Governo do Estado parece relutar a agir para evitar casos de suicídios na 3ª Ponte

O recente aumento no número de suicídios reacendeu o debate em torno dos riscos da Terceira Ponte para seus usuários. Apenas no mês de fevereiro, quatro casos envolvendo a via tiveram destaque nas redes sociais e acabaram sendo notícia em veículos do Estado, chegando ao ponto de pautar medidas de representantes públicos municipais e estaduais.

Nos últimos dias, vereadores de Vila Velha decidiram entrar com representação junto ao Ministério Público do Estado no intuito de que a concessionária da Ponte Darcy Castelo de Mendonça, a Rodosol, fizesse a instalação de telas de proteção para inibir a ação de suicidas, entretanto esta não é a primeira vez em que se busca essa alternativa: em 2008, o deputado Marcelo Santos (PMDB) apresentou um projeto de lei que obrigava a Rodosol a implantar a medida, mas foi vetado pelo então governador e correligionário, Paulo Hartung.

Ainda em fevereiro, o deputado estadual Euclério Sampaio (PDT) apresentou Projeto de Lei que obriga a Terceira Ponte a ter as grades anti-queda instaladas em um prazo de 180 dias. Apesar do projeto ser anterior ao crescimento no número de mortes, a PL 35/2014 ainda passa por tramitação na Assembleia e deve receber pedido de urgência na próxima semana. “É um assunto urgente e a vida não pode ser colocada como um bem de valor estimável. Temos de ter uma celeridade no assunto”, disse o deputado que tem como principal plataforma de campanha o fim do pedágio na ponte.

Apesar do tom emergencial colocado na questão pelos vereadores e o deputado, o contrato do Estado com a Rodosol prevê medidas de segurança para os usuários e, segundo a concessionária, um estudo teria sido entregue ao governo com o intuito de diminuir o número de casos. Entretanto, apesar da elaboração de um projeto prevendo ações de conscientização e a parceria com o Corpo de Bombeiros para se evitar quedas da estrutura, a Arsi – Agência Reguladora de Saneamento e Infraestrutura, responsável por regular o contrato com a concessionária não se posicionou quanto a sua viabilidade.

Os estudos desenvolvidos pela empresa foram encomendados pelo Estado em 2012 após se constatar um crescimento no número de suicídios. Na mesma época, um projeto alternativo foi apresentado ao Estado e à Rodosol pelo engenheiro e representante do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado, Luiz Carlos Menezes. À época, Luiz Carlos questionou a estrutura viária da ponte e sugeriu, além da instalação de gradis de proteção, a ampliação do número de pistas sem a necessidade de obras no chamado “Tabuleiro”. “O projeto contratado não leva em consideração o risco de se construir abas de concreto na ponte e o problema da chegada em Vila Velha. É possível se aumentar a capacidade da ponte somente com alterações na largura das pistas e das estruturas de proteção”.

Apesar da viabilidade do projeto alternativo e seu baixo custo frente aos R$180 milhões orçados pela empresa alemã contratada pela Rodosol, o trabalho realizado pelo engenheiro não foi levado adiante mesmo depois de apresentado ao Governo. Segundo o Luiz Carlos, seria possível a implantação de seis pistas semelhantes às da Reta da Penha, já se prevendo um corredor exclusivo para o BRT. Mais uma vez, o projeto de alteração da ponte foi entregue à Arsi, que não foi encontrada para comentar o assunto.

Em 2000, a Organização Mundial da Saúde divulgou documento em alerta aos riscos de se noticiar suicídios em meios de comunicação. Intitulado como “Prevenir o suicídio: um guia para os profissionais de mídia”, o texto prevê uma série de medidas que visam diminuir o impacto das notícias acerca do tema.