Há 4 anos eu escrevo sobre o turismo capixaba, e comecei motivado justamente por uma das principais falhas que temos: a pouca divulgação de qualidade.
Acompanhava em vários perfis de Instagram uma das mais belas atrações do Estado, o Hidrolândia Parque, e chamei a namorada irmos conhecer. Só tinha um problema: como chegar lá?
Um lugar popular e nenhuma instrução de como chegar, muito menos com direções no Google Maps. Resolvi eu mesmo preencher essa lacuna e criei o blog Destinões, o que me motivou a conhecer e divulgar muitas atrações do Espírito Santo. Como um beija-flor tentando apagar um incêndio na floresta, comecei ali a agir para preencher uma lacuna no emaranhado de dores que afligem turistas, empresários e governos aqui no estado.
Percebi então que as falhas de divulgação não eram mantidas sozinhas. Elas estavam sendo retroalimentada pelo mau treinamento no atendimento aos clientes, pela falta de visão e de aperfeiçoamento dos empresários, pela má gestão das verbas e dos incentivos dos governantes e, impressionantemente e infelizmente, pelo complexo de vira latas que muitos moradores daqui têm com nosso estado, respondendo com críticas e visões pessimistas a cada divulgação de potenciais turísticos. É um clássico ciclo vicioso, que traz todo mundo para baixo.
Por isso, quero propor um acordo. Eu concordo que existem problemas logísticos e receptivos, mas precisamos quebrar esse ciclo. Sim, a infraestrutura na Ilha das Caieiras é falha; beleza, o atendente na loja do shopping faz parecer que estamos fazendo um favor a ele; concordo, parece que só existe o Convento da Penha para se conhecer no estado; ok, não somos muito receptivos com quem vem de fora.
Críticas não faltam, não importa para quem você aponte o dedo. E junto com as críticas vem aquela vontade de achar um culpado, um alguém que simplifique a nossa percepção de que a solução tá fácil: basta condenar/punir/malhar o governo/turista/morador/empresário que conseguiremos melhorar. Mas o problema é que a culpa não nos leva a nenhum lugar – a culpa paraliza. O que nos faz andar é assumirmos responsabilidades.
O acordo que quero fazer com você é justamente isso: assumirmos responsabilidades, a fim de valorizar o potencial turístico do Espírito Santo – apesar dos problemas – para então sairmos desse ciclo vicioso.
Aos moradores locais, caberia a responsabilidade de conhecer mais os nossos destinos. De procurar e divulgar pelas redes sociais nossas atrações, de chamar amigos e parentes de outro estado para passarem as próximas férias aqui no estado – e de passarmos aqui também as nossas próprias férias.
Aos empresários, proponho a responsabilidade de se capacitar para melhor atender, de buscar lá fora casos de sucesso para implantar aqui dentro. De valorizar seus próprios produtos e de criar experiências para agregar mais sentimento e carinho dos turistas com a sua marca.
Aos governos, estadual e municipais, a responsabilidade pela infraestrutura para conseguirmos chegar com tranquilidade em todos os cantos do estado. Pela divulgação institucional e midiática do Espírito Santo como um produto turístico para o resto do Brasil. E pela eficiência e segurança em apoiar os empresários em suas propostas de investimento.
E a responsabilidade dos turistas de fora? Bem, aí é a lei do mercado. Plante que eles virão. Divulgue que eles virão. Cuide, capacite-se, valorize as atrações turísticas do ES que eles virão. Quem quer conhecer um lugar onde nem os próprios moradores elogiam? Onde não são bem recebidos? Onde burocratas trabalham para se divulgar, enquanto o buraco na estrada só aumenta a cada chuva?
Reforço o acordo proposto: encontre-se nesse ciclo, pare de achar culpados, baixe o dedo e assuma sua responsabilidade no fortalecimento do turismo capixaba.
Quer um mundo melhor? Seja uma pessoa melhor. Quer que o turismo se desenvolva no Espírito Santo? Não espere a ação do outro – divulgue, invista, valorize você mesmo o turismo capixaba.