Os funcionários do Hospital e Maternidade Nossa Senhora Aparecida, no município de Montanha, litoral norte do estado, estão em greve. Eles pararam, pois não recebem os salários desde agosto. Os médicos que conseguiram liberação do Ministério Público foram os primeiros a anunciarem a greve recebendo o apoio de todos os servidores.De acordo com um dos funcionários, que preferiu não ter o nome divulgado por medo de represálias, um de seus colegas, que trabalhava há mais de 20 anos no hospital, foi demitido após cobrar melhorias e os atrasados. Segundo ele, a definição dos detalhes da greve para os demais funcionários será decidida em assembleia pelo Sindicato dos Trabalhadores em Hospitais (Sintrasades), no dia 16 de novembro.
“Eles nos dizem que estão sem verba para pagamento dos salários, mas foi comprovado que tinha verba. Eles ainda queriam tirar de outras Secretarias para mandar para o hospital, só que até hoje isso não foi feito”, relatou.
Uma sessão extraordinária será na Câmara de Vereadores de Montanha, para decidir sobre o repasse da verba para pagamento dos servidores. Somente os setores de Urgência e Emergência do hospital estão funcionando com um médico plantonista. O colaborador garantiu que medicamentos e demais produtos para o funcionamento do hospital não estão em falta. A greve deve permanecer até o pagamento dos salários.
Procurados pela reportagem, os telefones da Prefeitura e Câmara dos vereadores de Montanha estavam indisponíveis.
Médicos também em greve em Vitória
Em Vitória médicos do Hospital da Associação dos Funcionários Públicos do Espírito Santo (HAFPES) estão em greve deste o dia 31 de outubro. A reivindicação é pelo pagamento dos salários em dia, reajuste salarial, pagamento do FGTS e INSS. “O Hospital não vem cumprindo o prazo de pagamento dos médicos há algum tempo. Em setembro o salário foi depositado no dia 21 e mesmo assim sem os direitos dos trabalhadores como FGTS e INSS”, foi o que informou a diretora do Sindicato dos Médicos do Espírito Santo, Maria da Penha Gobbi.
Funcionária do HAFPES há 36 anos, Maria da Penha ainda disse que após negociação com o Ministério Público, durante três meses o pagamento foi feito de forma pontual, mas que agora voltou com os atrasos. “Eles só fazem algo quando ameaçamos fazer algum tipo de greve, mesmo assim sofremos ameaças de demissão. Sabemos que nem para os funcionários mandados embora, foram pagos todos os direitos”, denunciou a diretora do Simes. Os médicos também recebem informações dos sócios de que está tudo ocorrendo normalmente, segundo a Maria da Penha.
Outra audiência de conciliação foi marcada para está sexta-feira (11), no Ministério Público. Enquanto as partes não entram em acordo o funcionamento do hospital está com 30% do corpo médico. Mas Gobbi ainda destaca que alguns setores nem funcionam. “Setores como o de fisioterapia e laboratórios nem ficam abertos às vezes, isso porque como eles tem o hábito de não pagarem, há uma troca constante de empresas que atuam nesses locais”.
Enfermeiros da rede privada em greve
Outra categoria que está em greve são os enfermeiros da rede privada, desde o dia primeiro de novembro. Os profissionais reivindicam a perda salarial com reposição inflacionária de 9,15%, manutenção da escala 12 por 60 horas, benefícios de seguro de vida, plano de saúde, ticket alimentação e cumprimento da data-base que venceu no dia 1º de outubro.
Durante a paralisação serão respeitados os direitos da coletividade com a manutenção de 30% de profissionais enfermeiros em seus postos de trabalho. Também serão mantidos os serviços indispensáveis ao atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. Contudo, em cada dia uma unidade de saúde terá todos os serviços suspensos – uma espécie de greve itinerante.
A greve é por indeterminado, mas de acordo com o Sindicato, no dia 16 uma audiência está marcada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES), às 11h, dependendo do resultado a suspensão das atividades pode ser revista.
