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O caminho para a refundação do Bandes traz uma perspectiva positiva para a economia capixaba

Quando falamos de ciclos, nos referimos a trajetórias que começam e terminam. Importante, nessa jornada, encerrar de forma positiva e saber que o que foi entregue contribui para um bem maior. À frente do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) por quase dois anos, instituição tradicional e de grande relevância para a história econômica capixaba, recebi a missão de ampliar o portfólio de produtos e serviços e, ao mesmo tempo, modernizar processos e valorizar a equipe.

Neste momento de “passagem de bastão”, destaco as entregas até aqui realizadas que possibilitam uma perspectiva otimista para que o empresariado capixaba possa contar com o Bandes, não apenas para a contratação de crédito produtivo tradicional, já consolidado e de grande importância. Mas, sobretudo, para o fomento à economia por meio de novos programas, fundos private equity, ampliação do diálogo com players estratégicos para nossa economia e de atendimento à gestão pública municipal.

Este processo parte do princípio que a modernização da instituição se fez necessária para o atendimento da nova realidade econômica, permitindo ampliar sua atuação, atendendo ao desenvolvimento equilibrado das diferentes microrregiões, de forma eficiente e atenta às demandas sociais, ambientais e econômicas.

O trabalho realizado resultou em balanço financeiro histórico. O lucro líquido da instituição deve chegar próximo aos R$ 80 milhões. Trata-se do maior valor alcançado pela instituição em seus mais de 55 anos de existência. O resultado representa um valor 60% maior ao alcançado no mesmo período de 2021, quando o banco lucrou R$ 50,1 milhões. O desempenho do Bandes nos últimos anos representa uma reversão de desempenho frente aos exercícios anteriores, quando o banco apresentou déficit em seu balanço patrimonial, após a necessária opção pela reclassificação de operações da carteira de crédito em níveis de risco adequados.

Esse trabalho na reestruturação interna, nos últimos anos, também foi grande alavancador desse resultado, permitindo ao banco se organizar, com ganhos em aplicação financeira, em renegociação de débitos e melhoria de processos internos, abrindo o caminho para que o Bandes restabelecesse seu protagonismo frente às políticas públicas de desenvolvimento, renovando sua maneira de atuar. Essa nova versão do banco contribui para um novo ciclo econômico pelo seu papel transformador de realidade.

O banco já possuía uma participação bastante exitosa no desenvolvimento capixaba, sendo decisivo em diversos ciclos econômicos. Portanto, o trabalho consistiu em ampliar essa atuação, com intensificação de parcerias com outras entidades públicas e com a iniciativa privada. A carteira de crédito passou por ampliação do funding, quando, por exemplo, o banco oficializou a captação de US$ 30 milhões junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Um marco importante na história do banco capixaba: é a primeira captação de recursos com uma instituição financeira internacional. O Bandes tem buscado alternativas de recursos para reforçar a sua capacidade de dar suporte financeiro às empresas do Estado neste momento de retração econômica e para subsidiar o novo ciclo econômico pós-pandemia.

A boa reputação e os resultados entregues à sociedade pelo Bandes, somados ao trabalho do corpo técnico, possibilitou triplicar a disponibilidade de recursos para repasse com origem na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a retomada de repasse de recursos oriundos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Os recursos possibilitam o apoio ao parque industrial capixaba e ao ecossistema de inovação local. O reforço em caixa potencializou também programas de fomento que contribuíram, decisivamente, para empresários capixabas pudessem resistir aos efeitos econômicos pandêmicos, com manutenção de empregos e da capacidade produtiva, em destaque, com produtos específicos para setores de Comércio, Serviços e de Turismo. Temos belos exemplos do Fundo de Proteção ao Emprego, que garantiu postos de trabalho de milhares de capixabas, e o Bandes Retomada, disponibilizando capital de giro para impulsionar a gradual retomada econômica.

Outras frentes de grande atenção foram na gestão de fundos e a disponibilidade de serviços de modelagem licitatória direcionados às prefeituras. Com o ES Inteligente, a administração pública municipal ganha um parceiro para a estruturação e o desenvolvimento de estudos de viabilidade técnica, modelagem licitatória e de assessoria integral para projetos de concessões públicas e parcerias público-privadas (PPP) nos municípios capixabas.

Lançado em novembro de 2021, o ES Inteligente conta, atualmente, com a adesão de 21 municípios capixabas. Com um trabalho técnico, desenvolvido em conjunto pelas equipes do Bandes e o IPGC, os municípios podem ampliar a oferta de serviços à população, podendo licitar, junto à iniciativa privada, serviços públicos que envolvem eficiência energética, com infraestrutura de telecomunicações, videomonitoramento e internet gratuita para a população, entre outros de grande relevância para qualidade de vida dos munícipes e para atração de novos empreendimentos.

Por fim, a joia da coroa do novo Bandes, os Fundos de Investimento em Participação (FIPs) que retratam uma nova forma de atuar do banco. A estruturação pelo Governo do Estado do Fundo de Investimento em Participações (FIP) Funses 1, um fundo na modalidade venture capital multiestratégia, com recursos do Fundo Soberano do Estado do Espírito Santo (Funses) no valor de R$ 250 milhões, trouxe grande expectativa no meio econômico.

Com potencial para ser um indutor na atração de novas empresas para o Espírito Santo, além da modernização do parque industrial atual, o FIP Funses 01, possui foco no investimento em empresas de alto potencial de inovação, startups e em empresas tradicionais, mas estratégicas para impulsionar as cadeias produtivas locais.

Encerrando este ciclo, com o senso de dever cumprido e sabendo que esta refundação da instituição permite que o banco dê passos firmes em direção ao futuro. Os projetos até aqui entregues, incorporados com os que estão em andamento no Bandes, permitem que o Espírito Santo tenha um banco de desenvolvimento para chamar de seu, com potencial para trazer projetos estruturantes para nosso Estado.

Munir Abud de Oliveira
Munir Abud de Oliveira
Advogado. Pós-graduado em Direito Administrativo pela Pontifícia Universidade Católica (PUC/MG). Mestre em Direitos e Garantias Fundamentais pela Faculdade de Direito de Vitória (FDV). Foi Procurador Geral do Município de Anchieta/ES (2013-2016). Diretor-Presidente Agência de Regulação de Serviços Públicos do Estado do Espírito Santo (2019-2020). Atualmente é Diretor-Presidente do BANDES (Banco de Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo), Diretor e Presidente da Comissão de Recursos Humanos da ABDE (Associação Brasileira de Desenvolvimento), Conselheiro e Coordenador do Comitê de Compliance do SEBRAE/ES.

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