Nesta quinta-feira (27) é celebrado o Dia das Micro, Pequenas e Médias Empresas. A data foi estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) para reconhecer a importância desses negócios no mundo. E aqui também, em nosso estado, esses negócios são muito importantes.
Dados da Receita Federal compilados pelo DataSebrae mostram que o Espírito Santo tem 526.001 empresas ativas, sendo que 31,97% dos CNPJs pertencem a microempresas (142.634) e a empresas de pequena porte (25.559). O estado conta, ainda, com 54.985 médias e grandes empresas. Mas o grosso mesmo é representado pelos microempreendedores individuais (MEIs). Eles são 57% (302.863) do total de CNPJs ativos no estado.
Existem algumas diferenças entre um microempreendedor individual e uma microempresa. Podemos ficar com a mais simples, que é o valor do faturamento. Enquanto a renda bruta anual de um MEI pode ir até R$ 81 mil, uma microempresa pode chegar a R$ 360 mil. Mas o que um microempreendedor individual mais quer é crescer e se desenvolver.
É como a Barbara Damázio. Embora não seja ainda uma microempresária, a maquiadora de Marataízes, cidade localizada no litoral sul do Espírito Santo, está caminhando para isso e para mais. Ela tem uma loja de cosméticos onde vende produtos de diferentes marcas, inclusive de sua marca própria, a BDMakeup. Ela é MEI desde agosto de 2018. Depois de quase seis anos de trabalho e com 13 produtos de marca própria no mercado, além de outros 40 testados e prontos para lançamento, a microempreendedora destaca que está preparada para dar alguns passos adiante.
“Na verdade, a gente vai migrar para microempresa porque a gente já precisa fazer essa migração. E aí, com o decorrer do nosso faturamento, que é a nossa meta de R$ 82 mil mensais, conforme o planejamento estratégico que finalizamos agora com o Sebrae para 2025 e 2026, a gente vai migrar para pequenas empresas no mais breve possível. Gera um certo medo, gera um certo friozinho na barriga, mas a gente entende que é necessário, porque hoje a gente consegue enxergar ainda mais o crescimento da nossa marca”, analisa Barbara, que tem um funcionário e conta firmemente também com o marido para tocar os negócios.
“Ele é fundamental em todos os segmentos do que a gente toma decisão na empresa, como lançamentos de novos produtos, pesquisas. Também, algumas vezes, me acompanha em feiras de desenvolvimento, fecha bastante negócio em questão de lançamentos de produtos. Então, ele está direta e indiretamente com a empresa”, diz.
Barbara tem duas linhas de produtos. Uma é feita com o extrato do abacaxi e a outra não. Eles vendem, por exemplo, artigos de maquiagem, acessórios como pincéis, além de sabonetes esfoliantes, sabonete líquido facial, hidratantes, tônicos capilares, entre outros produtos.
Segundo Barbara, os maiores desafios enfrentados no início do negócio foi a introdução de novos produtos no mercado e a questão do investimento. “Porque tudo o que é novo você tem que mostrar para as pessoas que o seu produto realmente tem qualidade, tem credibilidade. Além disso, não iniciamos nossa marca com um capital de investimento significativo. Todos os nossos produtos são desenvolvidos e financiados com recursos próprios”, comenta.
Pequenas
Depois de nove anos de empresa, o Flávio Buares e a Gabriela Pedrinha Nicolau estão abraçando dois novos desafios: estão mudando sua fábrica de município e ampliando o negócio. Junto, o casal toca a Gelatt Mix Indústria, uma pequena empresa que tem dez funcionários e atua produzindo ingredientes para sorvetes e picolés. No início, as principais dificuldades, segundo Flávio, foram o capital de giro e o processo comercial, ou seja, a venda dos produtos, a entrada no mercado, o atendimento aos clientes. Passado todo esse tempo, o desafio é se manter competitivo.
“Cada vez mais o mercado é muito dinâmico, então você tem que se reinventar, criar novos produtos, acho que a nossa missão enquanto indústria sempre vai ser essa. Sempre criar novos produtos, estar antenado naquilo que o mercado tanto internacional quanto nacional consome e caminhar sempre, é o nosso principal objetivo, ser hoje um pouco melhor do que ontem a cada dia”, comenta o empresário, que não se arrepende dos perrengues que já enfrentou. “É muito desafiador, mas é prazeroso você conseguir colocar o seu produto no mercado e ver o resultado final”, comenta.

Com a mudança de Cariacica para Vila Velha, será possível ampliar a produção. No novo local, que já está sendo ocupado, a estrutura é maior. “Agora fomos para um galpão que é o dobro do tamanho do que temos aqui, possibilitando ampliar uma parte da linha com novos produtos. Estamos indo com esse novo desafio pra empreender em Vila Velha”, diz o empresário, que atende com seus produtos a Grande Vitória, a Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, e parte de Minas Gerais.
Médias
Já o Marcelo Mamari e a Brunella Malini são donos da Sudeste Atacado, uma empresa de médio porte cuja matriz é localizada em Vila Velha. Eles atuam no ramo de distribuição de equipamentos de tecnologia e possuem três filiais: uma em Guarapari, no Espírito Santo, uma em Muriaé, em Minas Gerais, e outra em Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro.
Já são 23 anos de empresa e Marcelo confessa que não enfrentou problemas relevantes para abrir o negócio. Hoje, no entanto, é difícil para ele formar um bom time.
“O desafio é contratar pessoas que queiram fazer parte do time verdadeiramente. Pessoas que entendam o convite de trabalhar na Sudeste Atacado não só como um trabalho, mas que entendam o nosso propósito e que queiram fazer parte dele. Outro desafio é continuar crescendo em um mercado que a cada dia se propõe a vender preço, sem nenhuma preocupação em gerar valor, entender a necessidade do cliente e ofertar solução para resolver o que é necessário”, destaca o empresário , que emprega 50 funcionários.
A empresa de Marcelo e Brunella atende a toda a Região Sudeste do país e na sua grande maioria a operação é feita pela matriz. Isso porque, conforme destaca Marcelo, o Espírito Santo tem vários incentivos fiscais. “E nos beneficiamos de um deles chamado COMPETE, que torna empresas atacadistas mais competitivas para vender daqui para outras unidades federativas”, argumenta.
Para Marcelo, empreender sempre foi uma paixão. Ele conta que desde muito cedo já empreendia e ele não se vê fazendo outra coisa a não ser estar à frente de um negócio, liderando pessoas e fazendo negócios. “Eu amo esse ambiente desafiador!”, diz o empresário.
Empreendedorismo
A celebração do Dia das Micro, Pequenas e Médias Empresas destaca a relevância desses negócios para a economia global e local. No Espírito Santo, os números mostram a predominância dos microempreendedores individuais – cenário que não é diferente no restante do Brasil – como Barbara Damázio, que, apesar dos desafios iniciais, está em plena expansão.
Exemplos como o da Gelatt Mix Indústria e da Sudeste Atacado ilustram como empresas de pequeno e médio porte superam obstáculos e crescem continuamente. A história desses empreendedores demonstra a importância de inovação, resiliência e paixão no sucesso empresarial, reforçando a contribuição vital dessas empresas para a economia do estado.