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Facebook, Instagram e WhatsApp: redes sociais estão prejudicando as pessoas e a sociedade?

A Facebook Inc., a corporação que controla as plataformas Facebook, Instagram e WhatsApp, teve pesquisas internas sobre o desempenho da ferramenta e reflexo na sociedade tornadas públicas no mês passado, por uma fonte anônima.

Frances Haugen, cientista da Informação de 37 anos, formada na Universidade Iowa, mestra em Negócios pela Universidade de Harvard e ex-executiva da corporação, deu rosto e nome ao denunciante anônimo há pouco mais de uma semana e, devido à gravidade das acusações contra a empresa, foi chamada a prestar depoimento diante do Senado dos Estados Unidos na última terça-feira (5).

As dezenas de milhares de páginas de pesquisas internas da Facebook Inc. apontam que as plataformas Facebook, Instagram e WhatsApp, ampliam o alcance e o consumo de discursos de ódio, fake news e desinformação, e de discursos antipolíticos pelos usuários, além de provocar o adoecimento de pessoas, principalmente adolescentes. Esta última constatação foi que levou o Senado americano a convidar Frances para depor no Capitólio.

A corporação respondeu, nesta última quarta-feira (6), por meio do porta-voz, o criador do Facebook, Mark Zuckerberg, dizendo que as pesquisas foram mal interpretadas e que trabalha dia e noite para que as ferramentas e produtos da empresa façam o oposto daquilo apontado pela ex-executiva.

Mark ainda se dirigiu a todos os executivos e colaboradores, para que “se empenhassem nos próximos dias e semanas para dar uma resposta consistente sobre o que ‘realmente estão promovendo com seu trabalho’.”

Em entrevista televisionada nos EUA, Frances, que já trabalha nesse ramo há 15 anos, tendo passado por empresas como Google e Pinterest, conta que, dentro do Facebook, havia um conflito de interesses entre o que seria bom para o público das plataformas e o que seria bom para a própria empresa.

“Eu vi que, apesar dos colaboradores apontarem o que era preciso mudar na plataforma para benefício dos usuários, por diversas vezes o Facebook promoveu mudanças que apenas favoreciam o seu modelo de negócio, independente dos danos que pudesse causar aos indivíduos e nas sociedades do planeta”, aponta Frances.

Três principais acusações foram feitas a partir das evidências apresentadas pela ex-executiva. Para conseguir a documentação que pudesse fundamentar essa empreitada “de peso”, ela permaneceu no posto até maio deste ano, mesmo tendo decidido, em janeiro, que não ia mais tolerar a política praticada pela Facebook.

Nesse período, Frances fez cópias das pesquisas internas cujos dados ela acreditava serem suficientes para sensibilizar a população e os poderes legislativo e executivo do país.

O que apontam as pesquisas internas do Facebook?

1º – O Facebook sabe que o algoritmo privilegiava discursos de ódio e antipolíticos, dividindo e polarizando os usuários mais e mais, o que ficou evidente nas eleições de 2016 nos EUA com o escândalo da Cambridge Analytica e eleição de Trump, e a vitória pelo Brexit por voto popular no Reino Unido.

“Para que a má influência do Facebook nas eleições não se repetisse, a empresa não mudou o algoritmo que rende milhões diariamente, mas ‘ligou’ uma ferramenta durante o período eleitoral que impedia o alcance indiscriminado das informações publicadas. Assim que as eleições terminaram, a ferramenta foi desligada. E o que vimos foi a invasão do Capitólio”, conta Frances ao programa jornalístico televisivo 60 Minutes, se referindo às centenas que se organizaram e invadiram o congresso americano para protestar contra a derrota de Trump em janeiro. Promotores de Justiça usaram publicações feitas no Facebook com conteúdos extremistas como provas em ação contra organizadores da invasão.

2º – O uso das redes sociais da empresa, os conteúdos que ela privilegia para que apareçam no feed dos usuários, provocam o adoecimento mental das pessoas, principalmente de mulheres na adolescência. Uma apresentação interna sobre os efeitos do Instagram diz que “pioramos os problemas com a imagem do próprio corpo para uma a cada três (32%) garotas adolescentes”. Também há indícios de que as redes sociais potencializam casos de ansiedade e depressão entre os jovens, sendo um ambiente tóxico e cheio de discurso de ódio.

3º – As redes sociais da Facebook Inc. têm impacto direto nas sociedades democráticas do planeta, e seus respectivos futuros políticos, e de todas as outras sociedades com que elas se relacionam. Se trata da preferência das plataformas à disseminação de discurso de ódio, fake news e desinformação em detrimento de conteúdos que não tem impacto negativo sobre a emoção das pessoas. Segundo Frances, “o Facebook sabe que conteúdos que mexem com o sentimento das pessoas são mais engajadores e mantém as pessoas interessadas no feed das plataformas por mais tempo, rendendo mais cliques e mais lucro para a corporação”.

O que levou a executiva de sucesso a deixar seu trabalho foram 2 fatores principais: as pessoas que levantavam questões dentro da empresa, como Frances está fazendo publicamente agora, eram silenciadas de diversas formas; e permanecer na empresa sabendo tudo o que sabia sem fazer nada seria ser conivente com as práticas da empresa. Segundo Frances, a corporação está mentindo para o público quando diz que promovem melhorias constantes em suas plataformas. “A Facebook sabe o que está provocando nas pessoas e no mundo e, por pior que sejam esses efeitos, ela permanece fazendo pelo lucro que suas atividades rendem”, diz Frances.

“Esta reportagem é uma produção do Programa de Diversidade nas Redações, realizado pela Énois – Laboratório de Jornalismo, com o apoio do Google News Initiative”.

Assista à entrevista (em inglês).

FOTO DESTAQUE: reprodução

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