cerca de 21,6% das empresas brasileiras não resistem aos cinco primeiros anos de vida e decretam falência. Dentre os principais fatores está o acesso ao crédito, que é uma das principais dificuldades dos empreendedores.

De acordo com a última pesquisa de impactos da pandemia nos pequenos negócios, realizada pelo Sebrae e FGV, 47% dos empreendedores capixabas buscou por empréstimos. Destes, 51% obteve resposta positiva, 5% aguarda um retorno e 43% teve resposta negativa.

A dificuldade com o orçamento é uma realidade para muitos brasileiros, e essa falta de conhecimento para lidar com o dinheiro se reflete também na vida financeira dos negócios. Cerca de 61% dos empreendedores capixabas possuem dívidas, destes, 29% ainda não sabem como quitá-las.

Para o analista técnico do Sebrae ES, Allan Zamprogno, esse é um dos principais desafios do empreendedor. “O empreendedor tem que saber separar o seu dinheiro do dinheiro da empresa. Muitas vezes isso se mistura e, no final, ele não sabe se está ou não obtendo lucro. Outra coisa é saber como investir. Chegam pessoas para eu atender que saíram de seus empregos, pegaram todo o FGTS, gastaram tudo com equipamentos, mas sem planejamento, então acaba sem dinheiro para poder tocar o negócio pra frente”.

A microempreendedora Cerlina Gama revela que a parte financeira é realmente o maior desafio. “Eu sou dona de um bar e essa parte financeira é realmente complicada, já que o fluxo de dinheiro aqui é diário tanto de entrada, quanto de saída pela reposição das mercadorias. É complicado calcular os lucros, porque é como dizem: ‘Quem tem dinheiro todo dia, nunca tem dinheiro nenhum’”.

Planejamento

Em 2021, a falta de planejamento foi um problema para 12% a 18% dos empreendedores brasileiros. Outros fatores como falta de conhecimento em gestão e até mesmo sobre o segmento em crescimento, e a dificuldade de acesso ao crédito levaram à mortalidade das empresas. Mais de 21% das microempresas não passam de cinco anos em atividade.

Michele se aproveitou de uma necessidade individual para gerar um novo modelo de negócio. “A Amor Lúdico surgiu em 2019, a partir de uma necessidade de ter brinquedos educativos e pedagógicos de qualidade, e que utilizassem menos plásticos e pilhas para o meu filho, que entrava na fase de alfabetização”.

Hoje, a empresa, que ganhou forças durante a pandemia resgatando o antigo brincar, já faz entregas para fora do estado, participa de feiras e tem parcerias com diversas instituições clínicas, de ensino, entre outras.

Mas nem sempre foi assim, o início também foi complicado para Michele. “A falta de organização, principalmente nas metas e no que diz respeito à parte financeira e contábil é a minha maior dificuldade por aqui”. 

O desafio de empreender; é preciso mais que investimento financeiroFalta educação para o empreendedorismo

Os desafios sempre existiram na vida dos empreendedores, e de acordo com o Sebrae, dentre os principais problemas enfrentados pelos empresários, são citados a falta de educação para o empreendedorismo: nas escolas falta uma cultura do empreendedorismo nos níveis fundamental e médio.

A elevada taxa de impostos paga pelos empreendedores em nosso país é considerada o maior pesadelo para a saúde de uma empresa, além do excesso de burocracia, tanto para a abertura quanto para a manutenção das empresas. O Brasil é considerado um dos países mais burocráticos do mundo.

O acesso ao crédito, além de ser escasso, principalmente para pequenas e médias empresas, possui altas taxas de juros e não facilita a sustentabilidade das operações.

Investimento em marketing: a escolha das estratégias possíveis e adequadas ao negócio nem sempre é feita de forma certeira e bem planejada.

Quanto à Gestão de pessoas, ainda que seja necessário ter uma política de gestão de pessoas que carregue os propósitos da empresa, com capacitação constante e plano de carreira, nem sempre é possível contar com quem desempenhe eficientemente esse papel.

Crescimento de empresas

No último boletim do “Mapa de Empresas”, divulgado em outubro pelo Ministério da economia, o Espírito Santo aparece em grande destaque. O Estado é o que apresentou maior crescimento percentual de empresas abertas no segundo quadrimestre de 2022.

O levantamento aponta que existem no Espírito Santo 455.785 empresas ativas. Desse total, 85.607 foram abertas nos últimos 12 meses. Somente no 2º quadrimestre deste ano, foram abertas 30.080 empresas e fechadas 13.733, o que gera um saldo positivo de 16.347 negócios.

O desafio de empreender; é preciso mais que investimento financeiro
Foto: divulgação

Vila Velha está no topo da lista dos municípios que mais tem registros de Microempreendedor Individual (MEI) no Espírito Santo, com 53.504 MEIs ativos.  Ao todo, o Estado possui 341 mil microempreendedores individuais.

A fase inicial da gestão da empresa tende a ser a parte mais complicada. Os esforços são maiores devido aos recursos que ainda se apresentam mais limitados, exigindo uma dedicação praticamente de tempo integral.

O analista técnico do Sebrae ES, Allan Zamprogno, revela que muitos empreendedores não se preparam adequadamente para essa fase. “O primeiro desafio depois que você sai de uma CLT é entender que você trabalha em tempo integral, você é o gestor e ao mesmo tempo produtor do negócio e muita gente mistura as funções”.

Ser dono do próprio negócio pode ser libertador. Entretanto, antes de tomar a decisão de empreender, de acordo com o Sebrae, é importante observar alguns tópicos que devem ser avaliados, como o orçamento, por exemplo.

O investimento necessário para a abertura de um negócio é um dos principais pontos e esse orçamento pode variar de acordo com o segmento. Por isso, é importante realizar uma boa pesquisa de mercado e compreender todos os custos iniciais para colocar a sua ideia em prática.

Uma outra dica dada pela instituição é a de compreender a dinâmica do produto ou serviço do segmento que você está pensando em investir. É importante levar em consideração se o serviço tem um bom custo-benefício para se manter atrativo ao público, se os produtos têm consumo sazonal e a necessidade de reposição de estoque, para prever parte dos custos mensais. Conhecer o tipo de produto ou serviço que se quer investir é outro ponto que merece atenção. É sempre mais seguro investir em algo que já se tem experiência.

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