Quando o Ministro Gilmar Mendes disse que o ex-juiz Sérgio Moro deveria frequentar mais a biblioteca do Senado para preencher as lacunas que a ele, Moro, faltavam, muitos vibraram.
Vazio intelectualmente em muitos aspectos, ainda segundo o Ministro, o hoje senador, ainda segundo Gilmar Mendes, acreditou na figura de salvador da pátria criada para elepor setores da imprensa a partir da operação lava jato.
O Ministro Alexandre de Moraes, em palestras e entrevistas, frequentemente se manifesta sobre o 8 de janeiro, matéria que está sob seu julgamento.
Claro que os fatos de 8 de janeiro merecem dura condenação de todos nós.
O Ministro Luiz Roberto Barroso é recorrente em falar sobre temas de costume.
Independentemente de estarmos contra ou a favor da opinião do Ministro Gilmar (e eu sou um grande crítico da chamada operação lava jato, pelos seus muitos equívocos e pelo desserviço que prestou ao Poder Judiciário e a compreensão da importância do contraditório e da ampla defesa no processo criminal), de condenarmos, como condeno, veementemente os atos do 8 de janeiro, há uma questão que penso merece um debate maior.
Falo sobre a exposição dos Ministros do Supremo Tribunal Federal na mídia, com exposição excessiva, entrevistas sobre todas as matérias, inclusive sobre aquilo que podem vir a decidir, em comportamento incompatível com a discrição que se espera dos integrantes daquele Tribunal.
Não cabe aos Ministros do STF discutir publicamente os temas que estão em discussão no Congresso, na sociedade.
A transparência vai ocorrer, e é imprescindível, em seus votos, com a necessária publicidade das decisões.
Mas não lhes cabe buscar os holofotes da opinião pública, como que buscando influenciar o debate público.
Democracia é, também, saber o papel que ocupa dentro das regras constitucionais.
Publicidade das votações, transparência nas decisões, isso é democratizar o poder Judiciário.
O mais é ultrapassar limites, o que é incabível numa democracia.