O IBGE divulgou a terceira estimativa para a safra de grãos para o ano de 2024. Após bater recorde no ano passado, o prognóstico agora é de uma redução de 2,8%, totalizando 306,5 milhões de toneladas.
Um ponto positivo é que não demonstra ser algo generalizado, mas mais concentrado. O grande impacto será, a princípio, na área do milho, com projeção de recuo de quase 13% na 2ª safra, a maior delas. No sentido oposto, a soja deve crescer pouco, 1,7% e o trigo tende a se expandir em 33%.
Outro olhar está nos preços dessas commodities, que são produtos negociados no mercado internacional. Em sua maioria, o valor negociado atualmente está mais baixo do que há um ano, o que ajuda a conter os preços no mercado doméstico.
Embora o Brasil seja um grande produtor e o maior exportador de milho do mundo, essa expectativa de fortequeda na próxima safra não tem surtido efeito no valor na bolsa de Chicago, por conta, possivelmente, de uma compensação de um aumento de produção nos Estados Unidos ou China, outros grandes players mundiais no mercado de milho, ou pelo esfriamento da atividade dessas economias, influenciando na dinâmica dos preços.
Assim, num primeiro momento, a tendência é que os preços de soja, milho, trigo e seus derivados continuem sem pressão para o consumidor, mantendo o comportamento observado ao longo de 2023. Segundo o IPCA, do IBGE, houve deflação de quase 30% no preço médio de óleo de soja no país e queda de 11% na farinha de trigo.
Há um risco no ar que pode mudar essa situação em algum grau. O fenómeno climático El Niño, que traz mudanças na temperatura, com excessos de calor e chuva, pode gerar impactos ao longo do desenvolvimento das plantações nas regiões Sul e Centro-Oeste. Se de fato houver influência, pode gerar efeitos sob duas óticas:
Portanto, a notícia do IBGE é mais um alerta para observação do que propriamente um risco para os consumidores. Não há, até o momento, indicações para um possível aumento expressivo nos preços. Ou seja, bolso do consumidor ainda preservado, sem grandes riscos.