O mercado de recauchutagem não é um espaço exclusivo dos homens. Pelo menos no Espírito Santo uma empresária de Colatina prova que o espaço é para todos. Valkinéria Meirelles Bussular comanda empresa do ramo, vencendo estereótipos e mostrando que mulheres podem ocupar qualquer espaço.
Aos 16 anos ela já ajudava o pai em uma borracharia, por isso sempre esteve rodeada por homens. Em 1988, a família entrou com 10% de participação na FHF Recauchutadora de Pneus e, quando conseguiram comprar o negócio, a capixaba assumiu a parte financeira da empresa. “Sempre acreditei no meu trabalho e no trabalho da minha família, então encarei”, conta.
Hoje a empresa conta com 40 funcionários e faz a recauchutagem – reconstrução – de uma média de 1,4 mil pneus por mês. A empreendedora conta que comandar um negócio com 32 funcionários homens não é um problema, mas a atuação no ramo causa surpresa para alguns clientes. “Eu faço de tudo. Meu perfil é estar o tempo todo ao lado dos meus colaboradores, dos clientes, então, às vezes, acontece de alguém se surpreender”, ressalta.
Além da atuação na própria empresa, a capixaba também é presidente do Sindicato da Indústria da Borracha e da Recauchutagem de Pneus no Estado do Espírito Santo (Sindibores). Valkinéria é uma das fundadoras da organização e, até o início de 2020, era a única mulher atuante em um sindicato do ramo no Brasil. “É um setor composto em sua maioria por homens, então fico muito feliz porque todos têm muita consciência do meu trabalho e muito respeito pelas minhas decisões”, destaca.
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Protocolo na pandemia
A empreendedora também tem sido muito procurada pelos associados para compartilhar as medidas adotadas por ela para prevenir o contágio do novo coronavírus (Covid-19) na empresa. Desde o início da pandemia, Valkinéria investiu em um protocolo de saúde, adquirindo testes para todos os funcionários.
E também adotou medidas de conscientização e prevenção, além de disponibilizar um kit de máscaras e álcool em gel para caminhoneiros. “A gente não teve nenhum problema de afastamento de funcionário contaminado. Isso pra mim significa que estou fazendo um bom trabalho”, enfatiza.
A pandemia também foi motivo de preocupação com a produção da empresa, mas a empreendedora conta que a produtividade e o retorno financeiro durante esse período surpreenderam. Para a capixaba, isso foi possível por causa da antecipação adotada nos cuidados com a saúde dos funcionários associado à alta demanda do setor de transportes. “Nós estamos em uma região que atende muito o agronegócio, e o transporte, que é um serviço essencial, não parou”, destaca.
Atuante em ações comunitárias e até em um time de futebol feminino em Colatina, a capixaba consegue conciliar todas as atividades com a ajuda do marido e do filho. “Sou uma pessoa muito dinâmica. Não gosto de ficar parada e eles me dão muito apoio”, conclui.
Reportagem de Sara de Oliveira
Edição de Danieleh Coutinho
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