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A desinformação na guerra russo-ucraniana

Rodolfo Queiroz Laterza*

A guerra de informação está agravando o conflito militar russo-ucraniano e a grande midia corporativa internacional é mais que cúmplice em propagar deliberada e freneticamente tantas mentiras levantadas pela propaganda do SBU (serviço de segurança da Ucrânia) e do FSB (Russia) para desmoralizar e criar instabilidades no teatro de operações.

Alguns exemplos das propagandas ucranianas totalmente fabricadas e maciçamente divulgadas no mundo inteiro:

  • a tosca criação da lenda do “Ghost of Kiev”
  • os vídeos forjados de soldados russos capturados e posteriormente desmascarados
  • o vídeo de um repórter polonês com dezenas de corpos ensacados no qual “um cadáver” ajeita a lona
  • as 7.000 em 7 dias mortes de soldados russos que nem um regime como o Chinês conseguiria ocultar e criaria um caos operacional em qualquer força armada, até de um regime autoritário
  • as dezenas de aviões abatidos sem provas básicas (imagens, área do abate, hora, dia), como hoje, em que se alegou a derrubada de dois SU-35 sem qualquer indicação factual concreta;
  • o ataque “ultradestruidor” das colunas russas nas imediações de Kiev com um drone turco TB2 que destruiu 96 tanques e veículos de uma vez !!! Isso para um UCAV que emprega no máximo 4 loitering bombs de 50 kg! E o vídeo era de um ataque turco a uma coluna Síria na ofensiva em Idlib em 2020.

Há problemas operacionais nas tropas russas? Sem dúvida e são vários de acordo com análises críveis de quem tem melhor conhecimento do panorama:

  • logística terrível na frente norte nos 4 primeiros dias, ao passo que na frente sul e leste a ofensiva foi muito mais profissional e exitosa;
  • contenção do uso de sua Força Aérea nos 5 primeiros dias dentro de uma estratégia de evitar destruição de cidades e morte de civis, com potencial de péssima repercussão mundial e interna (justamente o que começa a ocorrer agora em que há maior emprego de aeronaves de combate em missões de ataque ao solo e supressão de defesas aéreas inimigas), além do fato de temer as defesas aéreas ucranianas bem espalhadas e treinadas (lembremos os milhares de MANPADS entregues pelo Ocidente e as centenas de plataforma SAM do tipo S-300 e Buk)
  • igual contenção em empregar MLRS nos primeiros dias de invasão no âmbito da estratégia de evitar destruição de cidades e mortes de civis;
  • estratégia de cerco e isolamento para rendição tardia;
  • abertura desnecessária de flancos para emboscadas nos primeiros dias, principalmente na frente norte (Kharkiv, Sumy e Chernigov os casos mais evidentes);

De onde pegar esse conjunto de informações? Em sites muito mais decentes como o ISW; Southfront; Times of Israel.

Quem se informar apenas com Folha, CNN e equivalentes vai absorver o pior viés informativo e ideologicamente direcionado nesta triste e vergonhosa guerra, absurda em sua deflagração e pessimamente avaliada em termos estratégicos por Putin, que deixou até seus críticos perplexos com tamanha irresponsabilidade.

Analisando estudos do ISW , FPRI foi possível identificar os seguintes problemas operacionais da Rússia nos primeiros dias de ofensiva:

  • logística deficiente e muito vulnerável na frente norte nos 4 primeiros dias, ao passo que na frente sul e leste a ofensiva foi muito mais profissional e exitosa;
  • estratégia de cerco e isolamento para rendição tardia, com emprego maciço de artilharia autopropulsada e MLRS em infraestrutura crítica de centros urbanos como Kiev e Kharkiv, resultando em trágico aumento de vítimas civis (o mesmo por parte da Ucrânia, que emprega fortemente MLRS Smerch em Donbass e em contra-ataques em Kharkiv).
  • abertura desnecessária de flancos para emboscadas nos primeiros dias, principalmente na frente norte (Kharkiv, Sumy e Chernigov os casos mais evidentes);

De acordo com relatórios de inteligência de vários Think Tank, a ofensiva russa foi planejada para durar de 1 semana (cenário mais favorável) a 2 semanas (cenário realista).

Se não tomarem Kharkiv, Mariupol, Sumy e ao menos cercarem e bloquearem Odessa, terão estendido perigosamente a ofensiva e irão começar a comprometer suas reservas de armamento e entrar em indesejada guerra de atrito com formações insurgentes ucranianas muito bem treinadas, enraivecidas e endurecidas, além de maciçamente apoiadas pelo Ocidente e pela maioria da população ucraniana. Será um cenário temerario, similar à Segunda Guerra da Chechnya , em que apesar da vitória russa, por anos enfrentaram enorme instabilidade e danos decorrentes de uma raivosa insurgência islâmica.

*Rodolfo Queiroz Laterza
Delegado da Polícia Civil do Estado do Espírito Santo
Estudioso de geopolítica e estratégia militar

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