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9 de maio de 2024
quinta-feira, 9 de maio de 2024
Fernando Carreiro
Fernando Carreiro
Há 18 anos, Fernando Carreiro vive no meio do poder e dos poderosos. Jornalista, é consultor de comunicação especializado em crises de imagem, estratégia política e comportamento humano.

Serra Esporte Clube Político em partida com cara de final de Copa do Mundo

A Serra sonha há quase duas décadas com um movimento que está prestes a acontecer. A aproximação entre criador e criatura, Sérgio Vidigal e Audifax Barcelos, é aguardada pelo serrano como final de Copa do Mundo em que se joga o Brasil. Os dois, a propósito, protagonizaram um verdadeiro Fla-Flu, com direito a vaias e aplausos de parte a parte, desde que romperam definitivamente, em 2008.

Serra Esporte Clube Político em partida com cara de final de Copa do Mundo

O prefeito Vidigal e o pupilo Weverson Meireles, lançado no último sábado como seu candidato à sucessão, indicaram querer uma aproximação com o algoz Audifax, contra o “retrocesso”. O “retrocesso” tem nome e sobrenome para o grupo: Pablo Muribeca. Quarenta e oito horas depois da declaração dos dois em entrevista coletiva, Audifax devolveu o sinal: disse estar “à disposição” para esse encontro.

Desde que aquele que já foi um mesmo grupo se rompeu, a Serra, também dividida, vibrava a cada eleição. A escolha sempre ficava entre um e outro, e é assim há 28 anos. Durante todo esse tempo, o município deixou de lado o ostracismo e hoje é a primeira economia do Espírito Santo. Essa alternância de poder, por sua vez, deixou o serrano cansado da alternância entre as duas figuras, mas não a ponto de substituí-las. A memória da época em que era considerada “o patinho feio” da região metropolitana da Grande Vitória não permitia apostar no desconhecido. Com o crescimento de Muribeca nas pesquisas, é a esse discurso que os dois apelam.

Ao levantar o braço de Weverson e conectá-lo diretamente aos avanços da Serra nos últimos anos, apontando ser ele a figura que preparou para comandar a cidade, Vidigal promove um discurso que já constava nas pesquisas qualitativas dos últimos anos: o serrano quer um novo nome, mas essa novidade precisa ter o DNA de uma das duas figuras que ajudaram a mudar a história da Serra. Se for com o apoio das duas figuras, cada uma segurando em um ombro, a equação seria perfeita. E é nisso que apostam, mesmo de forma velada, Audifax e Vidigal.

Os dois sabem que a ascensão de Muribeca ao posto de prefeito pode romper com esse ciclo de quase três décadas e, na iminência de perder o poder para um desconhecido – o que, na política, pode ser o início de novas partidas, com novos times, deixando para trás a memória dos campeonatos e permitindo que seus nomes passem a figurar apenas nos livros de História e álbuns de figurinhas –, decidiram, portanto, ao menos tentar o diálogo.

Esse ensaio de aproximação já ocorre há alguns anos. Em 2016, Audifax chegou a fazer essa sinalização, não correspondida à época por Vidigal. A decisão de, quem sabe, estarem juntos hoje só mostra a preocupação com o crescimento do adversário em comum. Há um consenso popular de que o ódio une mais que o amor.

A união pode selar ainda uma parceria para os próximos anos. O bastidor político já comenta uma guinada de 90 graus nos planos desenhados por Vidigal no último fim de semana. Uma possível união entre os dois grupos poderia colocar Audifax na cabeça de chapa, como candidato a prefeito, tendo Weverson de vice e o apoio da administração, na figura de Vidigal. Uma trinca praticamente imbatível porque fala diretamente ao coração do serrano. Em 2026, Audifax poderia renunciar a seu mandato para concorrer a uma vaga no Senado ou como deputado federal e a gestão ficaria nas mãos do pupilo de Vidigal, que, por sua vez, pode disputar um posto ainda maior.

Depois do evento de sábado e a partir dos discursos e movimentos políticos, especialistas avaliam que o hoje prefeito da Serra pode disputar o Governo do Estado em 2026.

Uma outra possibilidade seria ter Audifax apenas como apoiador nesse processo, mas, para isso, ele teria de recuar em sua pré-candidatura – que, é verdade, sequer foi anunciada, mas é tida como uma das prioridades do Progressistas, seu partido –, e convencer sua legenda a se unir a Vidigal, que teve, no passado, alguns desentendimentos com seu presidente, deputado Da Vitória, que pertenceu ao PDT.

O jogo está apenas começando, e ele tem dois turnos, como se sabe: o primeiro em 2024 e o segundo em 2026. Vidigal já escalou parte do seu time, que pode ter um velho conhecido adversário do mesmo lado do campo. Do lado oposto, querem um jogador isolado, perdendo de goleada. Essa é a estratégica dos técnicos. Sim, “dos”, no plural. Algo que nunca se viu no futebol é a figura de dois preparadores comandando uma mesma partida. Mas como essa é de dois tempos políticos, talvez eles possam se revezar no poder, como vêm fazendo há quase três décadas. Só que, desta vez, brigando na mesma trincheira.

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Há 18 anos, Fernando Carreiro vive no meio do poder e dos poderosos. Jornalista, é consultor de comunicação especializado em crises de imagem, estratégia política e comportamento humano.

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