Autoridades chinesas anunciaram, na quinta-feira (13), que detectaram o novo coronavírus (Covid-19) em um controle de rotina de frango importado do Brasil. Mesmo com esse anúncio, as associações de Avicultores e Suinocultores do Espírito Santo (Aves e Ases) acreditam que a exportação do Estado não deve ficar prejudicada.
De acordo com o diretor executivo da Aves e Ases, Nélio Hand, o Estado exporta um terço do frango produzido no Brasil para mais de 165 países, exceto para a China.
Para Hand, a situação não significa um ponto negativo nem para o Brasil, e tão pouco para o Espírito Santo, por conta das medidas de segurança que estão sendo adotadas a partir de orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Creio que não seja uma suspeita dessa natureza que possa prejudicar e colocar em risco a produção no Estado. Por outro lado, as autoridades do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e entidades nacionais estão tomando as devidas medidas e buscando rastrear onde ocorreu, e se de fato, ocorreu”, explicou.
Em razão da pandemia, os cuidados, que já são grandes, foram reforçados no setor. De acordo com o diretor executivo da Aves e Ases, inúmeras medidas foram tomadas a fim de oferecer “risco zero” da contaminação de trabalhadores da indústria.
“A vinda da pandemia fez com que os cuidados, que nós já tínhamos, fossem mantidos e redobrados. No que diz respeito à proteção das pessoas, as medidas foram mais intensificadas e implementadas de forma certeira, desde transporte para o próprio local de trabalho, sendo veículos com distanciamento, uso de máscara, álcool em gel, e no ambiente do frigorífico, estabelecendo limites e a higienização apropriada, além do reforço dos EPIs”, esclareceu.
Produção no ES
A pandemia não provocou grandes impactos na produção de frango no Estado. Segundo a Aves e Ases, no primeiro semestre deste ano, a produção registrou índices parecidos com mesmo período de 2019, o que vai em convergência com a nacional, que pode sofrer redução na parte de carnes, provocada por uma regulação de mercado.
Também na quinta, em comunicado, o Ministério da Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) pediu à China explicações sobre a suposta contaminação de um lote de frango congelado brasileiro com o novo coronavírus. Em nota, a pasta informou que ainda não foi notificada oficialmente pelo governo chinês e que trata o assunto como “suposta detecção” de Covid-19.
Segundo o comunicado, a única notícia sobre a contaminação de um lote de frango partiu da prefeitura de Shenzhen, na província de Guangdong. De acordo com a autoridade sanitária da cidade, material genético do novo coronavírus foi detectado na superfície de uma amostra de asa de frango congelada. Outras amostras do mesmo lote, vindas do Brasil, foram analisadas, com resultado negativo.
Já nesta sexta-feira (14) as Filipinas impuseram uma proibição temporária às importações de carne de frango do Brasil depois que a cidade chinesa disse ter encontrado traços do novo coronavírus em carregamentos de alimentos congelados importados, incluindo asas de frango do país sul-americano.
Confira a nota na íntegra do Ministério da Agricultura:
Na manhã de hoje, foi publicada nota no site do município de Shenzhen, província de Guangdong, com informações da autoridade sanitária local sobre uma suposta detecção de ácido nucleico do coronavírus na superfície de uma amostra de asa de frango congelada, oriunda de um lote importado do Brasil.
Segundo a nota, outras amostras do mesmo lote foram coletadas, analisadas e os resultados foram negativos.
O Escritório de Prevenção e Controle de Epidemiologia de Shenzhen informou que todas as pessoas que manusearam ou entraram em contato com o material testaram negativo para a COVID-19.
Ainda na noite de ontem, após notícia veiculada na imprensa chinesa, o MAPA consultou a Administração-Geral de Aduanas da China – GACC buscando as informações oficiais que esclareçam as circunstâncias da suposta contaminação.
Até o momento, o MAPA não foi notificado oficialmente pelas autoridades chinesas sobre a ocorrência.
O MAPA ressalta que, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), não há comprovação científica de transmissão do vírus da COVID-19 a partir de alimentos ou embalagens de alimentos congelados.
O MAPA reitera a inocuidade dos produtos produzidos nos estabelecimentos sob SIF, visto que obedecem protocolos rígidos para garantir a saúde pública.
Com informações de Agência Brasil e Reuters.