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Correios não testam funcionários que trabalham com colegas infectados pela Covid-19, diz sindicato

Em greve desde a última terça-feira (18), profissionais dos Correios do Espírito Santo denunciam a falta de cuidado com os trabalhadores nos Centros de Distribuição do estado. Durante a pandemia, os funcionários relatam dificuldade para conseguir testes e afirmam que pessoas do grupo de risco encontram obstáculos para pedir afastamento.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios Prestadora de Serviços Postais, Telegráficos (Sintect-ES), Toni Braga, se algum trabalhador apresenta sintomas da Covid-19, a pessoa é direcionada para o trabalho remoto, mas os funcionários que tiveram contato com o infectado não são testados. O site do Sintect informa que mais de cem casos positivos da doença foram registrados nas unidades do Espírito Santo. “É um risco para nós e para a própria sociedade, porque a gente bate de porta em porta todos os dias e temos contatos com várias pessoas”, ressaltou.

O sindicalista afirma que, em um dos centros de distribuição da Grande Vitória, um funcionário testou positivo para a Covid-19 e, após paralisação dos funcionários, a empresa fez a testagem de 10 profissionais da unidade. Dos 10 testados, cinco foram confirmados. “Essa unidade conta com 60 pessoas trabalhando. Se tivessem testado todo mundo, com certeza apareceriam muito mais casos”, destacou.

Toni Braga afirma que as dificuldades começaram antes mesmo da pandemia se intensificar no Brasil. Desde inicio do ano, quando só se conhecia os casos de Covid-19 da China, os trabalhadores estavam preocupados com o contato que tinham com as encomendas que vinham do país. “Eles questionaram a empresa, perguntaram o que ela iria fazer e a mesma respondia que era só lavar a mão”, informa.

O sindicalista conta que, com a intensificação dos casos no Brasil, a empresa divulgou algumas normas de proteção que, na maioria das vezes, não saiu do papel. “Eles diziam que os funcionários poderiam solicitar o afastamento se fossem do grupo de risco ou se convivessem com pessoas do grupo de risco, mas era tanta burocracia para que o gestor desse essa autorização que isso impedia a pessoa de conseguir”, explicou.

Toni relata que, no início, algumas medidas de proteção até foram tomadas pela empresa, somente por ser pressionada pelas solicitações dos funcionários. Os centros de distribuição passavam por higienizações sanitárias e, após paralisações, a testagem dos trabalhadores era realizada em algumas unidades. Porém, nos últimos meses, os cuidados diminuíram e, para terem acesso ao uso de máscaras e álcool em gel individuais, os funcionários precisaram entrar na Justiça.

“Eles disponibilizaram um recipiente de álcool coletivo nas unidades, mas os carteiros que iam para a rua não tinham o álcool individual pra levar”, contou.

Paralisação

As condições de tratamento dos funcionários durante a pandemia foi apenas um dos motivos que fizeram alguns profissionais dos Correios aderirem à paralisação nacional na última terça-feira (18). A proposta de 0% de reajuste salarial e a retirada de 70 cláusulas do atual Acordo Coletivo também fizeram os profissionais se mobilizarem.

O Acordo Coletivo dos Correios garante aos profissionais uma série de benefícios conquistados pouco a pouco, desde 1988. Com o enfraquecimento desse acordo, os trabalhadores se beneficiam apenas dos direitos presentes na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “A CLT determina o mínimo. Ao longo dos anos, nós lutamos por mais benefícios, que agora estão sendo tirados de nós. Benefícios que foram conquistados às custas de muitas demissões, de pessoas que foram perseguidas para que isso fosse conquistado”, declarou o presidente do sindicato.

Toni acredita que as medidas de enxugamento das contas dos Correios é uma tentativa de tornar a empresa mais atrativa para possíveis compradores, colaborando para a privatização. “A gente luta contra essa privatização porque quem vai ser prejudicado vão ser os funcionários, que terão que se submeter às regras do mercado, e a própria sociedade. Porque qual empresa privada vai querer chegar nas cidades do interior? Quanto isso vai custar?”, questiona.

Para o sindicalista, todas essas medidas que a empresa vem adotando refletem a falta de reconhecimento dos profissionais, que têm trabalhado ainda mais durante a pandemia. “Desde o início do isolamento social, a gente não parou em momento nenhum. Pesquisas mostram que as vendas pela internet aumentaram nesse período e quem leva esses produtos somos nós, mas infelizmente somos recompensados dessa forma”, concluiu.

Resposta

Procurados para comentar as denúncias, os Correios informaram, por nota, que estão seguindo protocolos rígidos de segurança para os empregados e clientes.

Confira a nota completa:

“Desde o início do isolamento social, os Correios vêm adotando sucessivas medidas de proteção à saúde de seus empregados e clientes. Além de intensificar as orientações ao efetivo quanto aos cuidados básicos de higiene e procedimentos de limpeza dos ambientes e equipamentos, todos os empregados têm acesso a álcool em gel e máscaras laváveis.

Todos os protocolos profiláticos são rigorosamente seguidos. Quando necessário, a empresa adota ações de sanitização em todo o ambiente da unidade, o afastamento imediato de pessoas com suspeita de Covid-19 e o acompanhamento do efetivo do local.

Em relação à paralisação parcial de empregados, os Correios esclarecem que não pretendem suprimir nenhum direito trabalhista. A empresa propõe ajustes dos benefícios concedidos ao que está previsto na CLT e em outras legislações, gerando diminuição de despesas na ordem de R$ 600 milhões anuais.

A empresa permanece firme nas estratégias para continuar servindo à população. Conforme o plano de contingência da estatal, medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, o remanejamento de veículos e a realização de mutirões estão sendo adotadas para garantir o fluxo postal”.

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