Seja para assinar um documento, mandar mensagens ou ler um livro, a escrita e leitura fazem parte do nosso cotidiano. Com o objetivo de fomentar o aprendizado de internos LGBTQIA+ da Penitenciária de Segurança Média II (PSME II), em Viana, o projeto encabeçado pela escritora Kátia Fialho, “LiteraCURA: palavra que abre caminho” busca promover diversidade e inclusão.
O projeto, que começou na última quinta-feira (21), beneficia 25 internos através de oficinas de leitura, com a obra “Antes que seja tarde para se falar de poesia”, do autor LGBTQIA+ Tom Grito, e oficinas de escrita, além de apoio técnico da psicóloga Brunella Alóquio e a arte terapeuta Luzi Silveira. Ao final do projeto LiteraCURA, um livro será publicado com as produções dos internos, com previsão de lançamento no segundo semestre de 2025.
A coordenadora do projeto, Kátia Fialho, destaca a importância da proposta. “Temos como na literatura, na leitura ou no livro, uma ferramenta importante de produção de sentido na vida destas pessoas como forma de resgatar a identidade delas, a autoestima, identidade e dignidade”, frisou.
Ela ainda destaca possibilidades ligadas ao talento das participantes em comparação com um projeto realizado em um presidio feminino em Cariacica. “Hoje foi meu primeiro contato com essas pessoas, mas pela minha experiência passada, o livro pode auxiliar no descobrimento de novos talentos literários a partir dessas oficinas. É possível encontrar nesse projeto o espaço de acolhimento e fortalecimento de vínculos que são quebrados a partir do momento em que são encarcerados”, contrastou.
O projeto surge em resposta aos desafios enfrentados pela população LGBTQIA+ no sistema prisional, especialmente aqueles relacionados à drogadição e marginalização. A experiência anterior da coordenadora Kátia Fialho com o projeto “Elas por Elas: um lugar de (e que) fala”, realizado no Centro Prisional Feminino de Cariacica e premiado em diferentes editais, reforça a relevância dessa iniciativa. O projeto “LiteraCURA” realizado na penitenciaria de Viana possibilita a remição de pena por meio da leitura, com base na Resolução 391 de 10/05/2021, do Conselho Nacional de Justiça.
O Projeto foi aprovado no EDITAL SEG/SESD Nº 02/2024, sendo uma iniciativa da entidade Humaniza Brasil Desenvolvimento Pessoal e Profissional e tendo coordenação de Kátia Fialho, escritora e produtora cultural.
*Texto de João Otávio Carvalho – com supervisão de Eduardo Alencar
