Duas décadas após uma pesquisa que marcou o debate sobre a vida sexual no Brasil, um novo estudo revela transformações profundas nos hábitos íntimos da população. A principal conclusão é que a internet se tornou protagonista, influenciando a forma como os brasileiros vivem o desejo, buscam prazer e constroem relacionamentos.
Segundo o levantamento, a frequência sexual diminuiu desde 2005: a média passou de duas a três relações por semana para uma ou duas. Em contrapartida, a duração das relações aumentou, chegando a cerca de 15 minutos por encontro — reflexo da maior valorização das preliminares. Apesar disso, antigas queixas persistem. Participantes relataram que muitos homens ainda demonstram pressa e pouca atenção às necessidades das parceiras.
Para a ginecologista e obstetra da Bluzz Saúde, Dra. Anna Bimbato, esse novo ritmo está diretamente ligado à autonomia feminina. “As mulheres estão mais conscientes de seu corpo e do que desejam. Isso faz com que a busca por uma relação mais equilibrada e satisfatória seja cada vez mais comum”, afirma.
Sexo virtual altera expectativas e aumenta inseguranças
O estudo também aponta que o sexo virtual e o acesso a conteúdos on-line redesenharam padrões de comportamento, influenciando a idade de iniciação e aumentando a frustração no sexo presencial. Parte dos entrevistados relatou ansiedade e medo de desempenho, especialmente entre os homens.
Segundo a especialista, essa tensão já é percebida no consultório. “Muitas pessoas chegam com dúvidas, inseguranças e até sintomas físicos ligados à ansiedade de performance. A comparação com o que veem online interfere na construção de relações reais e saudáveis”, explica Dra. Anna.
Infidelidade digital cria novos limites
A pesquisa mostra ainda que a percepção sobre traição também mudou. Para alguns participantes, a infidelidade virtual tem o mesmo peso da presencial. Para outros, curtidas, conversas e interações nas redes sociais criam zonas cinzentas, difíceis de definir dentro das relações.
Mudança de papéis e derrubada de mitos
Outro ponto destacado é que velhos estereótipos perderam força, como a ideia de que homens buscam sexo por prazer e mulheres por afeto. Segundo os especialistas, essa divisão já não se sustenta. O aumento da liberdade e do protagonismo feminino abriu espaço para conversas mais francas e relações mais igualitárias.
A ginecologista avalia que, apesar dos avanços, ainda há desafios importantes. “Houve progresso, mas convivemos com preconceitos e desinformação. Promover educação sexual de qualidade e incentivar o cuidado com a saúde íntima são passos fundamentais para relações mais seguras e felizes”, conclui Dra. Anna.











