Uma história de lutas, alegrias, superação e muito orgulho. Fellipe Grego Figueiredo, até o ano passado, era aluno da rede municipal e foi aprovado em primeiro lugar no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes).
O adolescente, de 14 anos, é surdo e era aluno da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Manoel Melo Sobrinho. Na Emef, o garoto teve o auxílio do Atendimento Educacional Especializado, que é supervisionado pela equipe da Secretaria Municipal de Educação (Seme), o que o ajudou no aprendizado do ensino regular.
E, quem vê toda essa animação, nem imagina quantas lutas o Fellipe, apesar da pouca idade, já venceu na companhia dos pais. O garoto, com apenas um ano de vida, sofreu uma queda que ocasionou uma surdez total. Mas, a doença somente foi diagnosticada quando o menino tinha 3 anos e 10 meses de idade.
A mãe, Neusa Grego Figueiredo, explica que foram inúmeras consultas no fonoaudiólogo, neurologista e otorrino, até que a deficiência fosse identificada. “Foram muitos exames até descobrirmos o que o Fellipe tinha. Ele usou o aparelho auditivo AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual) e não teve sucesso. O implante coclear foi a solução. Com muitos altos e baixos, ele teve muitos professores bons, que o acolheram e me oportunizaram fazer um trabalho em conjunto com eles. A escola precisa ser nossa aliada. Se não fosse esse apoio, meu filho não teria chegado a lugar nenhum”, afirmou a mãe do menino.
Aprovado no Curso de Mecânica, o menino tem o sonho de poder ajudar o pai, que é caminhoneiro. “O caminhão do meu pai sempre dá algum problema na estrada. É por isso que eu quero estudar. Para poder ajudar no conserto sempre que ele precisar”, contou.
As aulas no Ifes começaram na última semana e Fellipe já está enturmado com a galera. Para a prova, o adolescente estava confiante e, com apenas uma hora, resolveu todas as questões. A rapidez assustou a mãe, que não acreditava na aprovação. “Ele fez a prova muito rápido. Quando eme ligou pedindo para buscá-lo, achei que não teria um bom resultado. A aprovação foi uma surpresa, pois ele não tinha tempo para estudar para provas específicas fora a escola regular. Estamos muito felizes e realizados”.
Quem deu uma forcinha no aprendizado foi a professora Rosana Bispo Ursini, que acompanhou o aluno durante as aulas do Atendimento Educacional Especializado (AEE). Ela conta com orgulho como foram aplicadas as atividades direcionadas para que o garoto pudesse acompanhar os ensinamentos como os outros colegas de turma. “No início do ano sempre me encontro com os professores regulares para pegar as matérias que serão passadas durante todo o ano letivo. Preparo as minhas aulas sempre pensando em deixar o aprendizado do aluno mais fácil, seja qual for a sua necessidade. Alguns alunos necessitam de libras, outros não. Sempre utilizamos recursos pedagógicos e tecnológicos, como vídeos e jogos”, frisou.
Para deixar o aluno ainda mais por dentro do que era trabalhado em sala, Rosana fazia revisão de conteúdos oralmente e gestualmente, o que facilitou o aprendizado. “Com esses mecanismos, ele foi assimilando mais facilmente as atividades e desenvolvendo suas habilidades”, contou a professora.
Atendimento Educacional Especializado
O Atendimento Educacional Especializado (AEE) tem como função identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas.
O Atendimento Educacional Especializado acontece no contraturno escolar, realizado por profissionais da Educação Especial. Eles utilizam recursos e serviços de tecnologia assistiva que facilitam o acesso à comunicação, locomoção e ao aprendizado em geral. A Prefeitura de Cariacica também disponibiliza veículos adaptados para o transporte de alunos em uso de cadeiras de rodas.
