A Câmara Municipal de Santa Teresa está avaliando junto com a população a importância do tombamento do Sítio Histórico do município. Entretanto, a medida não agradou comerciantes da região.
A audiência pública sobre o caso acontece nesta quinta-feira (29). O evento contará com a participação do técnico em patrimônio da secretaria de Estado da Cultura (Secult) Rodrigo Zotelli Queiroz, e de representantes da região.
Os comerciantes da região protocolaram um abaixo-assinado com cerca de 500 assinaturas contrárias ao processo, visto que qualquer modificação nos imóveis deverá passar, com a mudança, pela avaliação estatal.
O representante da Associação de Moradores do centro de Santa Teresa, Sandro Pazolini, é a favor da medida e acredita que o tombamento não será negado. “Isso não deveria ser um assunto polêmico, afinal, o tombamento do patrimônio histórico do município só tem a beneficiar uma das cidades que foi a primeira a receber imigrantes”, afirmou.
O processo de tombamento, iniciado em 2013 pela professora Laurany Márcia Matiello Redins, moradora da cidade, incluía 32 imóveis isolados em área urbana e rural.
Em 2015, uma comissão técnica composta por historiadores, arqueólogos, e representantes da Secult e do Conselho Estadual de Cultura (CEC), foi criada para analisar a proposta.
Em março deste ano, o CEC aprovou o tombamento provisório. No começo de julho, uma reunião pública na Câmara Municipal aconteceu para esclarecer melhor como funciona o processo.
Segundo a arquiteta da Secult e doutora em Patrimônio, Eliane Lordello, o tombamento é um mérito e reconhecimento. “Isso garante a identidade e a força do local, além de ser algo eminentemente afetivo”, disse.
O tombamento é um ato administrativo que objetiva preservar – com aplicação da lei – bens de valor histórico, cultural, arquitetônico e ambiental para a população, impedindo que venham a ser destruídos ou descaracterizados.
Por meio de nota, os membros do Comitê dos Italianos no Exterior – Rio de Janeiro/Espírito Santo (Com.it.ES,) manifestou apoio ao tombamento do sítio histórico da sede de Santa Teresa, que é a primeira cidade fundada por italianos no Brasil. “Destacamos a importância do tombamento, fruto da luta de moradores do município por muitas décadas. Precisamos preservar esse importantíssimo patrimônio arquitetônico da cultura de imigração italiana no Estado, impedindo assim a sua descaracterização, ou mesmo a demolição de imóveis centenários”.
O Comitê solicita ao município alternativas de apoio aos moradores. “Solicitamos a ofertada, pelos órgãos competentes, de alternativas de apoio aos moradores e comerciantes que serão diretamente contemplados pelo tombamento, para que
os mesmos possam continuar com suas atividades e ao mesmo tempo possam contribuir para a preservação desse importante sítio histórico”.
Também em nota, a Prefeitura de Santa Teresa esclareceu que a audiência pública é convocada pelo Legislativo, e não pelo município. “A prefeitura não vai se manifestar sobre esse assunto”, informou.