Nesse 31 de março de 1964 – ou seria 1° de abril (afinal madrugada de 31 de março para 1° de abril que dia é?) – as forças armadas derrubaram o governo constitucional e democraticamente eleito de João Goulart.
Iniciou-se ali um dos períodos mais dramáticos da história do Brasil.
Tortura, desaparecidos políticos, censura a imprensa foram regra nesse período. Deputados, senadores cassados e líderes estudantis e sindicais perseguidos.
Segundo o jornal “O Estado de Minas”, durante a ditadura militar “Presos relataram terem sido pendurados em paus de arara, submetidos a choques elétricos, estrangulamento, tentativas de afogamento, golpes com palmatória, socos, pontapés e outras agressões. Em alguns casos, a sessão de tortura levava à morte”.
O golpe que nos levou à ditadura faz agora 60 anos.
Nos últimos anos, principalmente durante o governo Bolsonaro, tivemos a exaltação da ditadura militar, pelo ex-presidente e por grupos da sociedade civil, que exaltavam aquele aquele período e pregavam seu retorno.
O 8 de janeiro, a tentativa de golpe contra o governo legitimamente eleito, teve como seu embrião, 64.
As mesmas idéias, as mesmas intenções.
60 anos depois é preciso que se lembre e se mostre o que foi a ditadura militar, com todo o seu horror. Porém, o Presidente Lula vetou celebrações que mostrariam a resistência ao golpe e a ditadura.
Somamos, segundo a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, 364 pessoas mortas e desaparecidas sob a ditadura. Mortas sob tortura, muitas mortas e posteriormente desaparecidas.
Lembrar desse tempo de horror não é provocação.
Esquecê-lo não é conciliação.
Tortura é crime contra a humanidade e a democracia é valor universal.
Daí ser necessário lembrar dos tempos de horror e condená-lo sempre. Lembrar dos que resistiram, muitas vezes com a própria viva.
Gonzaguinha marcou o tempo da ditadura com versos que representam como poucos esses tempos de luta e dor:
“Memória de um tempo onde lutar
Por seu direito
É um defeito que mata
São tantas lutas inglórias
São histórias que a história
Qualquer dia contará
De obscuros personagens
As passagens, as coragens
São sementes espalhadas nesse chão”
Mas o Presidente Lula vetou os atos do governo sobre 64: “Ministério cancela ato sobre 60 anos do golpe militar após decisão de Lula” (Folha de São Paulo).
Diante dessa absurda decisão, desse inaceitável veto, de mais uma vez vermos a democracia tutelada, só me resta perguntar: “O que é isso, companheiro”?