O Espírito Santo vai (aliás, sempre foi) mal de rodovias. Sucessivamente ocorrem desastres graves, com inúmeras vítimas, numa sucessão de fatos que envergonham e, todo mundo se pergunta: “Até quando?”.
Domingo último, dia 10, 11 pessoas, a maioria composta de jovens integrantes de um conjunto folclórico de música alemã, de Domingos Martins, cheios de vida e de ideias para o futuro, perderam a vida de forma estúpida, num desastre (como muitos) que poderia ser perfeitamente evitado, se nossas rodovias fossem seguras.
Da fronteira do Espírito Santo com o Rio de Janeiro as rodovias, como a BR-101 (Federal) tiveram seus traçados desenhados pelo Governo Jerônimo Monteiro, um desbravador, assentando as estradas vicinais, percorrendo a borda dos talvegues, à falta de equipamentos mecânicos que permitissem apressar o progresso. Raros trechos da BR-101 que cortam a região até Cachoeiro de Itapemirim, foram retificados, nessa luta de 100 anos do Espírito Santo por desenvolvimento, por ligações decente com as áreas mais desenvolvidas do país.
O lamentável desastre que matou os 11 jovens de Domingos Martins é fruto da negligência administrativa, da incompetência para exigir, esgoelar-se pelo abandono sistemático que somos submetidos, pela pressão de estado vizinhos que impedem nosso desenvolvimento. As rodovias federais no Espírito Santo se constituem numa vergonha nacional. Rouba-se impiedosamente nesta nação, mas não se modernizam modestos 300 quilômetros de rodovias vitais ao crescimento do Espírito Santo.
A maior culpa, das sucessivas tragédias, resulta na precariedade das rodovias, da sinuosidade de suas curvas que impedem os veículos desenvolverem maior velocidade. Quem quiser enfrentar um suplício numa rodovia federal que corta o Estado tenta subir ou descer a serra de Domingos Martins. Como um Estado, uma região pode se desenvolver, onde, para “suavizar” mais a indolência, estabelecem redutores eletrônicos que impõem até limite de 40 quilômetros de velocidade máxima? Temos futuro?
Credite-se à imperícia dos condutores dos veículos ou ao excesso de velocidade os desastres, mas a culpa maior cabe à irresponsabilidade dos nossos dirigentes que permitem esse vergonhoso atraso, com rodovias de quinta classe, cheias de buraco, pela fragilidade da cobertura asfáltica, que não resiste às primeiras chuvas, depois do recapeamento, pela péssima qualidade do serviço elaborado.
É lastimável que pessoas com tantas aspirações futuras percam suas vidas diante da irresponsabilidade daqueles que são incapazes de administrar e até mesmo de exigir melhoramentos, por pura incompetência.