Os municípios de Piúma, no litoral Sul do Espírito Santo, e Barra de São Francisco, na região Noroeste, são considerados epicentros de uma variante mais rápida e letal do coronavírus. A informação foi divulgada na tarde desta segunda-feira (22) pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, e pelo diretor do Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES), Rodrigo Rodrigues (veja o vídeo na íntegra).
De acordo com o diretor do Lacen/ES, a variante identificada no estado é a SGTF. Evidências sugerem que a predominância dessa variante no Espírito Santo pode estar associada a identificada no Reino Unido, a B.1.1.7.
Ao todo, no Espírito Santo, foram identificados 1.345 casos da variante SGTF, sendo 16 em dezembro; 48 em janeiro; 337 em fevereiro; e 943 até o dia 18 de março. Fora isso, dos 78 municípios capixabas, 65 já confirmaram a presença dessa variante.
“As evidências sugerem predominância no estado do Espírito Santo de amostras SGTF, que podem estar associadas a variante do Reino Unido (B.1.1.7). Só no mês de março, 15,22% das amostras testadas pelo Lacen foram positivas para SGTF. O perfil de RT-PCR é idêntico aos encontrados em outras partes do mundo. Foram identificados dois epicentros no estado, Barra de São Francisco e Piúma, porém, isso não exclui outros municípios, que, por ventura, podem ocorrer na região da Grande Vitória. Essa variante foi introduzida no estado entre novembro e dezembro e tem característica de acometer a população mais jovem, com carga viral extremamente mais elevada”, destaca o diretor do Lacen/ES.
Variante do Reino Unido encontrada no ES
Ainda na apresentação, o diretor do Lacen/ES conta que a variante B.1.1.7, identificada primeiramente na Grã-Bretanha, no Reino Unido, também foi encontrada em território capixaba, mais precisamente em Barra de São Francisco, na região Noroeste. Rodrigues conta que essa linhagem foi introduzida no Brasil em momentos diferentes e simultâneos, a partir de dezembro de 2020.
Ao todo, foram identificadas sete variantes diferentes da Covid-19 no Espírito Santo. Além do estado, mais nove estados brasileiros também identificaram a variante do Reino Unido. A consequências da propagação dessa variante seguem desconhecidas.
“Quem é essa linhagem? Surgiu na Grã-Bretanha, em setembro de 2020. Ela tem uma capacidade elevada de infectar outras pessoas. Maior do que outras variantes já identificadas. Ela foi encontrada em 33 países do mundo. Nos Estados Unidos, por exemplo, ela vem ocupando uma situação de destaque. Em meados de abril ela já deve ser a cepa predominante naquele país. Um detalhe importante nos Estados Unidos: o número de infectados por essa cepa dobra a cada 10 dias”, explica o diretor do Lacen/ES.
Também na apresentação, Rodrigues explica que o perfil da pandemia no estado apresentou três momentos de alta no período de um ano — março de 2020 até março de 2021.
O diretor do Lacen/ES explica, ainda, que, segundo uma técnica utilizada pelo estado, a linha de tendência da pandemia mostra que a primeira fase é tida como amarela; a segunda como verde; e a terceira, e atual, como vermelha. Ou seja, o pior momento da pandemia desde o início, em março de 2020.
Tendo em vista esse cenário, o secretário de Estado da Saúde pede à população capixaba para que, mais do que nunca, tenha disciplina. “Nós necessitamos, mais do que nunca, sermos disciplinados no uso das máscaras. Todas as máscaras protegem e possuem algum grau de proteção. Existem máscaras com maior potencial filtrante. Também é necessário que enquanto não houver uma cobertura vacinal acima de 80%, teremos que conviver com um cotidiano diferenciado”.