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Desespero de participante do BBB com eliminação chama atenção para saúde mental

Eliminada na noite deste domingo (14) do Big Brother Brasil (BBB), Alane Dias causou preocupação aos participantes e ao apresentador Tadeu Schimit. Ao saber da sua eliminação, ela teve uma reação muito diferente. A bailarina começou a chorar, fechou as mãos e bateu na cabeça dizendo que a mãe estava decepcionada, que iria se esconder e chorou desesperadamente, enquanto os confinados tentavam acalmá-la.

O que todos puderam perceber é que essa reação não teve ligação com o prêmio em dinheiro. O comportamento da sister mostrou que ela não queria decepcionar ninguém. Mas será que é possível passar pela vida sem decepcionar o outro, pelas expectativas que o outro tem a nosso respeito? 

A psicóloga Elza Leite atende muitas pessoas em seu consultório e explica que essa reação é mais comum do que pensamos. “O comportamento da Alane é visto nos consultórios. Quando vamos diagnosticar um filho com espectro, seja autismo, TDAH, os filhos adolescentes têm medo de que os pais descubram que ele é “quebrado”, ou que tenha algum defeito, porque é assim que eles se sentem. Mas na verdade, o que é defeito é a idealização desses pais em querer um filho perfeito, dentro do que eles consideram perfeição”, disse a especialista. 

Alane demonstrou uma grande preocupação com a opinião da mãe a seu respeito, por ter sido eliminada. Não é possível afirmar que existe tal cobrança por parte da genitora da eliminada, mas dentro da psicologia, Elza Leite relata que esse tipo de comportamento tem muito a ver com o que o filho percebe com relação a ele. “Quando vemos um filho muito preocupado em ser perfeito, validado, visto, é porque de fato ele nunca se sentiu suficiente, amado, aceito, acolhido, pertencente a esse núcleo familiar”, comentou. 

Veja o momento em que Alane recebe a notícia de sua eliminação.

Maternidade

Romantizar a maternidade não é o ideal. Criar expectativas em outra pessoa, ainda mais uma pessoa em formação, como crianças e adolescentes que já tem tantas questões surgindo (como a sexualidade ou a necessidade de fazer parte de um grupo), essa idealização de um ser perfeito pode prejudicar muito. 

“É importante compreender que, na maternidade, existe o filho idealizado e o filho ideal, o bebê idealizado e o bebê real, e existe um abismo de frustração dentro disso tudo. Nenhum de nós consegue ser o ideal e essa pode ser uma questão da mãe com relação à filha, ou da filha com relação à mãe, ou das duas”, ressalta a pscóloga. 

A idealização não acontece somente dos pais para com os filhos. Os filhos também podem gerar essa questão, achando que mereciam um pai ou mãe mais parecido com os pais de um amigo, colocando expectativas numa pessoa que talvez nem saiba dessa projeção. “Pode ser que a Alane tenha idealizado uma mãe que a sua (mãe) nunca deu conta de ser, em termo de aceitação, de afeto. A gente dá o que dá conta, o que tem, o filho entrega o que consegue entregar, de acordo com o que ele é, e a mãe também, o pai, aquilo que dão conta, que são”, lembra Elza Leite.. 

Nas redes sociais, a situação de Alane jogou uma luz para o relacionamento entre mãe e filha. A mãe de Alane é professora de balé e deu aulas para a “sister” desde os dois anos. A mãe ganhou um concurso de beleza em Belém, capital do Pará, no passado e, no presente, quem ganhou foi a filha. 

Infância

Desde pequenos, somos orientados a sermos educados, simpáticos, não falarmos demais ou de menos, sorrir e não mexer em nada. Ainda assim, pode ser que tudo isso não baste. Muitos pais sempre vão comparar nosso comportamento, nossas notas na escola, com o irmão, um primo, ou o filho do vizinho. 

Algumas crianças ouvem desde cedo coisas que parecem doces, mas que ficam enraizadas no inconsciente e que forjam muito como ela vai lidar com as reações na vida. “Frases como ‘você nasceu para cuidar de mim’, ‘você tem que ter essa profissão’, ‘você tem que se casar com esse perfil de pessoa’. Os pais criam os filhos como se eles viessem com a missão de cumprir todas as expectativas, consertar o passado, para fazer o que os pais não fizeram, ser o que os pais não foram, e é muito comum pais projetarem nos filhos as suas frustrações, aquilo que eles não deram conta de fazer. Eu projeto no meu filho e acho que ele tem obrigação de cumprir. E não tem”, explica a psicóloga. 

A infância é o berço de muitas questões da vida adulta. Uma infância cheia de “sim”, parece boa demais, mas não te prepara para as frustrações da vida adulta. Com isso a pessoa não tolera o contrário do que sempre teve. “Algumas pessoas desenvolvem baixa tolerância à frustração, não sabendo lidar com a decepção, só querem ouvir o sim”, diz a especialista. 

Os pais argumentam que só querem ver o filho bem. Mas, e o filho, como reage? Se ele é obrigado a viver a vida que os pais querem, quando ele vai ter tempo para ser ele mesmo? 

Segundo Elza Leite, é preciso amar a ponto de entender o limite, mesmo daquela pessoa que inicialmente é tão dependente dos pais. “O filho não é obrigado a cumprir com os nossos sonhos, expectativas, a escolher as nossas escolhas, padrões. Essa responsabilidade de ter que fazer tudo que os pais querem, nas diversas áreas, como namoro, profissão, religião, são ruins. Existe uma falta de respeito em aceitar o filho como um indivíduo, sufocando a identidade dos filhos, com ego frágil, buscam satisfazer os pais e quando percebem que não dão conta se desestabilizam”, explicou. 

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