Hoje “contos, causos e histórias de Carnaval” abre alas para Elizangela Reis, que é musa na escola de samba Unidos da Piedade. Desfila há 16 anos como destaque de chão. Já passou por diversas escolas de samba: São Torquato, Imperatriz do Forte, MUG, Boa Vista, Pega no Samba, Novo Império, Jucutuquara.
Ela tem uma família que está totalmente inserida no carnaval capixaba. Para os que ainda não leram nossos post’s, eu escolho de forma casual algumas pessoas que fazem parte do Carnaval de Vitória, atualmente, para nos contarem algumas histórias. Todas elas ligadas às emoções do Carnaval.
Elizangela nos traz uma história que mistura medo, angústia e tristeza…
“No desfile de 2018, na Unidos de Jucutuquara, a escola vinha passando por um período de dificuldade. E nesse ano ela era a última escola de samba a desfilar no Sambão do Povo. Até a 2ª escola o tempo estava firme. Na 3ª escola, começou um temporal, muita chuva mesmo! Fui para a armação mesmo com toda aquela chuva. O clima não era legal, as penas murcharam, o frio, ser a última escola…
Ao passar pelas baianas a tristeza tomou conta, pois a fantasia ainda não havia chegado e elas ainda não sabiam se iriam desfilar. Mas fui colocar a minha fantasia, muitas pessoas ajudando, sendo solidárias, colocando o costeiro… E o medo bateu quando fui colocar a cabeça da fantasia. Ela não estava lá! Roubaram a cabeça na concentração do desfile! O que eu iria fazer? Chorei, mas botei nas mãos de Deus. Porque vários problemas aconteciam naquele momento. Eu fui andando para o inicio do desfile. Logo encontrei Margareth Garcia, que me emprestou grampos e fez do meu colar um enfeite para minha cabeça. Mais a frente, encontrei Fernanda da Pega no Samba com uma cabeça branca e dourada nas mãos. Ela me salvou e me emprestou o adereço.
Entrei no desfile desmotivada, chateada… A chuva não parava, a arquibancada já estava vazia. Na metade da avenida, as asas que compunham o costeiro da fantasia quebraram. Marcando ainda mais o desfile de 2018 por dificuldades. De todos os anos esse foi o episódio que me deu mais tristeza, chateação. Porque infelizmente, penso eu, que fizeram de maldade. Roubaram uma parte da fantasia, que nunca apareceu.
No meio de tudo isso houve um momento de alivio. Dois dias após o desfile, uma encomenda de 100 faisões albinos, que iriam para a cabeça que foi roubada, chegou em minha casa. Um atraso que evitou um prejuízo que teria sido também financeiro”.
E claro, mesmo com esse momento, ela nos conta uma história de alegria!
“Alegria está em todos os anos. É muito gostoso desfilar. Sempre falo que vou desistir, que vou parar. Mas não tem como! Está na veia. É um êxtase quando entro na avenida. Minha família ali comigo, minha filha girando por vontade própria (porta bandeira mirim da Unidos da Piedade). É ver que a gente se esforça para fazer bonito em prol da escola de samba e do carnaval capixaba. Que não fazemos em beneficio próprio. A alegria vem do amor ao samba, à diversão e ao carnaval” .
É galera, nossa Musa Elizangela Reis sofreu bastante no desfile de 2018! Eu pude ajuda-la com suas asas quebradas… Fui testemunha de parte dessa história. E posso garantir que as alegrias que ela vive diariamente superam qualquer dificuldade ou tristeza. O brilho no olhar dela quando um samba de seu marido (compositor) é campeão, quando sua filha apresenta o pavilhão de sua agremiação ou quando ela samba dentro da quadra de sua escola de samba. Uma musa que representa tantas outras guerreiras que superam adversidades e sambam pelo carnaval!
