Nesta terça-feira (29) é comemorado o Dia Nacional do Livro. A data celebra o livro como a invenção mais enriquecedora da história da humanidade. Além disso, o dia tem como proposta principal o incentivo à leitura no país.
Esta também é a intenção de projetos de leitura realizados pelas escolas das redes públicas e privadas da Grande Vitória, buscando acrescentar na educação de crianças e jovens.
De acordo com a Prefeitura de Vila Velha, todas as 101 escolas municipais possuem projetos de incentivo e aperfeiçoamento à leitura, trabalhados em todos os níveis de ensino. Todas as atividades em sala de aula envolvem algum tipo de manifestação artística ou cultural, tendo em vista o desenvolvimento do gosto pelos textos.
No período entre 23 a 29 de outubro, as escolas do município comemoram a Semana Nacional do Livro. A data tem como objetivo principal a conscientização sobre a importância do acervo bibliográfico das escolas, como instituição responsável pela disseminação da cultura e da informação.
A Secretaria da Educação Estadual (Sedu) acredita no potencial transformador que a leitura possui. Diante disso, ela tem uma parceria com o Instituto Natura para a realização do projeto “Na Trilha do PAES”, voltado para a leitura em voz alta na sala de aula com a instrução dos professores. Outra ação da Sedu é a criação da primeira Academia Estudantil de Letras do Estado (AEL), em 2016, na escola estadual Joaquim Beato, na Serra. Atualmente, a iniciativa já fundou a segunda AEL no colégio da rede estadual Galdino Antônio Vieira, no município de Vila Velha, em homenagem ao escritor Ítalo Campos, membro da Academia Espírito-Santense de Letras.
“A iniciativa busca explorar a humanização da literatura, sensibilizando e provocando reflexões, para elevar a autoestima e favorecer o exercício do protagonismo infanto-juvenil”, afirmou a diretora da escola, Ivanna Silva Carneiro da Frota.
Em cada encontro, os próprios alunos da instituição escolhem os livros que querem ler e realizam uma pesquisa sobre o autor, sendo realizado um seminário lúdico sobre o tema para melhor fixação do que eles aprenderam.
Cantinhos de leitura
A Prefeitura da Serra também crê que o incentivo à leitura desde cedo beneficia a vida dos alunos. O estímulo pelos livros parte de todas as 139 unidades escolares do município, desde a educação infantil até o ensino fundamental. Por isso, diversas escolas e creches possuem “cantinhos de leitura”, como no Cmei Marina do Nascimento em Campinho da Serra II. Essas ações são frequentes nas escolas e bibliotecas municipais.
A professora da EEEFM Nova Carapina na Serra, Priscilla Cruz, que comanda dois projetos de leitura, comenta que essas ações realizadas em sua escola atuam não só no aprimoramento da leitura, mas também na autoestima dos estudantes. “A leitura, além de ser ampliadora de conhecimento, é uma base para a interpretação e a escrita dos estudantes. Além disso, a gente tinha identificado esses problemas no colégio” coloca a professora.
Criadora do Clube do Livro na escola onde atua, a professora Priscilla comenta a evolução dos alunos. “Percebo que existe um empoderamento em certos alunos quando eles vão ao clube. Na sala de aula, alguns ficam sem interagir, mas no clube, se soltam, comentam o tema e criam coragem para falar” afirma.
A escola municipal Luzbel Pretti, em Cariacica, propõe que a leitura possa ser um espaço de fruição, tenha o potencial de emancipar o indivíduo e transformá-lo em um ser mais crítico. O projeto Emília consiste em alunos do 9º ano da escola lerem histórias para as séries anteriores do contra turno. A inspiração para o projeto veio da obra de Monteiro Lobato “A Reforma da Natureza”, publicada pela primeira vez em 1941.
Segundo a Secretaria Municipal de Cariacica, projetos como esse são desenvolvidos em todas as escolas da rede pública para instigar aos alunos a paixão pela leitura e pelo conhecimento.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação de Vitória (SEME) afirma que o incentivo à leitura e a potencialização de ações que envolvem literatura, produção e interpretação de texto são práticas diárias e contínuas na rede municipal de ensino da capital.
Todos os Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e as Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs) contam com atividades de leitura que ocorrem ao longo de todo ano para os 50 mil estudantes da cidade. Feiras literárias e rodas de leitura com autores capixabas e diversas outras ações são rotinas estipuladas pelas equipes de cada escola.
E as particulares?
As escolas particulares da Grande Vitória não ficam de fora quando o assunto trata-se de incentivar os estudantes a lerem mais. Feiras temáticas e eventos abertos à comunidade que propõe dissertações literárias são algumas das práticas que as instituições vêm propondo.
Por exemplo, o Centro de Ensino Charles Darwin promove o Festival de Literatura do Darwin (FLiD), evento aberto à comunidade escolar, realizados por segmentos da educação infantil até o ensino médio nas unidades do colégio. O FLiD envolve a exposição de trabalhos e apresentações, pautados da expressão da literatura, artes e música evidenciando trabalhos desenvolvidos ao longo do ano.
Dentre os mais de 550 alunos do Colégio Salesiano, todos participam de projetos de incentivo à leitura. São eles: Leitura em Família, para os alunos do 1º ano; Passaporte da Leitura, para o 2º ano; Ciranda da Leitura, que envolve as turmas do 2º ao 5º ano.
De acordo com a supervisora do Ensino Fundamental I da unidade de Jardim Camburi, Gyselle Martins, os projetos são muito bem aceitos pelos estudantes. “Os alunos se adaptam muito bem, com grande envolvimento com a atividade, pois para cada faixa etária (série), pensamos em abordagens diferentes que vão de encontro às suas necessidades” conclui.
Projetos que dão frutos
Alguns desses projetos de incentivo dão resultados surpreendentes. A exemplo da estudante da rede municipal, Emily Teixeira Cardoso Souza, que disputa, atualmente, a 6ª edição da Olimpíada de Língua Portuguesa.
Aluna do 7° ano da Emef Profª Amélia Loureiro Barroso, em Enseada de Jacaraípe, na Serra, já deixou mais de 170 mil participantes para trás e concorre a etapa nacional. O pai da menina, Ademilton Teixeira, confirma que a escola onde Emily estuda sempre passa atividades que incentiva ela a ler e escrever. “A escola é muito boa, eu mesmo já fui aluno de lá e até meu filho mais novo também estuda na mesma” diz o pai.
Para a gerente de Ensino Fundamental, Eliana Reis, a participação de estudantes da rede municipal da Serra na Olimpíada confirma que “estudantes da escola pública leem e escrevem bastante”.
Emily agora concorre contra outros 443 textos de todas as categorias selecionados para a etapa regional do concurso. Destes, serão escolhidos apenas 173 para a etapa nacional. Apenas 28 passarão por essas fases e se tornarão os grandes vencedores de 2019.
Em frente ao colégio Humberto Piacente no bairro Alecrim VV, de 15 em 15 dias estaciona uma van biblioteca, algumas vezes que lá fui, vi pessoas da comunidade pegando emprestado e devolvendo livros, já lidos, vi pessoas muito muito simples devolvendo livro do Rubem Alves, e também já presenciei pessoas da comunidade procurando o livro Casa Grande e Senzala do Gilberto Freire, que beleza não é mesmo.