“Eu fico com a beleza da resposta das crianças, é a vida, é bonita e é bonita. Viver, e não ter a vergonha de ser feliz…”
E eis que, de repente, provavelmente um terraplanista qualquer, decide que a utilização do ozônio é eficaz no combate à Covid-19.
Se fosse apenas isso até seria aceitável.
O problema é que a nova técnica terapêutica envolve um ritual absolutamente sinistro: uma espécie de botijão para armazenamento do ozônio e uma mangueira de calibre duvidoso.
O apartado é introduzido no ânus da suposta vítima, a válvula é aberta e, do nada, transformam o fiofó do pobre coitado em pneu de bicicleta sendo calibrado nas bombas dos postos de combustíveis.
Fico imaginando como as futuras gerações irão, daqui a 100 anos, interpretar a vida humana no início do século 21.
A pergunta que não quer calar é: você não tem nada mais interessante para falar?
A resposta é, definitivamente, não tenho.
Um país que vai literalmente comemorar a marca dos 100 mil mortos pela Coivid-19 já neste fim de semana, no estilo “Globo e você, tudo a ver. Para comandar a necroteca, ele que ainda não teve a morte cerebral atestada por médicos, Galvão Bueno”.
Uma data festiva, sem dúvida alguma. Afinal, a emissora vem se preparando para esse evento magistral desde o início da pandemia. Na verdade, esperou apenas o fim do carnaval quando, ignorando avisos das autoridades sanitárias, promoveu desfiles das escolas de samba e aglomerações por todos os cantos dessa nossa pátria-amada-salve-salve”, para dizer que o presidente Jair Bolsonaro inventou o coronavírus.
Considerando a quantidade3 de bobagens que o presidente fala habitualmente, o coronavírus seria apenas mais uma, e certamente não a última.
Mas o que esperar de um país em que o Supremo Tribunal Federal, um colegiado que reúne os bobos da corte, continua achando que o problema mais grave enfrentado pelos brasileiros são as fake news.
Estamos comemorando 100 mil mortes pela Conad-19 e o ministro nazifascista Alexandre de Moraes ainda não descobriu o quanto ele é absolutamente inútil à sociedade brasileira.
Não tenho a menor dúvida de que daqui a 100 anos, quando os robôs forem estudar o comportamento social dos anos de 2020, alguém terá um acesso de riso quando descobrir que o ministro Ricardo Lewandowsky, o protetor dos corruptos e traficantes, chegou a presidir o STF…
E qual a solução encontrada para essa suruba jurídica?
A indicação de um ministro “terrivelmente evangélico” (e não se trata, necessariamente, de redundância) para a vaga de Celso de Melo, em setembro, é mais uma faceta desse “Brasil, ame-o-ou-deixe-o”.
Afinal, somos ou não um país laico?
É mais ou menos como se a clássica pergunta “você quer ser testemunha de Jeová?” fosse substituída por “você quer ser ministro do STF?”, porque num caso e no outro, nenhum atributo pessoal, ético e moral precisa ser considerado.
Com a vantagens para as testemunhas de Jeová que, pelo menos, são levados a se arrepender dos pecados.
Eu continuo com a beleza da resposta das crianças: é a vida, é bonita e é bonita.
Morro de vergonha de fazer parte da chamada casta dos operadores do Direito.
Morro de vergonha (e de medo) de viver num país governado por Dias Tóffoli, Alexandre de Moraes, Gilmar Mendes, Marco Aurélio Mello e Fernandinho Beira Mar.
Que Deus tenha piedade de nossa alma.
Se bem que o mais apavorante de tudo é a probabilidade de Deus dizer “isso está fora de minha alçada, você vai ter que resolver como STF”.