Nos supermercados, o consumidor tem percebido que as frutas, legumes e hortaliças estão mais caros, mesmo nos dias de promoção. Por conta disso, muitos têm adotado a estratégia de ir à feira livre em busca de preços mais baixos, comprar os vegetais em bandejas, focando no valor nutricional do alimento e não na aparência do mesmo.
O principal motivo para a alta dos preços dos alimentos é a chuva. As fortes chuvas do mês de março causaram um desequilíbrio muito grande nas plantações. As hortaliças gostam de água, mas, em demasia, as folhas “derretem”. É por isso que, ao ir ao mercado, você encontra aquele pé de alface com poucas folhas e mais caro do que o normal.
Assim como nós, os alimentos precisam do equilíbrio para se desenvolverem bem e se isso não acontece, nosso prato fica menos colorido. Isso acontece em casa, nos restaurantes, bares e lanchonetes que, mesmo comprando em maior quantidade, passam aperto, já que o aumento nos valores também é repassado para o consumidor.
De acordo com os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, divulgados nesta semana, os bares e restaurantes têm mantido os preços em seus cardápios estáveis. Este cenário tem impactado as margens de lucro dos estabelecimentos desde janeiro. Em março, a inflação da alimentação fora do domicílio registrou um índice de 0,35%, enquanto a alimentação no domicílio teve um índice de 0,59%. A variação do índice geral foi de 0,16%.
Se há alteração nos preços dos alimentos, o que os empresários fazem para segurar os valores nos restaurantes? Rodrigo Vervloet é presidente do Sindicato dos Restaurantes, Bares e Similares do Espírito Santo (Sindibares) e explica como os donos de estabelecimentos agem.
“A inflação de alimentos nos últimos tempos tem subido muito, mas já é comum do comércio absorver essa alta. O que acontece internamente é que a margem de lucros é apertada, mas o empresário dá um jeito. Nosso objetivo é atender o cliente bem, com qualidade e isso não pode mudar, mesmo com os preços dos alimentos do jeito que estão”, comentou.
Muitos donos de restaurantes optam por mudar o cardápio, acrescentando os legumes que tem melhor preço, ou criando estratégias que fidelizam o cliente mesmo em tempos de mais marmita e menos restaurante. Dejair Nascimento já foi dono de um restaurante em Viana Sede. Para ele, a estratégia que funcionou foi dar algo em troca para o cliente.
“Eu entregava para os clientes um cartão de fidelidade. A cada dez almoços contínuos, eu dava um copo de suco. Essa foi a estratégia que eu conseguia para ter o restaurante sempre cheio nos períodos de alta dos preços”, destacou.
Atualmente, Dejair não tem mais o restaurante, mas continua no ramo da alimentação. “Hoje eu trabalho com cozinha industrial. Tenho um contrato com duas empresas que compram as marmitas feitas por mim para alimentar os funcionários. Com isso, eu preciso ter sempre os alimentos frescos e de boa qualidade, e isso quem faz é uma fornecedora na Ceasa. Ela compra o que preciso e entrega para a minha equipe preparar. Ao invés de madrugar na Ceasa, eu vou procurar o restante dos alimentos como arroz, feijão, macarrão e carne em supermercados, com melhor preço”, disse.
Essa estratégia usada por Dejair, confirma o que o presidente do sindicato relata. “O repasse do valor só é feito em último caso, e isso tem um limite para acontecer. Muitas vezes o empresário toma a decisão de diminuir o quadro de funcionários, para evitar repassar o valor para o cliente”, ressalta Rodrigo Vervloet.
