O número de cirurgias bariátricas realizadas pelo Sistema Único de Saúde cresceu 215% entre 2008 e 2017. Foram 3.195 procedimentos em 2008, contra 10.064 em 2017. O estado do Espírito Santo está entre os quatro que mais realizaram o procedimento no país, junto com Paraná, São paulo e Minas Gerais. Juntos eles respondem por 82% das cirurgias na rede pública.
Os dados são da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), que usou informações do Datasus e do Sistema de Informações Hospitalares. Já o Ministério da Saúde, diz que o crescimento foi ainda maior: de 223%. No setor privado, a média de crescimento anual foi de 6% a 7% nos últimos anos — enquanto no SUS o incremento anual médio foi de 13,5%.
A migração de pacientes do setor privado para o SUS nos últimos anos ajuda a explicar crescimento no setor público, segundo a instituição. Em média, cada procedimento custa R$ 6 mil ao SUS e R$ 13 mil no setor privado – honorários de médicos e de hospitais mais baixos na rede pública explicam a diferença de custo.
Apesar do incremento na rede pública, no entanto, o sistema público ainda realiza muito menos cirurgias que a saúde suplementar: segundo a ANS, o setor realizou 48.299 procedimentos em 2017. No total, o Brasil fez 105.642 cirurgias no ano passado: um aumento de 47% em relação a 2012 (72 mil), diz a SBCBM.
Com 23 anos e 115 quilos, a publicitária Aline Dias (foto), viu a necessidade de buscar o tratamento para perder peso. Hoje, aos 29 anos, ela conta que fez todos os acompanhamentos necessários – que incluem terapias – antes de se submeter à cirurgia. “Qualidade de vida me fez buscar a cirurgia. Eu não conseguia me exercitar, pois sentia muitas dores nos joelhos e articulações. Minha saúde estava péssima, como gordura no fígado e pré-diabética. Tinha também, naturalmente, o incômodo físico e todo bullying me incomodava muit, então optei por fazer”, relatou.
Seis anos após a operação Aline garante que tudo mudou, sobretudo, sua relação com a comida. “Entendo que tenho que ter equilíbrio entre as coisas. Minha visão sobre o corpo e a importancia dele mudou também. Quando a gente opera, costumo dizer, que nascemos de novo, pois aprendemos a comer novamente, a nos exercitarmos, a viver”, destacou.
Já Bianca Kloss, hoje com 39 anos, relembra que aos 32 essa foi a melhor escolha que fez. “Eu tinha obesidade, pressão alta e gordura no fígado quando decidi fazer. Me preparei para mudança com psicólogo, nutricionista e outros especialistas para que eu entendesse o que mudaria. Mudei hábitos antes da operação e hoje, apesar de ter uma rotina alimentar normal, podendo comer de tudo, sou moderada”, destaca.
Bianca fez quando pesava 112 quilos e hoje, seis anos depois e com 31 quilos a menos ela se considera nova pessoa. “Não só pela aparência, mas por toda mudança interna: autoestima, qualidade de vida e todas as demais mudanças que quem convive comigo nota”.
Embora a tendência seja de crescimento e o cenário seja melhor que há alguns anos, Caetano Marchesini, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, diz que o número de cirurgias feitas no Brasil em 2017 atende a 2% dos elegíveis ao procedimento. Hoje, 5 milhões de brasileiros teriam indicação para a cirurgia.
O especialista diz que indivíduos com obesidade mórbida e com doenças crônicas associadas à obesidade estão dentre os 5 milhões de brasileiros com indicação para o procedimento. Estudos e evidências nas últimas décadas têm demonstrado que a cirurgia não só ajuda com questões diretamente relacionadas à obesidade, mas com condições associadas ao aumento do peso — como é o caso da diabetes tipo 2.
A obesidade hoje atinge 18,9% dos brasileiros, segundo pesquisa Vigitel (Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), realizada pelo Ministério da Saúde.