A Statkraft, estatal norueguesa de geração de energia elétrica, prevê triplicar de tamanho no Brasil nos próximos anos. A companhia, uma espécie de “Eletrobras da Noruega”, concluiu em novembro a aquisição de oito pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) do grupo português EDP no Espírito Santo e detém agora 450 megawatts (MW) de capacidade instalada operacional no país. A empresa enxerga boas perspectivas de crescimento no Brasil a partir do próximo governo e das mudanças em curso no setor elétrico. “A Statkraft está em uma fase de crescimento em nível mundial e focada, principalmente, em energias renováveis. E, dentro desse crescimento, ela tem selecionado vários países prioritários. Dentre eles, está o Brasil”, afirmou ao site Valor, Fernando de Lapuerta, presidente da companhia no país. “Nossa ideia seria, nos próximos anos, no mínimo, triplicar de tamanho”, destacou o executivo.
A geradora norueguesa, conforme Lapuerta, conduzirá a expansão por três caminhos: crescimento orgânico, por meio de projetos de energia eólica e solar em leilões de energia no ambiente regulado; aquisições de ativos, como a recente operação firmada com a EDP; e comercialização de energia no mercado livre. Também está nos planos da companhia investimentos em geração distribuída (GD), a partir de micro e mini geração de energia solar, para atendimento a consumidores empresariais no mercado livre. “[GD] É certamente uma área que estamos avaliando também. É uma área que visa atender a necessidade de grandes clientes e também customizar soluções para eles e, portanto, encaixa bastante dentro do nosso DNA. É uma linha que estamos desenvolvendo e avaliando”, disse ele.
Lapuerta afirmou estar otimista com o governo de Jair Bolsonaro, recém eleito, e as mudanças em curso na economia e no setor elétrico. “Conhecemos bastante o Brasil. É um país com muitas oportunidades de crescimento. E, as mudanças que estão acontecendo no país, a nível político, a nível regulatório, tudo isso faz com que estejamos otimistas. Somos investidores de longo prazo. Confiamos bastante no futuro do país”, disse.
No fim de novembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovaram a transferência do controle societário detido pela EDP nas oito PCHs no Espírito Santo, totalizando 132 MW, para a Statkraft Energias Renováveis SA (Sker). O valor do negócio foi de R$ 704 milhões, incluindo uma dívida líquida estimada em R$ 113 milhões. Por meio de nota a EDP informou que a venda dos ativos de Geração (PCHs) localizados no Espírito Santo não tem nenhum efeito sobre os negócios da EDP ES, empresa de Distribuição do Grupo, ou sobre o relacionamento da Distribuidora com seus clientes. A transação faz parte do plano de reciclagem de capital pela iniciado EDP em 2016
A Sker é o braço de investimentos do grupo norueguês no Brasil. A empresa surgiu da antiga Desenvix, braço de energias renováveis da empresa de engenharia Engevix. Em 2011, a Statkraft adquiriu 40,65% de participação na empresa. Em 2015, a norueguesa fez novo aporte e passou a deter 81,31% de participação na empresa, que passou a ter o nome atual. Os restantes 18,69% pertencem à Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal.
Em âmbito global, a geradora norueguesa possui mais de 20 mil MW instalados, sendo mais de 99% a partir de fontes renováveis. A companhia tem faturamento global de 23,3 bilhões de coroas norueguesas, o equivalente a cerca de R$ 10,7 bilhões.
Fonte: Valor