A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) pode provocar demissões em 62% das empresas capixabas em 2020.
Essa é uma estimativa da Pesquisa de Opinião Covid-19, realizada, entre os dias 03 e 15 de junho, pela Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo (Findes).
Dessas, 43% já adotaram redução no número de trabalhadores. Em contrapartida, 49% das empresas ainda não demitiram, mas dessas, 19% pretendem adotar a medida de redução.
Ao todo, segundo o diretor-executivo do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies), Marcelo Saintive, a pesquisa atingiu todos os setores industriais associados à Findes, sendo 383 empresas entrevistadas com pelo menos uma de cada município capixaba. O cálculo amostral considerou um nível de confiança de 95% e uma margem de erro de 5 pontos percentuais.
O cenário atual e o atraso em reformas, de acordo com o presidente da Findes, Léo de Castro, estão condenando gerações ao desemprego. Além disso, o quadro de desemprego é caótico e as estimativas falam em 20 milhões de desempregados no Brasil pós-pandemia.
“Já estamos há três anos oscilando em 12 milhões de desempregados. O país está anestesiado, porque é um absurdo o que está acontecendo e o que vai acontecer. Se o Brasil não fizer mudanças e reformas, esquece emprego. É você formar uma geração para não ter onde trabalhar e é uma frustração absoluta condenar o Brasil a isso”, disse.
Cenário
Além disso, a pesquisa aponta que 73% das empresas reduziram o faturamento, o que significa 280 das 383 entrevistadas. Isso, se deve ao baixo índice de produção. Também segundo a pesquisa, 76% das empresas já produziram abaixo do planejado.
Em razão desses fatores, 34% das empresas buscaram crédito em decorrência da pandemia de Covid-19. Dessas, 14% (cerca de 55) conseguiram o crédito e o restante não. Por outro lado, 35% das empresas não buscaram crédito e nem apresentam interesse.
Tudo isso, no entanto, pode piorar ainda mais. De acordo com Saintive, o emprego é a última prática que retoma, e por isso o pós-pandemia deve ter um período longo até a retomada de empregos no mercado de trabalho.
“Temos duas questões não tratadas que são importantes ao mesmo tempo. Além disso, temos a crise social que se avizinha. A taxa de desocupação tende a crescer ainda mais esse ano e o mercado trabalho tende e retomar por último, mas não é necessária para a crise social. Nenhum país resiste”, ponderou o diretor-executivo do Ideies.