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População obesa dobra em dez anos no Espírito Santo

Um estudo científico realizado com dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) apontou um aumento significativo na ocorrência de sobrepeso e obesidade na população capixaba atendida pelo Programa Bolsa Família. A pesquisa “Tendência da prevalência do sobrepeso e obesidade no Espírito Santo: estudo ecológico, 2009-2018”, coordenada pela pós-doutora em Saúde Coletiva pela Ufes, Maria del Carmen Bisi Molina, verificou o crescimento em ambos os sexos e em todas as regiões do Espírito Santo.

Apesar da pesquisa se basear em dados (até questionáveis do ponto de vista científico) e sendo de uma população de classe socioeconômica específica, o que a leitura deles aponta é a mesma tendência de aumento encontrada em outras pesquisas pelo Brasil. Por exemplo, no estudo capixaba foi identificada tendência crescente de sobrepeso e obesidade em adolescentes do sexo feminino de todas as regiões do estado, e em adolescentes do sexo masculino de ao menos três regiões. Tendência semelhante foi observada em estudo com crianças e adolescentes (7 a 14 anos) participantes do Projeto Esporte Brasil (PROESP-Br).

Um outro estudo realizado em 2016 com adultos, nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal, encontrou, para o período de 2006 a 2013, aumento da prevalência de sobrepeso de 7,4%, aumento de prevalência de obesidade de 47,1%. Seus autores também observaram aumento da obesidade em ambos os sexos, em todas as regiões do país e faixas etárias (≥18 anos). Essas informações também corroboram com os dados do estudo capixaba.

Outro estudo divulgado em 2020 indicou uma prevalência de 49,1% de excesso de peso entre adultos (≥18 anos) de Vitória, 50,6% nos homens e 47,8% nas mulheres; e uma prevalência de 17,6% de obesidade entre adultos, sendo a faixa etária de 45 a 54 anos responsável pelo maior percentual, de 24,5%.

“Há muitos fatores que podem ser levados em consideração para justificar esse impacto. Mas é certo que um deles seja a mudança na alimentação por motivos econômicos, ou seja, a escolha por alimentos mais baratos e de menor qualidade nutricional em face da redução do poder aquisitivo das pessoas”, pondera a pós-doutora.

População obesa dobra em dez anos no Espírito Santo
Foto: Getty Images

Sem plano estadual

A mestra e doutoranda em Saúde Coletiva pela Ufes, Carla Moronari de Oliveira Aprelini, coautora do estudo, aponta o inquérito nacional sobre alimentação da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2017 e 2018 já indicava que 20% das calorias consumidas por brasileiros vinham de alimentos ultraprocessados. E alerta que não há um plano estadual voltado especificamente para o excesso de peso da população capixaba. “As iniciativas na Atenção Básica em Saúde se limitam às morbidades ligadas ao sobrepeso e à obesidade, como diabetes e hipertensão, mas não combatem o excesso de peso em si”, frisa.

A nutricionista Rayanne Pimentel pondera que o aumento da ansiedade, da carga de trabalho, do estresse e a falta de tempo e disposição para fazer exercícios físicos regulares também contribuem para esses resultados. “Muitas vezes, para recompensarem-se pelo dia de trabalho pesado, as pessoas escolhem alimentos ricos em açúcares e gorduras que acionam mecanismos do cérebro ligados ao prazer”.

A obesidade no Brasil e no mundo

A obesidade é considerada um problema de saúde global. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a prevalência do excesso de peso triplicou entre 1975 e 2016, atingindo 340 milhões de crianças e adolescentes, e mais de 1,9 bilhão de adultos.

Em 2018, 56% da população das capitais brasileiras apresentaram excesso de peso, e 20%, obesidade; o excesso de peso na população adulta variou de 47% (São Luís, MA) a 61% (Cuiabá, MT). Vitória, capital do Espírito Santo, também apresentou elevada prevalência, cerca de 52% de excesso de peso e 18% de obesidade.

A obesidade está relacionada a diversas doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), tais como hipertensão, diabetes mellitus, câncer e doenças cardiovasculares. Consequentemente, ela impacta de forma negativa na saúde e na expectativa de vida da população. Pesquisas realizadas no Brasil (2015) e nos Estados Unidos (2016) indicam que os custos relacionados à obesidade e doenças associadas são significativos e crescentes, repercutindo diretamente na qualidade dos serviços de saúde prestados.

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