Há cerca de 15 dias, o morador de rua Marco Antônio Pereira de 55 anos, foi abordado por um homem, identificado como Luciano Eduardo Rodrigues, 53, na região de São Torquato, Vila Velha, que o ofereceu uma garrafa de cachaça e explicou um golpe que pretendia aplicar com a ajuda dele. Em troca, R$ 300.
A dupla, presa nesta terça-feira (04), foi capturada enquanto tentava conseguir empréstimo em um banco do bairro Campo Grande, em Cariacica, para adquirir uma moto em uma loja no mesmo bairro. Porém, o dinheiro nunca seria pago, visto que os documentos eram todos falsos.
A ação só pode ser descoberta por uma frase estranha da dupla na loja. Luciano disse ao vendedor: “Se der certo com ele, vou trazer outra pessoa parecida com o documento”. A gerencia, sem entender a situação, acionou a polícia e conseguiu repassar a foto dos documentos para o início das investigações.
Marco Antônio já havia ido à loja com uma terceira pessoa, que está sendo investigada pela polícia, e seria o beneficiado de um empréstimo feito para a compra da moto. Porém, os dados do documento utilizados por ele são de outra pessoa de boa fé, que perdeu a identidade, em julho de 2018.
“É o que a gente chama de furto de identidade. Quando um criminoso está com nossos dados, muitas vezes perdidos até mesmo na internet, ou quando a gente perde o nosso documento, eles conseguem falsificar e por aí conseguem abrir empresas, financiar veículos, realizar empréstimos. Tem que ter muito cuidado, qualquer perda de documento deve ser noticiada imediatamente, e também dar um alerta no SPC e Serasa”. Explica a Delegada Rhaiana Bremenkamp titular da Delegacia Especializada de Crimes de Defraudações e Falsificações (Defa).
Segundo a delegada, a escolha por moradores de rua é feita pela dificuldade de reconhecimento da pessoa para prisão. Assim que os empréstimos não são pagos e o serviço de crédito (SPC/Serasa) é acionado, o real portador do documento é identificado. Porém, com a conferência da foto e do registro do boletim de ocorrência da perda de documentos, é possível perceber que se trata de um golpe.
Ao tentar buscar pelo rosto da pessoa que portava os documentos, chega-se ao morador de rua, que pouquíssimas vezes são identificados ou presos. A delegada afirma que este é pelo menos o terceiro caso do tipo que chega até a Defa.
“A gente tem percebido que não só nesse caso, mas em outros, estão aliciando moradores em situação de rua e dependentes químicos. São pessoas mais vulneráveis, que eles descobriram que com qualquer valor, conseguem pegar os documentos para utilizarem, ou até mesmo fazendo com que eles vão a uma instituição financeira realizar esses empréstimos com um nome falso. São pessoas que não vão procurar a polícia, não vão denunciar, que vão pegar qualquer valor pra ficar utilizando drogas”.