O Tribunal de Justiça do Estado (TJES) negou o Recurso Especial movido pela defesa do pastor Georgeval Alves, que o impediria de ir a júri popular pelas mortes do filho, Joaquim Alves, de 3 anos, e do enteado Kauã Sales Butkovsky, de 6. A decisão foi publicada na tarde dessa terça-feira (26).
Caso fosse aprovado o Recurso Especial, o processo seria enviado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). Apesar da não admissão, a defesa de Georgeval ainda pode manejar um “Agravo em Recurso Especial”, que poderia contornar a decisão e submeter o processo ao julgamento do STJ.
Já a família de Kauã, por meio de advogados, tenta, junto à Primeira Câmara Criminal, que o processo tramite da forma mais rápida possível. Logo, a expectativa é de que o autos do processo voltem ainda em 2022 para Linhares, a fim de que seja instalado o Tribunal Popular do Júri, após quatro anos de espera pelo julgamento das mortes de Kauã e Joaquim.
Relembre o caso
Na última quinta-feira (21), a morte das duas crianças, que chocou todo o Espírito Santo, completou quatro anos. Os corpos dos irmãos Joaquim Alves Salles, de 3 anos, e Kauã Salles Butkovsky, de 6, foram encontrados carbonizados, dentro de um quarto da residência onde eles moravam. A mãe deles, Juliana Salles, estava em viagem fora do Estado.
Na versão inicial dada por Georgeval, ele diz que acordou com o choro dos dois meninos pela babá eletrônica e percebeu que o quarto em que as crianças dormiam estava em chamas. Ele disse que foi até o cômodo e tentou salvá-las, mas acabou queimando os pés e sendo empurrado para fora pela força do fogo.
No entanto, as informações dadas pelo acusado à polícia, de acordo com as investigações, não condiziam com a situação física real, já que as lesões pelo fogo do incêndio causaram apenas machucados simples nas mãos dele, o que o levou a ser investigado. A prisão de Georgeval aconteceu no dia 28 de abril de 2018.
A conclusão do inquérito foi apresentada pela Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), na manhã do dia 23 de maio do mesmo ano, em Vitória. Durante a perícia foi identificado que o cenário era incompatível com um incêndio acidental e que a cena do crime mostrou que Georgeval, inicialmente, molestou as duas crianças e em seguida as agrediu e ateou fogo nas vítimas, com o propósito de ocultar os estupros.
Na ocasião, a polícia descartou a possível participação da mãe das crianças, Juliana Salles, que chegou a ser presa, mas foi absolvida e não irá a júri popular. Apesar da conduta dela em relação aos filhos ter sido considerada omissa, o juiz entendeu que não havia provas suficientes da participação dela nos crimes.