Dólar Em alta
5,077
7 de maio de 2024
terça-feira, 7 de maio de 2024

Vitória
25ºC

Dólar Em alta
5,077

Canabidiol contra Esclerose Múltipla ainda é tabu

30 de agosto é Dia Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla (EM), a data alerta para a importância do diagnóstico precoce e a desmistificação de que a doença se restringe aos idosos. No Espírito Santo, de acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), 339 pessoas realizam tratamento para a doença por meio de medicamentos  disponibilizados  nas Farmácias Cidadãs Estaduais. Estima-se que em todo o país, cerca de 40 mil brasileiros sejam portadores da EM.

Enfermidade crônica e autoimune, a esclerose é causada por mecanismos inflamatórios e degenerativos que comprometem o sistema nervoso central, podendo causar perda da visão, dores, fadiga e o comprometimento da coordenação motora.

O neurologista Alexandre Marreco explica que a doença é multifatorial, isto é, pode estar associada a diferentes causas, como a predisposição genética e fatores ambientais, tais como infecções virais, baixa exposição solar, carência de vitamina D ou até depressão e ansiedade.

“É comum o paciente passar anos investigando seus sintomas com outros especialistas e isso pode atrasar o tratamento. Estudos apontam que quanto mais precoce for o diagnóstico, menor será o déficit do paciente”, explica o médico ao afirmar que a capacidade e a autonomia do paciente podem ser sustentadas diante de uma ágil identificação da doença.

Sintomas de início súbito podem acender o alerta, como problemas na visão, fraqueza e sensibilidade dos membros, como em alguns casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC). “O que nos ajuda a diferenciar a esclerose de outra doença, como o AVC, é a população. Em vez de o portador ser aquele senhor mais velho, com problemas de pressão arterial ou diabetes, é a mulher jovem, sem outras doenças, que começa a apresentar esses sintomas”, detalha Marreco sobre a frequência da EM em jovens com idade de 20 a 40 anos, especialmente do sexo feminino.

Canabidiol contra Esclerose Múltipla ainda é tabu
Foto: Reprodução/Web

Tratamento

O neurologista Bruno Batitucci Castrillo cita que os medicamentos para tratar a doença incluem opções orais ou injetáveis (subcutânea ou endovenosa), com objetivo tanto de tratar o aparecimento de surtos quanto de evitá-los. “O surto é um sintoma neurológico de instalação aguda. Se um paciente relata perda visual proveniente de uma inflamação do nervo óptico, por exemplo, conseguimos recuperar o paciente do surto fazendo uso de corticoides”, destaca.

Já para evitar novos surtos, Castrillo aponta a utilização de outros medicamentos, como imunossupressores e imunomoduladores. “A escolha da medicação é compartilhada entre médico e paciente, levando em consideração a gravidade do quadro clínico”, afirma. O médico acrescenta que o tratamento medicamentoso pode ser aliado à prática de atividades físicas, melhora na qualidade do sono e à fisioterapia.

Procura por CBD cresce

Entre as opções de medicamentos, a procura por aqueles à base de canabidiol vem crescendo. Também conhecido pela sigla CBD, ele é extraído em forma de óleo a partir da planta cannabis (Cannabis sativa) e pode auxiliar no tratamento dos sintomas, como a fadiga e a espasticidade (rigidez e dormência dos membros). Castrillo salienta que o canabidiol não substitui o tratamento para a doença, mas sim atua de forma complementar ao tratar os sintomas.

A legalização do cultivo da planta para fins medicinais está prevista no Projeto de Lei 399/15. Atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados, a proposta pode beneficiar aqueles que encontraram na cannabis medicinal uma alternativa ao sofrimento causado pela doença. “O uso do canabidiol ainda é um tabu a ser superado. Para algumas condições, como a epilepsia na Síndrome de Dravet, ele é uma medicação precisa”, pontua.

Alexandre Marreco compartilha da mesma opinião médica. “O preconceito ainda é forte e existem questões políticas e ideológicas que atrasam o avanço dessa opção”, opina. Ele é otimista com a utilização do medicamento. “Existem várias evidências científicas na literatura que mostram que os pacientes respondem bem ao canabidiol. Os estudos são recentes, mas acredito que é uma tendência a inclusão no tratamento padronizado”, declara.

No Brasil, apesar da existência de produção nacional, a oferta ainda é pouco expressiva. Por isso, o canabidiol costuma ser importado, fator que o torna mais caro. Alguns pacientes, portanto, solicitam na Justiça o direito ao uso do medicamento. De acordo com a pasta estadual de Saúde, no Espírito Santo, cinco medicamentos utilizados nesse processo são adquiridos de forma judicializada, com um custo aproximado de R$ 30 mil.

Atenção aos mitos

O perfil dos portadores da doença pode confundir pacientes e familiares, mas engana-se quem pensa que a esclerose múltipla é uma enfermidade exclusiva de pessoas idosas. “Os pacientes geralmente são jovens. Quando eles recebem o diagnóstico, às vezes não conseguem entender como uma pessoa jovem pode ter a doença”, relata Marreco.

O médico também cita outro mito: o de que as portadoras da doença não podem engravidar. “Desde que haja planejamento com o médico, elas podem, sim, engravidar”, afirma.

Castrillo concorda e atribui o mito à desinformação. Ele acrescenta que a gestação, inclusive, é um fator protetor para a esclerose múltipla. “Geralmente, as pacientes gestantes têm menor ocorrência de surtos durante a gestação”, pontua.

Você por dentro

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

Escolha onde deseja receber nossas notícias em primeira mão e fique por dentro de tudo que está acontecendo!

Comentários

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Mais Lidas

Notícias Relacionadas