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Bernardo revelou ao pai que iria se mudar com a mãe antes de ser assassinado

A morte do menino Bernardo Souza Nascimento, de 6 anos, segue sendo investigada pela Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), com novos detalhes revelados pela perícia e depoimentos das autoridades envolvidas no caso. O crime, ocorrido no dia 30 de janeiro, resultou em uma investigação intensa que levou à prisão de Fernando Nelson Neves Nascimento, o pai da criança, no dia 1º de fevereiro em Goiabeiras, Vitória.

O delegado adjunto da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Adriano Fernandes, relatou que, durante o depoimento, Fernando confessou ter matado seu filho. De acordo com ele, após dar um sedativo a Bernardo, o menino adormeceu e, então, ele o asfixiou.

Fernandes explicou que o motivo do crime estaria relacionado a desentendimentos com a ex-companheira, com quem ele tinha um histórico de violência psicológica e ameaças. Em dezembro de 2024, a mulher havia registrado um boletim de ocorrência contra Fernando, mencionando ameaças contra os filhos e buscando uma medida protetiva.

O delegado destacou que Fernando demonstrava um comportamento possessivo em relação à ex-companheira e que a separação parecia ter agravado seu estado emocional. Segundo o depoimento de Fernando, o motivo imediato para o crime ocorreu quando Bernardo revelou que a mãe e as crianças estavam planejando se mudar. Esse foi o momento que, aparentemente, levou Fernando a cometer o assassinato de forma premeditada.

Perícia revela indícios de envenenamento ou asfixia

A médica-legista Jeane Pissarra Teixeira Monteiro, da Polícia Científica do Espírito Santo (PCIES), detalhou os resultados do exame necroscópico de Bernardo, realizado no dia 21 de janeiro. Segundo a especialista, o menino não apresentava lesões externas de agressão, mas foi identificado um “polvo melo de espuma”, característico de afogamento ou envenenamento por certos agentes. Além disso, o exame interno revelou grande quantidade de líquido nos pulmões e no espaço pericárdico, sinais que podem ser indicativos de hipóxia – uma falha na oxigenação do corpo.

A perícia ainda não conseguiu determinar a causa exata da morte, aguardando resultados de exames toxicológicos. O material coletado, incluindo o conteúdo do estômago de Bernardo e amostras de sangue, está sendo analisado para verificar a presença de substâncias tóxicas. A hipótese de asfixia também é investigada, já que o corpo do menino não apresentava marcas externas de violência, o que poderia indicar que ele foi sedado antes de ser asfixiado.

O contexto da violência doméstica

A investigação revelou um padrão de abuso e perseguição por parte de Fernando, que, após cada término de relacionamento, continuava a seguir a ex-companheira e a ameaçá-la, chegando a persegui-la até no trabalho e na igreja. Em vários momentos, a mulher cedia às promessas de mudança de Fernando, mas em dezembro, quando ele voltou a ameaçar as crianças, ela finalmente registrou a ocorrência.

Além do crime contra o filho, a investigação também analisa um possível agravante, já que Fernando violou a medida protetiva que estava em vigor, o que pode resultar em uma pena ainda mais severa.

Expectativa pela conclusão da investigação

O caso de Bernardo ainda está sob investigação, com as autoridades aguardando os resultados finais dos exames toxicológicos para confirmar se o envenenamento foi a causa da morte ou se a asfixia foi o fator determinante. Fernando está sendo indiciado por homicídio qualificado, com o agravante de ser cometido contra uma criança e com o uso de meio cruel, como a asfixia.

Enquanto isso, o trabalho da polícia continua na tentativa de esclarecer todos os aspectos do caso, inclusive a possível premeditação do assassinato, levando em conta o histórico de ameaças e o comportamento controlador de Fernando. A investigação também analisa a possibilidade de ele responder por outros crimes, como a violação da medida protetiva.

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