Após um caso de morte por enforcamento de um menino de nove anos, em Pernambuco, possivelmente induzida por desafio relacionado a boneca Momo, as preocupações em volta do que, inicialmente, parece uma simples brincadeira, aumentaram entre os pais de crianças e adolescentes.
A boneca é representada de forma magra, olhos esbugalhados, semelhante a escultura da mulher-pássaro, pertencente ao museu Vanilla Galleru, em Tóquio. O desafio consiste em conversar com a “Momo” por mensagens. Uma vez que se fez contato pelo telefone, a boneca pode responder com algumas ameaças, e demonstra ter acesso a informações pessoais dos usuários. A partir daí, a pessoa pode ser coagida a alguns desafios, como enforcamento ou sufocamento.
Na opinião do psicólogo Vinicius Grassi, os pais têm um papel muito importante para que essa situação não continue e esses desafios não consigam mais atingir a maioria das crianças “É fundamental que os pais monitorem o que os filhos fazem na internet, supervisionar os aplicativos que estão acessando, conversar abertamente sobre os riscos, estarem mais próximos ao filho. Muitos pais hoje trabalham durante todo o dia e não têm tanto tempo para acompanhar a rotina dos filhos. Isso faz com que eles se apeguem cada vez mais as tecnologias e fiquem expostos a esses fenômenos”.
Ele diz que crianças e adolescentes buscam essas atrações por motivos distintos “As crianças são vitimadas por esse tipo de predador por não ter maturidade suficiente. Elas não conseguem discernir o que é uma brincadeira saudável do que é perigoso para elas. Já os adolescentes entram porque estão na fase de ‘eu posso tudo e não tenho medo de nada’; esses desafios são exatamente o que eles gostam”.
Alguns comportamentos podem denunciar que a criança está sofrendo algum tipo de coação, os pais devem ficar alerta. “O principal comportamento estranho que a criança adquire é o tempo maior de uso dos aparelhos eletrônicos, a maioria das crianças que passam por essas situações tem mudanças no humor, medos que ela já havia superado anteriormente reaparecem, como ficar no escuro e dormir sozinho e eles começam a ficar isolados” destaca o psicólogo.
Vinicius também fala que a influência dos ‘youtubers’ também pode contribuir para a ampliação desses casos. “Eles podem influenciar sim, porque a maioria deles tem milhões de seguidores, principalmente nessa faixa etária e as crianças os têm como ídolos. Se perguntar o que elas querem ser quando crescerem, muitas dizem que querem ser ‘youtuber’ ou gamer”, explica.
O especialista alerta novamente para a participação dos responsáveis: “mais uma vez, cabe aos pais olharem o que seus filhos estão assistindo. O ‘youtuber’ tem milhões de seguidores, mas é saudável para o seu filho pequeno assistir os vídeos dele? Todas as atitudes do apresentador do vídeo – que xinga, faz desafios, brincadeiras sem graça – seu filho vai querer repetir. É isso o que você quer?”, questiona Vinícius.
O consumo dessas tecnologias cada vez mais cedo pelas crianças pode causar vários danos, que vão além dos problemas na visão. O psicólogo revela que vários estudos já foram feitos e comprovam os riscos “O uso precoce da tecnologia pode trazer, a médio e longo prazo, muitos problemas, como dificuldades de interação isolamento, obesidade e depressão. Eu mesmo já atendi várias crianças com esses tipos de problemas” finaliza.
Por Lizandra Amario