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Brasil cresce 2,9% em 2023! Mais um voo de galinha?

A economia brasileira cresceu 2,9% no ano passado, conforme divulgação do IBGE. O desempenho do PIB não fugiu das expectativas, algo em torno de 3%. O carro chefe da economia no ano passado foi o agronegócio que teve, no 1º trimestre, um resultado extraordinário a partir de uma safra recorde. No ano, o setor primário registrou elevação de 15,1%. Ainda na ótica da produção, os serviços, que compõem 70% do PIB, anotaram crescimento de 2,4% e indústria subiu 1,6%.

Mas se os setores estão crescendo, por que ser pessimista em relação a economia no futuro próximo? Não seria somente uma vontade de falar mal do atual governo e de sua política econômica? Então, as razões que me levam a crer que o Brasil segue para mais um voo de galinha estão baseados nos números e não em achismos ou gosto político.

Para que um país consiga crescer de forma sustentável, forte e de longo prazo, é fundamental que haja uma expansão nos investimentos. E não foi o que aconteceu no ano passado, por exemplo. O que o IBGE chama de formação bruta de capital fixo, traduzindo para investimentos numa linguagem simples, caiu 3% no ano passado e a sua participação no PIB volta aos 16,5%, menor nível desde 2019. Assim, fica claro que não é um problema pontual, mas estrutural, de falta de força para atrair investimentos.

Por outro lado, o consumo das famílias cresceu 3,1% e do governo 1,7%. De fato, aumentar gastos, sobretudo das famílias, é importante. O mercado de trabalho mais aquecido e uma inflação moderada contribuíram para essa recomposição do orçamento doméstico. O problema está na falta de investimento para haver o equilíbrio entre oferta e demanda agregada. Percebam como o cenário vai se fechando?

De um lado há o amento da demanda, por outro, uma queda de oferta. Essa conta deve chegar por onde? Evidentemente, pela inflação. Não há outro caminho. Além disso, se a tendência dos preços é manter pressionada, a taxa de juros tende a cair menos.

A baixa poupança também é um grande limitador para dar um ritmo mais forte no crescimento econômico. Em 2023, a taxa de poupança bruta foi de 15,4% ante 15,8% do ano anterior. Se o país não consegue poupar, terá que buscar formas de financiamento com condições menos vantajosas mundo à fora.

Por mais que o resultado do PIB de 2023 coloque o país de volta entre as 10 maiores economias do mundo, não se pode fechar os olhos para os problemas estruturais do nosso crescimento. O ano passado foi marcado pela safra recorde e por uma conjuntura internacional de commodities mais favorável, o que não ocorrerá neste ano.

O país segue na sua armadilha de baixo crescimento, com expectativa para crescer 2% neste ano, voando baixo, com pouco investimento e baixa poupança. Os números do PIB trazem um cenário claro dos riscos que o Brasil enfrenta e que caso não sejam aprimorados, o país seguirá perdendo competividade mundial, com pressões inflacionárias e juros elevados. Crescer é ótimo, o problema está no como crescer, na qualidade do avanço. Esse é o meu ponto.

Guilherme Dietze
Guilherme Dietze
Guilherme Dietze - graduado em economia pela Universidade de Vila Velha (UVV), especialista em elaboração de pesquisas de mercado pela FIPE/USP, Consultor da Federação do Comércio de São Paulo e a da Bahia, Conselheiro Suplente do Corecon-SP e sócio da Scopus Consultoria.

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